Selene
A primeira coisa que sinto quando acordo é dor na minha perna direita onde a flecha me atingiu. Abro os alhos lentamente examinando o lugar em que estou, sentindo minha cabeça latejar com o movimento.
Percebo que estou em uma cama, uma cama de verdade, confortável, com travesseiros e lençóis limpos. Olho ao redor e vejo um quarto grande, com a cama em que estou no centro. Olho para mim mesma e vejo que trocaram minhas roupas, estou vestindo uma camisola limpa em tom de azul escuro.
Há janelas na parede a minha direita cobertas por cortinas escuras, mas consigo ver que já é noite lá fora. Na parede do lado esquerdo tem um armário e uma porta que leva a algum lugar.
Me assusto quando a porta dupla que fica em frente a cama é aberta e duas fêmeas entram por ela. As duas vestem roupas simples e de cor única, o que me faz deduzir que talvez sejam cervas desta casa. Elas me olham, e uma delas volta para o corredor enquanto a outra entra colocando uma bandeja de comida na mesa de cabeceira da cama.
"Coma" diz a fêmea com calma e se afasta, sentando em um sofá perto das janelas.
Sem dizer uma palavra ataco as frutas e pão servidos na bandeja. A fêmea me observa permanecendo quieta.
Quando já terminei de comer e estou bebendo a água servida em uma taça, a porta é aberta novamente e a fêmea que antes me fazia companhia se levanta cumprimentando quem a abriu e sai do quarto.
Me ajeito na cama sentindo dor em praticamente todo o corpo, enquanto uma pequena fêmea de cabelos pretos e curtos a altura dos ombros, com vestimentas em tons de cinza entra me encarando.
Logo em seguida outra fêmea entra, essa com longos cabelos castanhos, e quando olho em seus lindos olhos azuis tenho a impressão de já te-la visto em algum lugar.Prendo a respiração por um breve momento quando dois machos entram pela porta, um deles alado e com uma bela armadura que reconheço muito bem, foi ele quem me trouxe até aqui, é um illiryano, posso ver agora, com seus sifões azuis reluzindo a pouca luz das velas acesas.
O outro me faz arregalar os olhos quando o reconheço, seria praticamente impossível não reconhece-lo pois apesar de nunca tê-lo visto antes já vivi tempo o bastante para ouvir muitas histórias sobre o Grão-Senhor da corte noturna, dono de olhos vivamente violetas e um poder imensurável que apesar de estar envenenada com faebane consigo sentir perfeitamente.
Todos permanecem de pé perto da porta enquanto olho para a fêmea de olhos azuis novamente agora a reconhecendo, ela é Feyre a quebradora da maldição e hoje Grã-senhora da corte noturna, já a vi antes na corte primaveril quando eu morava lá a alguns anos atrás.
"Nós queremos fazer algumas perguntas a você" diz o grão-senhor interrompendo meus pensamentos.
"Se sente bem para responder?" Me pergunta a Grã-senhora com uma expressão gentil.
Aceno com a cabeça incapaz de dizer uma palavra pois o medo começa a me domar me fazendo questionar o que farão quando descobrirem o que sou, ou será que eles já sabem? Afinal alguém trocou minhas roupas e devem ter visto a tatuagem de feiticeiro nas minhas costas.
"Porque você estava sento mantida presa no reino humano? Como chegou até lá?" Me pergunta o grão-senhor sério.
Procuro uma resposta rápida para o que aconteceu mas não encontro, então me obrigo a dizer coma voz rouca pela falta de uso "é uma longa história"
"Temos tempo o bastante para ouvi-la" a pequena fêmea profere suas primeiras palavras a mim.
A olho percebendo que realmente não sairá sem respostas e depois de alguns minutos finalmente digo
"Fui vendida a ela" me limito a dizer abaixando a cabeça."Por quem?" Questiona a grã-senhora disfarçando sua incredulidade
"Como já disse é uma longa história" respondo ainda de cabeça baixa.
"Onde você morava antes de ser vendida a ela?" me pergunta a pequena fêmea já parecendo impaciente com minha falta de respostas.
"Eu morava na corte outonal" respondo rápido tentando evitar lembrar do meu passado.
"Você não nasceu lá, não é?" Pergunta a Grã-senhora que deve ter chegado a essa conclusão pela coloração escura de meus cabelos e olhos não característicos da corte outonal.
"Não, eu nasci na corte diurna" respondo percebendo que falei mais sobre meu passado a eles em menos de dez minutos do que já falei para qualquer um nos últimos anos.
"Quem é você garota?" Me pergunta a pequena fêmea desconfiada.
Levanto o olhar por um breve momento para o illiryano parado em um canto mais afastado do quarto, que até agora se manteve apenas observando tudo atentamente. Percebo algumas sombras em volta de seus ombros e asas, é um encantador de sombras, concluo em pensamentos, para então me lembrar que eles ainda aguardam uma resposta para a pergunta feita pela pequena fêmea.
"Meu nome é selene" resolvo dizer a verdade a eles "nasci na corte diurna dezessete anos antes do reinado de Amarantha. Quando a caçada começou fugi com outros feiticeiros do castelo do Grão-Senhor onde morava na época" digo tentando conter as lágrimas por lembrar daquele dia e continuo: "passei a me esconder nas aldeias mais afastadas no interior das cortes.
Me mudava com frequência escondendo o que eu era durante todos os quarenta e nove anos em que Amarantha esteve no poder." Paro de repente já não conseguindo mais conter as lágrimas me lembrando da completa solidão que foram todos aqueles anos."Você não precisa dizer tudo em voz alta. Pode abrir as barreiras de sua mente e nos mostrar o que aconteceu se preferir." Sugere a Grã-senhora com a voz compreensiva, mas no fundo sei que disse isso porque será mais fácil para eles acreditarem no que digo vendo tudo em minha mente do que escutando minhas palavras.
Então deixo as barreiras da minha mente caírem sentindo como se tentáculos escuros entrassem por ela e mostro tudo o que me aconteceu a eles.
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corte de magia e segredos
Randomfanfic de acotar após corte de chamas prateadas. Com alguns detalhes da história inventados, e adicionados. Azriel se vê confuso, angustiado e muito decepcionado consigo mesmo por não conseguir se sentir feliz por seus irmãos que encontraram suas pa...