cap 10.

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❝I don't think I like me anymore, can someone tell me who I was before?

Thin White Lies

Sábado, vinte e oito de Dezembro de dois mil e dezenove.

Blue se encontrava em seu novo cômodo favorito da casa de Calum: o mini estúdio que descobriu no dia anterior, usando de uma mesa para trabalhar em seu notebook. Sabia que estava de férias, mas sentia a necessidade de finalizar tudo que tinham começado nas últimas semanas.

Uma ação um tanto quanto Calum Hood de sua parte, mas como sabemos, estamos lidando com uma grande troca aqui.

E aquela troca já estava transpassando o físico.

Ambos já haviam se compreendido como uma dupla, como um par, como um dueto perfeito. Já tinham se compreendido como um casal.

Um casal que tem suas próprias falhas, tem seus defeitos internos, que sofre com suas próprias inseguranças e com suas próprias questões, mas que compreendeu junto, exatamente o que eles precisavam: aprender mais um com o outro.

E além disso, descobriram unidos que: qualquer um pode ensinar algo a alguém, independente da forma como se vive.

Ser diferente de Calum não era mais algo que assustava Blue, na verdade, aquilo até tornava as coisas muito mais interessantes, tornava toda a relação muito mais rica, muito mais complexa.

Blue percebeu que ter um pouco de Calum dentro de si poderia lhe favorecer, se sentia bem em ter um pouco mais de autoconfiança.

Não sentia medo de fazer o que queria fazer, de expressar sua arte da forma que mais lhe parecia conveniente, de se sentir mais Blue do que nunca.

E Calum percebeu que poderia viver a vida com mais calma, com mais leveza, poderia se deixar sentir muito mais, que não deveria se privar com medo de o interpretarem errado, se as pessoas não conseguem ver seu verdadeiro eu, o problema não era com ele, mas sim com as pessoas.

Os dois aprenderam a viver muito melhor consigo mesmos, aprenderam a viver de maneiras diferentes, aprenderam que as divergências em suas personalidades e em sua vida faziam com que eles fossem quem eles sempre quiseram ser, mas não só isso:

Elas tornavam toda a convivência muito melhor.

Isso se refletia no trabalho dos dois, a sinergia de ambos para compor e produzir o que eles precisavam produzir era enorme.

E pensando nisso que esse dia se tornou extremamente importante.

Blue aproveitava para organizar as letras que já estavam prontas, logo o álbum estaria pronto e todas suas ideias finalmente sairiam do papel.

A 5 Seconds of Summer escolheu fazer algo diferente com o disco que iriam lançar, CALM seria produzido de uma maneira que nunca tinha sido feita antes, por isso Blue havia sido contratado.

A cada música que escreviam, elaboravam e produziam, gravavam logo depois, para aproveitar a inspiração do momento. Era um movimento ousado, mas os resultados eram definitivamente mais pessoais e intimistas do que qualquer outro.

Aquela forma de produção fazia com que se pudesse ouvir todo o sentimento e força que as letras tinham, como se tudo fosse 90% mais intenso e significativo do que foi nos outros álbuns, como se na voz, nos instrumentos e na performance, pudesse se ouvir toda emoção e força que a banda tinha.

E de emoção, Blue entendia.

A lista de músicas prontas parecia muito mais complexa do que a própria banda imaginou que seria, as letras fluíam entre visitar mais uma vez seu próprio passado e até analisar a própria evolução dos mesmos, entre outras que elaboravam suas dores, suas paixões, seus sentimentos, seus vícios...

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