Capítulo 4

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Azriel piscou surpreso, suas sombras tremeluziram atrás de seu corpo, se envolvendo por suas asas que pareciam formigar de incômodo, sua coluna estava fria, seus ossos congelados, sua respiração calma, porém com um coração extremamente acelerado.

Ali estava ela, sua parceira, uma igual, sua alma gêmea.

Mas parecia tão pior que ele, afundada em seus pensamentos sombrios, escuros e fortificados o bastante para que nenhum de seus medos ultrapassasem, e aqueles olhos? Ele conseguia ver muita coisa na cor branca predominante e no verde intenso, mas então, ela o ameaçou. Ele continuou a olhando.

Hipnotizado com a beleza da mulher, ela parecia devastadora, com seus cavelos ruivos chegando ao tom de fogo, as curvas do corpo que se sobressaiam pelo corselet apertado, a pouca pele exposta e tão pálida. Mas, então, tinha aquelas cicatrizes, Azriel encarou cada uma das marcas que tinha no rosto, acompanhando cada linha avermelhada com o olhar, contando cada marca esbranquiçada e observando as arroxeadas.

Ele sentiu unhas profundas e fortes segurarem seu braço e quando olhará para o lado, encontrou o olhar cinzento de Amren.

— Não irei conseguir impedir se ela tentar realmente arrancar seus olhos.

Ele respirou fundo ao assentir, afundado em seus próprios pensamentos pecaminosos, Azriel andou para frente, sua mão se esticou para tomar a cadeira em frente a Lilith, mas claro, a mão delicada e tatuada de Feyre o fez primeiro, e quando ele a olhará percebeu um sorriso mínimo, mas perceptível.

Ele respirou fundo mais uma vez, apertando os olhos em direção a Feyre e Rhysand, quando percebeu que o único lugar vago, ela ao lado direito de Lilith.

Não teve muita escolha a não ser seguir ao lado da senhorita que não demonstrava nenhum contentamento com seu aproximamento ou o de qualquer outro presente na mesa. Em minutos a comida estava posta, e por mais uma vez Azriel não sabia para onde olhar, a bela e misteriosa mulher ao seu lado, ou para seu prato. Sinceramente, Lilith parecia mais interessante do que tudo no mundo.

Era como se ele pudesse a sentir, a sensação era indescritível, o cheiro tão doce e atraente, a respiração calma que o deixava tranquilo, e o ritimo constante de seu coração o deixava totalmente extasiado.

Azriel não poderia ficar longe dela, talvez, devesse recorrer a poesias.

— Então. — Feyre sorriu limpando a bochecha de Nyx. — O que fazia antes de vir para cá?

Lilith inclinou a cabeça, metade de seu rosto parecia pinicar com a sensação da máscara por tanto tempo, mas ela não demonstrou reação diante disso, apenas um movimento simples, vago, desinteressante e nada receptivo de um dar de ombros ao responder:

— Antes de vir para cá? — Ela pensou consigo mesma. — Bom, a muito tempo não faço realmente nada.

— Nada? — Feyre insistiu.

Lilith se distraia facilmente com os movimentos do bebê que a olhava, se lambuzando com sua comida, mas ela precisava parar de prestar atenção na criança.

— Nada é uma resposta mais simples e menos traumatizante, querida. — Lilith piscou. — Não vai querer saber o que fiz ou destrui, antes de vir para cá.

— Eu certamente adoraria saber. — Amren a encarou.

Lilith levantou os olhos a olhando, queria poder sorrir mas seu rosto estava doendo cicatrizes não tão bem curadas, então não pode completar seu ato.

- Irei decepciona-lá então. Pois não contarei nada - disse.

Azriel a olhou pelo canto dos olhos, sua cabeça permanecia baixa e as sombras escondiam quase que totalmente suas feições, mas ainda sim podia a ver. Seus olhos desceram lentamente por todo o corpo, o corselet apertado, deixando muito para a imaginação de um homem com tesão o suficiente para se masturbar com a pouca visão de sua parceira vestindo roupas.

