Planos para um futuro próximo

87 12 0
                                    

Era quarta-feira. Como eu havia previsto minhas mães só chegaram em casa ontem tarde da noite. Assim que chegaram foram ao meu quarto, conversamos alguns minutos, elas me abraçaram muito e então fomos dormir. Ao menos eu fui dormir. Pela manhã nenhuma das duas desceu e eu não as incomodei, fiz minha corrida na esteira, tomei meu café e saí para a escola.

No final do período de história e durante o intervalo eu e Jill conversamos e eu contei sobre as duas estarem de volta. Falei que ela poderia visitar para conhece-las qualquer dia que ela pudesse. Ela me disse que tentaria uma folga o mais rápido possível e que se não conseguisse talvez pudesse nos fazer uma visita no domingo. Pude notar que ela ainda parecia retraída enquanto conversava comigo. Antes do almoço acabar vi alguém acenar para ela e Jill respondeu erguendo a mão e sorrindo. Reconheci o grupo que parecia chamar por ela. Eram alguns dos que o resto da escola chamava de "esquisitos" apenas por terem um estilo diferente. Eu os achava interessantes, sempre via como muitos deles eram incrivelmente inteligentes.

Ela se despediu de mim e se juntou a eles, assim que ela parou uma garota passou o braço pela cintura dela, por baixo da jaqueta de Jill. A menina tinha o cabelo castanho escuro na altura dos ombros e usava um all star preto, jeans brancos e uma camisa de flanela xadrez. Jill deixou o braço sobre os ombros dela e ambas se integraram a uma conversa do grupo rindo e interagindo com todos. Talvez James esteja mesmo certo sobre a sexualidade de Jill, mas isso não era assunto meu e nem dele. Elas poderiam apenas ter se tornado grandes amigas, não cabia nem a mim nem a ninguém especular.

Segui pra casa. Os carros de ambas estavam na garagem então fui entrando pela cozinha e avisando que cheguei, mas não tive resposta de nenhuma delas. Presumi que estavam no quarto e ri sozinho. Deixei as chaves em cima da mesa e subi as escadas em silencio para não atrapalhá-las. No ultimo degrau ouço risos e, quando me viro vejo a porta no final do corredor aberta.

- Ok – ouvi Erika falar parecendo que estava segurando o riso – Talvez você tenha razão e eu deva mesmo me aposentar dos octógonos – ela completou e eu podia sentir o sorriso dela na forma com que falava.

- Daí poderíamos finalmente tentar a inseminação – disse Alex parecendo sonhadora – Não tem como tentarmos com ambas tendo a rotina que temos.

Não pretendia ouvir escondido, mas o assunto me deixou muito curioso e decidi me aproximar ao invés de seguir para meu quarto. Podia ver a porta no fim do corredor bem aberta e sempre foi um acordo entre nós que, quando a porta estiver aberta, eu sempre posso me aproximar do quarto.

- Só não entendo porque que tem de ser eu a engravidar – falou Erika e eu finalmente entendi sobre o que elas falavam.

- Porque eu quero mais um par de olhos azuis dentro dessa casa – pude ouvir Alex dizer e logo depois cheguei na porta do quarto.

Elas estavam deitadas na cama, Erika com as costas apoiadas em vários travesseiros usando uma camisa de basquete larga e Alex sobre as pernas dela se inclinando para cima. Elas estavam se encarando com devoção e eu não pude deixar de sorrir ao ver como o amor delas permanecia firme depois de tantos anos. Percebi que elas não haviam me notado por estarem distraídas se olhando e resolvi me pronunciar.

- Então, querem dizer que eu vou ganhar um irmão? – perguntei com os braços cruzados me encostando na porta aberta.

- Arthur? – elas me notaram ao mesmo tempo, mas foi Erika quem falou – Não é bem isso. Querido não entenda errado por favor – ela pediu e eu vi como a expressão das duas se tornou culpada.

- Isso – falou Alex se sentando na cama e me encarando também – Estávamos apenas cogitando a possibilidade, não é nada sério nem decidido. Foi apenas uma possibilidade que nos surgiu.

Who you areOnde histórias criam vida. Descubra agora