A rotina continuou a mesma, mas James relatou que o clima entre o time de futebol começava a ficar insustentável. O treinador havia sido forçado a suspender três jogadores, amigos de Mattheus, naquela semana e o resto do time estava preocupado porque eles teriam um jogo naquele fim de semana. O motivo da suspensão havia sido o excesso de força que os rapazes vinham usando durante os treinos contra meu melhor amigo que, no início da semana, havia se machucado levemente. O problema era que ele poderia ter se machucado muito seriamente e isso foi o ponto que levou à suspensão dos rapazes. O bom foi que os treinos se tornaram mais tranquilos, o ruim é que três dos principais defensores do time não iriam jogar o jogo daquele final de semana e isso era preocupante já que era um jogo importante naquele começo de campeonato.
Ainda que a escola num todo estivesse receosa com o resultado, o público na arquibancada para torcer naquela noite era grande, incluindo a mim, Jill, Lillian, Carlos, Frederick, Georgia, Louis. Achamos um bom lugar para nos sentarmos todos juntos numa das primeiras fileiras, mas num canto com um pouco menos de pessoas, próximos a linha de fundo do campo. Apesar de não entenderem nada e nem gostarem de futebol americano, Georgia e Louis decidiram que valia a pena ir apenas para torcer por um (talvez) amigo.
A relação do grupo com James ainda era confusa. Sempre deixava claro que o jogador era meu melhor amigo e quando estavam juntos era sempre ele que estava mais próximo de mim. Frederick até comentou que nós dois eram mais irmãos do que amigos e essa proximidade acabava fazendo com que os outros não se sentissem tão receosos com a presença de James nas rodas, ainda que se sentissem estranhos ao terem um dos atletas participando de suas conversas. Com Jill, poderia se dizer que James estava já mais um pouco aberto, mas ainda se mantinha com um pé atrás, eu imaginava se dever a própria insegurança do meu amigo em se mostrar de mais e as pessoas perceberem o que ele ainda tentava manter escondido. Carlos e Lillian parecia que tiveram também uma aceitação de James, principalmente por conta dos episódios relacionados com Mattheus, mas também era uma relação um tanto distante. Mesmo assim estávamos todos nós ali para assistir meu melhor amigo jogar.
O time entrou claramente tenso, dava pra notar na postura de cada um deles por baixo das proteções e dos uniformes. Logo de início James e o treinador começaram a motivá-los e com alguns minutos de conversa antes do primeiro período começar os jogadores pareciam um pouco mais confiantes. Entretanto, o jogo não foi fácil. Com a defesa desfalcada eles tiveram muita dificuldade em segurar o ataque da escola adversária, mas James e o Center da equipe trabalharam bem juntos pra organizar as ações de ataque o que impediu que eles ficassem muito atrás no placar durante o tempo de jogo.
Para a nossa sorte o último lance seria um ataque do nosso time. Do meu lado Jill, Lillian e Frederick pareciam ser os únicos que estavam realmente entendendo a importância desse último lance, mas Georgia, Louis e Carlos estavam tão tensos quanto nós. Tínhamos que avançar quase o campo todo se quiséssemos pontuar o suficiente para vencer. Como a formação estava na ponta oposta do campo nós vimos de longe James reunir o time numa roda para passar a estratégia. Como quarterback e capitão do time meu amigo tinha que usar a estratégia perfeita ao mesmo tempo em que motivava todo o time para que realizassem suas tarefas de forma perfeita.
Quando eles organizaram a linha eu já estava quase roendo as unhas, mas Jill tentou me tranquilizar, o que não funcionou muito. Então vimos eles se abaixarem e James gritar as ordens da jogada, então começou. Meu amigo recebeu a bola do Center e as linhas se chocaram disputando os espaços enquanto os defensores tentavam alcançar James. Um passou pela linha e se jogou contra James, mas ele conseguiu fazer um giro e se livrar do marcador. Meu amigo fingiu um arremesso e a defesa se deslocou na direção do running que estava correndo pela direita. Quando a defesa se abriu James correu pelo meio se livrando dos defensores que perceberam o movimento e tentaram voltar a posição.
