Estávamos de volta ao escritório de Erika. Minha mãe havia mandado James buscar algumas bebidas e nos sentamos nos pequenos sofás próximos a porta. Eu, minha mãe e Lillian no sofá enquanto que Carlos e James se acomodaram no chão próximos a nós. Ainda comentavam as lutas que haviam feito, principalmente a de Carlos. Ele comentava animado como era impossível acertar minha mãe quando ela se pronunciou pela primeira vez desde que nos havia dito para descansarmos.
- Apesar de não ter me acertado nem uma vez você tem uma movimentação muito boa, Carlos – fala ela com um sorriso olhando meu amigo que estava sentado no chão ao meu lado, numa das extremidades do sofá – Já pensou em treinar?
- Eu realmente adoraria ter a chance de treinar – ele respondeu com um sorriso triste olhando para a garrafa de isotônico que tinha nas mãos – Mas não existe nenhuma academia no meu bairro e eu não teria como pagar a mensalidade de uma academia focada no UFC como a da senhora. Me contento em aprender o que posso assistindo as lutas algumas centenas de vezes – ele comentou rindo baixo.
- Carlos – minha mãe falou em tom sério chamando a atenção dele que a encarou confuso e curioso – Só pela pequena brincadeira que fizemos agora a pouco eu já posso afirmar que você tem potencial. Com um pouco de treino acredito realmente que você possa se mostrar um grande talento.
- Eu..Nossa...Muito obrigado – respondeu ele desconcertado com o elogio.
- Porque não começa a treinar? – ela perguntou, insistindo no assunto e ele deu de ombros falando apenas que não tinha condições de praticar algo que tinha um custo tão alto com equipamento e treinos – E se eu te dissesse que não cobraria nada para te treinar? – Erika perguntou assim que ele tinha concluído suas razões, vi os olhos dos dois irmãos se arregalarem ao mesmo tempo enquanto ambos encaravam minha mãe.
A grande questão continuou sendo o fato dele não ter como pagar nem como vir de casa para a academia. Me ofereci para trazê-lo após as aulas, não teria problema nenhum e eu poderia ver minha mãe mais vezes. Continuamos na questão de que ele não poderia pagar e que não achava justo eu levá-lo. Carlos e Lillian ainda disseram que ele não poderia aceitar algo do tipo sem conversar com os pais e ela ressaltou um ponto de que era possível que os pais deles não aprovassem. Minha mãe pensou por alguns instantes e então pareceu tomar uma decisão. Encarou meu amigo de forma séria e se inclinou para frente apoiando os cotovelos nos joelhos.
- Eu tenho uma proposta, mas antes preciso saber uma coisa – ela começou num tom muito sério – Antes de tudo, você tem noção do quão difícil é ser um lutador? Treinar para isso de forma a assumir essa como sua carreira e profissão? – ela perguntou ao que Carlos meneou a cabeça de um lado a outro respondendo que já havia pensado no quanto esse tipo de carreira era desgastante dizendo também que por gostar muito de lutas também já havia visto um pouco do que era o treinamento de um lutador; quando ele terminou minha mãe continuou – Imagine que você pode escolher, que pode decidir sozinho o que fazer e que tem recursos suficientes para isso. Teria vontade de se dedicar e se comprometer com um treinamento desses? Deixaria de lado toda sua vida pessoal, divertimento, tempo livre, tudo isso para se dedicar aos treinamentos?
Carlos afastou as coisas que estava comendo de si e baixou a cabeça pensando. Era notável que ele estava considerando ou realmente tentando visualizar a situação. Todos esperamos pacientemente enquanto ele pensava a respeito, Lillian parecia também estar considerando todo o cenário.
- Eu não sei bem – Carlos começou ainda sem encarar a nenhum de nós – Eu acho que sim, é algo que eu sempre pensei em fazer, mas sempre desisti por não achar que seria capaz, mas...Se eu tivesse a chance, eu tentaria – ele falou erguendo o rosto e encarando minha mãe – Eu acredito que por mais difícil que fosse, se eu fosse fazer algo assim, me dedicaria incondicionalmente. Se me dispusesse a isso eu iria me dedicar.
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Who you are
RomanceO tempo passa e as crianças crescem. Alex e Erika continuam juntas, formaram sua vida e família junto do pequeno Arthur, que já não é mais assim tão pequeno quanto Alex gostaria. Ele foi criado desde bebê por duas mães, um "ambiente" não considera...