Roupas! O que ele foi se tornar? Pensando em se masturbar por uma mulher toda coberta.

Ele bufou baixo, seus olhos voltando a descer para baixo, até as mãos delicadas repousadas sobre a mesa, ele então percebeu, as marcas de queimaduras, cortes profundos e cicatrizes ainda levemente avermelhadas, suas unhas não eram longas, mas pequenas e lindas e também pareciam ter sido maltratradas.

A mão dela era linda e perfeita, sua garganta oscilou com pensamentos dela o tocando ou o arranhando com essas unhas e mãos.

Ele arregalou os olhos avelãs ao perceber uma linha perceptível de suas sombras se esgueirando para cima da mesa, suas companheiras de vida certamente não estavam encantadas com a mulher completamente ameaçadora, mas curiosas o suficiente para desobedecer seu mestre e se arrastar para pessoas alheias.

Lilith travou, seu rosto ficou petrificado quando não só ouvirá o barulho do baque, mas também, o calor de algo sobre si, lentamente ela olhou para baixo e teve o vislumbre da mão de Azriel, as cicatrizes retorcidas de queimaduras cobrindo as suas cicatrizes de torturas.

Ela não entendia os sentimentos que vieram, pareciam completos e calmos, deixando sua alma perturbada mais tranquila e solene.

Mas assim que olhou por tempo o suficiente, todo seu olhar maravilhado sumiu, substituido por raiva e dor.

- Suas mãos são lindas, Lilith - ele disse um dia em seu ouvido. - Vou me divertir as esfolando.

Lilith pulou de sua cadeira, forte o suficiente para que ela se arrastasse pelo chão e caísse para trás, o toque parecia queimar e a destruir, mas assim que se afastou teve a sensação de saudade, uma pena que por cima de tudo isso, ainda tinha a máscara dos traumas que não cairiam facilmente.

Ela estava em pé, segurando sua mão contra o peito, encarando o chão a sua frente, não derá nenhuma explicação quando um rosnado irritado saiu de sua garganta, olhando diretamente para Azriel ela se afastou. Ele a fez sentir aquilo, a fez se sentir no céu e então no inferno.

Irritada com suas reações, virou-se em direção as escadas, caminhando rapidamente para a escuridão do corredor, Amren se levantou, mas para a surpresa de todos, Nestha a segurou pelo braço, murmurando palavras que Lilith não se importou em ouvir.

Azriel com uma sensação horrível se levantou, a seguindo para onde quer que estivesse indo.

- Pare de me seguir! - Ela murmurou irritada assim que estavam no segundo andar.

- Me perdoe, não quis a assustar - ele disse em tom de súplica.

- Não me assustou. - Ela grunhiu. - Me irritou, muito.

Azriel continuou a seguir a moça, a acompanhando de perto, tão perto que ela quase sentia seu calor.

- Por que está fazendo isso? - Ela perguntou parando em frente a porta de seu quarto.

- Isso o que?

- Me seguindo, como se desejasse algo de mim. - Retrucou.

- É só que... Você... Você é minha...

Azriel foi sábio em parar suas palavras, pois no mesmo momento o rosto de Lilith pode ter uma expressão, bem clara por sinal, irá e ódio desenhando suas feições, ela abriu a porta e a baterá, mas não antes de gritar raivosamente:

- Nunca mais se aproxime de mim!

Suas mãos nervosas foram para seus cabelos ruivos, jogando sua máscara no canto do quarto ela se esforçava para ter ar dentro dos pulmões.

- Você é minha! MINHA! VOCÊ É MINHA, LILITH! - Gritos, socos, chutes e dor.

Esse foi o dia em que Lilith tentou fugir, mas sua coleira a impedia. Esse foi o dia em que Lilith foi estuprada.

Do lado de fora, onde Azriel estava olhando a porta cheia de escuros poderosos e mortíferos, ele só conseguia pensar: Você é minha parceira.

Sombria Solidão | ᵃᶻʳⁱᵉˡOnde histórias criam vida. Descubra agora