Todos nós ficamos de pé quando ele começou a avançar pelo meio do campo e os defensores voltaram para ir atrás dele. Toda a arquibancada em silêncio enquanto os jogadores corriam pelo campo até que, quase na metade dele, dois marcadores começaram a se aproximar um de cada lado de James. A torcida começou a gritar desesperada incentivando-o a continuar a correr até que os marcadores se jogaram conta James. No último instante meu amigo se jogou para frente lançando a bola para outro dos jogadores que estava quase na nossa frente pelo lado esquerdo do campo. Ao mesmo tempo em que meu amigo caiu embaixo dos dois marcadores o outro recebeu a bola a três passos do fundo do campo marcando o touchdown.
Ninguém acreditou que havíamos ganhado, mas todos fizeram festa pelo ponto. Ficamos conversando na arquibancada enquanto esperávamos James voltar dos vestiários. Diferente das sextas normais de jogo meu amigo não estava a fim de ir para a festa que sempre acontecia quando vencíamos. Como nenhum de nós pretendia ir a tal festa, só esperamos mesmo que ele chegasse para o parabenizássemos e então pudéssemos ir pra casa. Assim que ele chegou e nós o cumprimentamos seguimos todos para o estacionamento. Georgia e Frederick estavam de carona com Louis e foram os primeiros a saírem. Jill iria em seguida com sua moto. A maioria dos carros não estavam mais lá, haviam apenas alguns carros de jogadores que ainda não haviam saído dos vestiários. James me puxou para um canto enquanto Jill estava se despedindo de Lillian e Carlos.
— Podemos trocar de carro hoje? – ele me pediu com um meio sorriso e parecendo ansioso.
— Porque quer trocar de carro? – perguntei confuso, odiava que outra pessoa dirigisse meu carro, mas era meu melhor amigo, deveria ter um bom motivo para isso – O que você pretende aprontar James?
Ele olhou para trás de mim, observando que nossos amigos estavam distraídos e não poderiam nos ouvir, então chegou um pouco mais perto de mim para falar sussurrando.
— Eu meio que tenho um encontro – ele me contou e eu apenas ergui uma sobrancelha confuso – Não quero usar meu carro porque não sei pra não ficar na cara ele saiu comigo.
— Você tem um encontro com um dos jogadores do time!? – perguntei indignado e surpreso, mas ainda sussurrando para que ninguém nos ouvisse e vi meu amigo sorrir convencido.
— Não do nosso time – ele completou piscando pra mim e sorrindo convencido.
Minha vontade era de gargalhar, mas me segurei. Obviamente James não queria que vissem seu carro sair com um dos jogadores adversários e menos ainda que algum conhecido visse os dois andando por aí e o reconhecesse pela sua Mercedes. Não argumentei tirei a chave do bolso. Trocamos as chaves e eu voltamos para perto dos outros nos despedindo de todos. Lillian e Carlos nos olharam confusos quando os chamei para a Mercedes, já que eu os levaria pra casa, mas também não comentaram nada. Jill foi embora e nós entramos no carro de James enquanto ele abria o porta-malas do meu carro para guardar sua bolsa e dar tempo para que nós saíssemos do estacionamento praticamente vazio.
Lillian, Carlos e eu saímos em seguida, os vidros fechados e a luz interior desligada. Eu fui desviando das perguntas sobre a troca de carros e rindo o caminho todo enquanto tentava fazer com que eles aceitassem que James tinha assuntos dele pra tratar. Passamos pela saída do estacionamento rindo, estava tudo deserto, exceto por um audi parado a alguns metros do portão. Naquela hora o carro me pareceu familiar, mas estava distraído e não dei atenção, apenas fui embora. Se tivesse prestado um pouco de atenção teria percebido que era o carro de um dos amigos de Mattheus e que estar parado ali era muito estranho. Mas só me dei conta disso depois.
N/A: Sem mutias notas, eu vou só deixar o suspense =P
Até mês que vêm gente ;]
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Who you are
RomanceO tempo passa e as crianças crescem. Alex e Erika continuam juntas, formaram sua vida e família junto do pequeno Arthur, que já não é mais assim tão pequeno quanto Alex gostaria. Ele foi criado desde bebê por duas mães, um "ambiente" não considera...