| Quatro |

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Nickolas Lefebvre


Eu esperei que ela cancelasse. Algo que não veio, mas eu esperei. E, para a minha surpresa, ela apareceu com sua equipe. Tamanha foi a minha felicidade ao vê-la novamente, escondido do meu escritório, observando Belle ir e vir na minha vinícola, dando ordens, carregando flores, vez ou outra sorrindo.

Mon Dieu!

Eu senti falta de ver seu sorriso, de ver seus olhos violetas brilharem de felicidade e sua pele corar a cada vez que eu a elogiava.

Diferente de mulher que me atendeu em sua floricultura pela manhã, Belle parecia mais radiante e feliz pela tarde. O que apenas confirmava as minhas suspeitas. A minha presença a incomodava. E eu gostaria de saber o motivo. Uma vez que fora ela quem me deixou.

Foi Belle quem disse adeus.

Não eu.

Quem deveria estar magoado era eu, não ela.

Mas... Enfer! Eu não conseguia deixar de pensar nela e nos últimos malditos três anos.

Ela sempre esteve sob o meu nariz. Como nunca percebi? O nome novo, talvez? A floricultura que estive pela manhã não era a mesma de que me lembrava. Nem mesmo o nome. Até mesmo Sally se recusava a me dizer algo sobre Belle.

Eu não insisti. E talvez este deva ter sido o meu erro.

— Mas que diabos...

Quase derrubei a minha bebida ao ouvir a voz estrondosa de Hector. Sorri para ele, de onde estava, enquanto o mesmo invadia o meu escritório.

E ele nem ao menos bateu na porta!

— Olá, irmão. Bom ver você — cumprimentei-o, sorrindo irônico.

Hector exclamou um palavrão, fechando a porta atrás de si.

— A vinícola está uma bagunça! — resmungou. — Onde você estava?

Suspirei, cansado, e dei uma última olhada pela janela. Belle não passou, e eu desisti de observar.

— A florista que eu havia contratado cancelou de última hora — expliquei retomando meu lugar, atrás da mesa e cheia de papéis sobre ela. — Eu tive que sair igual um louco atrás de outra floricultura. Pardon por não o buscar na estação.

— Tsc. Isso não é um problema. Chegamos bem, obrigada por perguntar.

— E onde está a minha querida cunhada?

— Com a vovó. Elas estão conversando. Sabe, coisa sobre o casamento. — Meu irmão suspirou, passando a mão sobre o rosto.

Eu comecei a gargalhar, lembrando-me de seu pedido desesperado no último mês.

— Eu fico feliz que tenha dado tudo certo, e a bela Eliza tenha aceitado o seu pedido.

— Nossa, como você é engraçado — desdenhou Hector. — Eu pensei que fosse enfartar. Enfer! Eliza ainda vai me matar!

— Ah, isso me faz lembrar! — Deixei minha bebida sobre a mesa e cruzei meus braços. Um sorriso largo e incontrolável tomava conta do meu rosto. — Como você está vivo até agora? Contou a Liz sobre a data do casamento?

— É claro que sim! O que acha que aconteceu? — retrucou Hector, me fazendo rir.

— Se ela não te matou, é porque te ama muito.

Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora