| Onze |

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Nickolas Lefebvre

Eu tive uma hora para me preparar. E aquilo não se tratava apenas da minha aparência. A ansiedade parecia esmagar o meu peito a cada segundo que passava. Meu coração parecia que sairia do peito.

Aquilo era uma chance.

O maldito destino estava jogando as suas cartas, brincando comigo em um jogo de vai e vem. Era impossível Belle aceitar trabalhar para Liz. Ela parecia extremante infeliz em apenas de ficar alguns minutos na minha presença. Imagine horas?

E ela passaria. Muitas horas. Uma vez que eu era o responsável pela administração e guia da vinícola.

E Belle Edmond precisaria de mim, como seu guia, para lhe mostrar tudo o que precisava para montar a decoração da festa de casamento.

Sorri imaginando o quanto aquela situação nos colocaria juntos novamente.

Era bom demais para ser verdade!

- Você ainda parece péssimo - Hector falou, ao meu lado.

Olhei para as minhas roupas, que eu havia trocado há alguns minutos, e virei-me para encarar meu próprio reflexo no vidro de uma janela próxima.

- Eu me sinto ótimo!

- Vai assustar a mulher - continuou meu irmão.

Eu quis socá-lo assim que as palavras saíram de sua boca.

- Falando assim, aprece que estou com a aparência de um demônio.

- E está! - afirmou. - Sabe que posso fazer o guia. Você deveria retornar para o quarto. Parece doente.

- Não - retruquei, de imediato. - Eu estou bem e já tomei um remédio para essa maldita dor de cabeça. - Olhei para o meu irmão. Seus olhos azuis pareciam preocupados. Suspirei. - Não posso perder essa chance, frère. Você perderia?

Eu era um homem sem escrúpulos? Sim!

Jogaria com as palavras? Com toda certeza!

Convencer Hector era fácil. Um homem apaixonado e arrependido faria qualquer coisa para reconquistar a pessoa amada.

No meu caso, eu precisava descobrir onde errei, para então, pedir o perdão.

- Só não faça nada que vá assustá-la ou a que a faça desistir da decoração. Eliza precisa dela - respondeu, soturno.

Sorri vitorioso.

- Não vou fazer nada. Apenas farei as coisas no modo Hector.

Meu irmão me olhou alçando a sobrancelha.

- E como eu faço as coisas? - indagou.

Gargalhei antes de respondê-lo. Ele me mataria!

- Ao modo harceleur

Hector abriu a boca para retrucar. Com toda a certeza um xingamento. Mas, naquele instante, Eliza surgiu o pavilhão acompanhada de duas pessoas.

Um homem e uma mulher.

E a mulher eu reconheceria de longe. Sem sombras de dúvidas! Aqueles olhos violetas, agora escondidos sob os óculos de sol para a proteção, eram facilmente reconhecíveis. Assim com o cabelo castanho claro e aquele corpo que por milhares de vezes já percorri com minhas mãos e boca, nunca saíram da minha cabeça.

Belle Edmond era meu pecado mais doce.

No entanto, a minha felicidade em vê-la durou pouco. Segundos, eu diria. Tudo culpa do seu acompanhante. O homem que a segurava pelos ombros, tão perto quanto um dia já estive dela. Sorrindo para a minha cunhada e olhando com admiração de Eliza para Belle.

Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora