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Belle Edmond

Assim que entrei em casa, algo acertou me bem no meio da minha testa. Fiquei parada na porta ainda aberta, em choque e surpresa com o que aconteceu.

 — O que diabos é isso? — indaguei, olhando ao meu redor.

Meus olhos focaram nas duas figuras sentadas no sofá, com uma cesta de brinquedos de borracha. Renè estava de um lado e Remy, do outro, rindo como se não houvesse amanhã.

Minha amiga, por outro lado, parecia que iria voar no meu pescoço.

— Vai começar a falar ou vou ter que jogar o Jhonson? — questionou, alçando uma sobrancelha.

Franzi o cenho, confusa com toda aquela situação, e ainda mais confusa com quem era Jhonson?

— Quem é esse? — perguntei, fechando a porta atrás de mim e caminhando até Remy.

Ao me ver aproximar dele, Remy estendeu os braços para mim, abrindo um sorriso que fez tudo o que aconteceu nos últimos minutos desaparecer em uma nuvem de fumaça.

— Meu amiguinho amarelado — respondeu Renè, segurando um pato se borracha amarelo. — Então, vamos começar por onde?

— Não tem nada para saber. — Peguei Remy em meus braços e me sentei ele no meu colo. — Nickolas veio, estava acompanhado da cunhada. Na verdade, ela fingiu ser Perry Carrè! — Fiz uma careta ao me lembrar daquilo. — Eliza quer que eu faça a decoração do casamento dela. Ele só estava a acompanhando porque o irmão não pode.

Minha explicação foi curta, mas eu não precisava entrar em detalhes. Na verdade, tudo o que eu disse a Renè era verdade. Apenas ocultei a parte em que Nickolas beijou minha mão, tão sedutor quanto ele conseguia ser, e meu corpo correspondeu aos seus incentivos quase que de imediato.

— Oh Dieu! Eles vão se casar? — A voz de Renè e parecia tão surpresa quanto eu quando descobri. — Isso com certeza vai ser lindo!

— Com certeza — concordei. — Eles são um modelo de casal.

— Estão mais para um casal de filme, né? Caramba! — Renè suspirou audivelmente, me fazendo sorrir.

Era de conhecimento público que Hector Lefebvre era completamente e irrevogavelmente apaixonado por sua noiva. O relacionamento dos dois já saíram em jornais e revista, apesar de serem muitos discretos. Quando morei em Paris, ouvi pessoas dizerem que a relação era pura fachada, uma vez que Hector e Eliza eram herdeiros de importantes vinícolas e a relação era pura e estritamente contratual.

Contudo, quem os conhece de verdade sabe que os boatos são apenas boatos e a relação de ambos são verdadeira e muito, muito apaixonada.

— Isso parece conto de fadas — falei, em um tom de brincadeira.

Renè começou a rir.

— Mas, como ninguém soube do noivado? Eles são, tecnicamente, famosos, não?

— Não é assim, também. Eles são discretos. Foi por isso que Eliza usou o nome da amiga para aparecer aqui hoje. Eles não querem que saibam do casamento até o dia. A não ser os familiares.

— Coisa de filme! — Renè repetiu. — Uau, isso é tão.... Uau! — Sorri com suas palavras. Era realmente uau como Renè estava dizendo. — E você aceitou ser a decoradora?

Eu não tive coragem de olhá-la nos olhos e responder a sua pergunta. Tudo o que fiz foi observar o rostinho de Remy, que assistia concentrado aos seus desenhos na tv.

Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora