Capítulo 1

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- Abaixe sua arma - o homem disse. - Você não quer fazer isso.

Lilith soltou um ruído sarcástico e odioso do fundo da garganta, mais parecido com um rosnado na orelha do Grão-Senhor, esse som retumbou por toda sua mente fazendo seus ossos estremecerem.

Amren era considerada uma besta enjaulada, uma mulher com um poder grande e antigo andando por suas veias.

Mas Lilith... Ela era a filha de dois deuses, mesmo que ainda não coroada por graça e direito uma deles nos céus olímpicos dourados, ela era poder, se Amren podia destruir nações. Lilith poderia destruir o mundo.

- Você não sabe o que eu quero. - Ela grunhiu, chutando os joelhos de Rhysand.

Ele cambaleou para frente, curvando o joelho voltando a ficar de pé, ainda vacilante, mas nada iria demonstrar isso, mesmo que Lilith conseguisse farejar seu medo de longe.

Rhysand ofegou assim que levantou a cabeça, a figura que ali agora estava, não parecia aquela que outrora diante de seus olhos parecia uma rosa angelical. Ela nem de longe iria parecer uma flor murcha e feia, mas ela parecia uma rosa bela e poderosa, cercada de espinhos venenosos e mortíferos, fazendo com que qualquer tolo que se deixasse levar por sua beleza, tivesse uma morte lenta e agonizante.

Rhysand não podia ver o corpo feminino com clareza, ela usava roupas largas e masculinas que não deixavam suas curvas evidentes. Tudo tão escondido, com luvas pretas de couro na mão e uma longa capa sobre as costas, as mangas longas que chegavam até seus pulsos e gola alta que escondia todo seu pescoço.

O vento atravessou a floresta ao redor, fazendo sua capa esvoaçar e tremeluzir ao seu redor, seu capuz caiu sobre suas costas. Lilith não vacilou quando sentiu o tecido deslizar por sua cabeça, finalmente revelando seu rosto.

Rhysand viu, seu cabelo era tão longo e ondulado que não parecia real, sua cor tão bem destacada que parecia falso, mas era dela. O ruivo alaranjado tão natural quanto suas cicatrizes da pele.

Mas, agora. O cabelo não era sua característica mais marcante, não podia, não quando uma máscara cobria metade do seu rosto, um olho verde e afiado o encarava com seriedade, enquanto o outro, aquele cuja metade do rosto foi escondida por uma máscara, sua cor era totalmente um branco apagado. E seu rosto, a metade descoberta, ela tinha cicatrizes, tantas cicatrizes que era impossível contar, avermelhadas, esbranquiçadas, arroxeadas.

- Quem é você? - Sua voz tirou Rhysand dos pensamentos melancólicos.

Ela o analisou de cima a baixo, elegância estampado em todo seu corpo, rosto e postura, tentando esconder seu medo e ansiedade. Ela sorriu com escárnio, um pequeno repuxar em seus lábios pequenos e avermelhados, mostrando os dentes brancos como ossos limpos sem carne e sangue. Ela girou a foice em sua mão, o cabo se movimentando entre seus dedos, logo deu um passo a frente, Rhysand sendo inteligente o bastante para saber o que era ruim e mal, deu um passo atrás.

- Quem é você? - Refez a pergunta.

Ele respirou fundo.

- Sou Rhysand. Meu nome é Rhysand.

O Grão-Senhor de fato esperava uma reação dela, Rhysand o Grão-Senhor da Corte Noturna, o mais cruel de todos. Ela não teve nenhuma outra reação que não fosse a ignorância.

- Você fala esse nome com tanto orgulho e certeza de que eu deveria o conhecer, mas a verdade é que eu não sei quem você é, Rhysand. Diga-me agora, o que de tão interessante observava entre as árvores?

- Estou aqui por Amren. - Ele desdenhou retirando uma mecha de seus cabelos agora bagunçados que caiu sobre seu rosto. - Mas devo dizer, que imaginei que os amigos dela saberiam ao menos ser educados.

Sombria Solidão | ᵃᶻʳⁱᵉˡOnde histórias criam vida. Descubra agora