capítulo 21

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Selene

"Você deveria comprar mais roupas."
Mor fala avaliando a única bolsa grande que trouxe para a casa do vento.

Logo pela manhã Cassian me trouxe para minha pequena estadia aqui. Estou agora no quarto que me foi separado, com Morrigan jogada na cama.

Agradeci a Nestha quando ela me trouxe até aqui, o quarto é enorme e talvez do tamanho de meu apartamento inteiro. Amplas janelas preenchem uma parede inteira dando uma bela vista da cidade, com um pequeno espaço com dois sofás e uma mesinha de centro.

A cama a qual Mor está, enorme e adornada com um dossel em madeira escura, está na parede a esquerda do quarto, em frente a porta na parede adjacente que leva a um banheiro bem decorado.

"Não vejo necessidade de ter tantas coisas assim"
Respondo terminando de tirar as roupas da mala e colocando no guarda roupas ao lado da cama.

Mor me olha fingindo indignação.
"Como alguém vive assim, mãe acima"

Eu faço uma careta e ela ri de mim.

"E a magia como está?"
Ela pergunta mudando de assunto.

"Bem melhor do que ontem para minha surpresa. Talvez tenha haver com a prática, como se exercitar magia a faça acordar."
Admito me sentando ao seu lado na cama, flexiono meus dedos das mãos como se conseguisse sentir a magia ali adormecida.

"Você praticou ontem?"
Mor pergunta apoiando um cotovelo na cama

"Não exatamente. Cantarolei uma das músicas dos ritos de magia e... Bom fazia tempo que não cantava essas."
Respondo com um sorriso pequeno. Mor sorri para mim.

E eu ainda me impressiono com sua beleza quando ela está assim tão solta, apenas só a Morrigan.

"Você se sentiu diferente? Será que não precisaria de um desses para se recuperar mais rápido?"
Ela diz cautelosa

"Não! Não são tão simples assim, um rito para feiticeiros faz atingir seu ápice de poder e eu poderia perder o controle"
Respondo rápido.

"Compreendo... Mas você nunca participou de nenhum desses ritos antes?"
Ela pergunta confusa. Coisas de feiticeiros são confusas mesmo, não a culpo.

"Já sim, mas foi a muito tempo e vários outros também participaram, a magia foi repartida e ninguém estava sozinho"

"Então não perdiam o controle"
Ela completa compreendendo.

"Minha magia de feiticeira é independente de minha magia feérica que nasceu comigo"
Explico a ela calma.

"A magia de cura"
Mor presume.

"Sim. Essa é a magia que uso na maioria do tempo, já a magia de feiticeira é preciso abastecer com os ritos que chamam a magia da terra. É assim que muitas bruxas nascem, sucumbindo a essa magia poderosa e enlouquecendo."
Digo com tristeza, já conheci muitos que cederam a magia, a sede de sempre querer mais e mais...

"Então esperaremos até sua magia comum voltar"
Mor afirma tocando em minha mão com delicadeza.

"Então... você viu Azriel ontem, não foi?"
Ela muda de assunto de novo e me olha com malícia.

"Ah nem vem"
Digo me jogando para trás e cobrindo o rosto com uma almofada. Morrigan solta uma gargalhada

"O que? Foi tão ruim assim?"

"Não foi ruim, só estranho. Não sei explicar."
Minha voz sai abafada pela almofada que logo e arrancada de mim.

"Por que estranho?"
Mor se aproxima deitando ao meu lado.

Nós duas olhamos para o teto preto do quarto.

"Parecia diferente dessa vez, como se minha magia me conectasse mais as sensações. Algo certo e... Estranho"
Minhas palavras saem baixas quase como um sussurro.

Olho para o lado e Morrigan me encara. Me assusto com o sorriso que cresce em seu rosto bem devagar.

"O que foi?"
Pergunto.

"Ah céu, isso é tão poético"
Ela diz e se joga em cima de mim. Eu gargalho.

"Céu?"

"Um apelido fofo para minha amiga selene."
Ela explica e eu faço uma careta mas gosto do apelido. Uma amiga, meu coração se enche de alegria com isso.

"Acho que você e Azriel tem muito potencial"
Ela diz com um sorriso.

"Então vá lá e conte a ele também sobre essa sua conspiração."
Eu provoco ela.

"Não é conspiração, eu vejo como ele fica tenso quando qualquer um fala sobre você. Ele acha que esconde mas até Cassian percebe."
Ela levanta da cama ajeitando o cabelo loiro.

"Deve ser remorso. Como ele pode pensar em se deitar com uma feiticeira perigosa?"
Coloco uma mão no peito debochando e mor faz uma carranca

"Não diga isso, não foi isso que aconteceu"
Ela me repreende.

"Desculpe, eu apenas não entendo"
Digo rindo.

"Mas não pense que ninguém aqui nessa corte vai julgar você por ser feiticeira de sangue. Quase todos nós já conhecemos vários de seu povo"

"Se encontraram um bom, é uma raridade acredite"

"Eu sei, mas... Você é diferente. Rhys soube desde que você chegou aqui."
Mor me conforta.

"Ele viu em minha mente que não era uma ameaça, mas ao contrário dele muitos não podem ver em minha mente, então é mais fácil achar que sou má por causa do meu potencial em magia."
Desabafo reflexiva

"Por isso nunca participei de nenhum rito, nunca quis atingir meu ápice de poder..." Continuo.

"Eu entendo, e espero que não seja necessário nada do tipo"
Mor reforça com uma expressão de compreensão.

"Existem práticas que são menores, eu tentei quando cheguei aqui na corte mas o faebane me bloqueava nisso também. Talvez agora eu consiga fazer um desses para ajudar nisso tudo. Até porque, de que adiantaria eu ir até a corte outonal ver de perto o feitiço sem magia alguma de feiticeira."
Explico relutante.

"Do que precisa para esse rito?"
Mor pergunta.

"Apenas espaço e silêncio na verdade, utilizei durante anos esse meio de abastecer minha magia de forma sutil, apenas para me defender"
O olhar de Mor para mim é atento e ela escuta com calma quando eu continuo explicando como funciona o pequeno rito.

Na verdade não chega nem perto de ser um rito, nada mais é do que absorver a magia da natureza ao meu redor de forma sutil e mínima. Me reabastece, mas para isso preciso que feyre e Rhysand aprovem.

Não citei sobre essa forma de me recuperar antes pois tem cido inútil desde a última vez que tentei, mas agora pode ser diferente.

"Eles virão hoje aqui de qualquer forma, então você pode falar com eles"
Mor sugere e eu concordo.

Em seguida saímos do quarto e eu vou para a biblioteca continuar minhas pesquisas sobre feitiços do sono.

Desço as escadas em silêncio até que sinto uma presença a espreita, olho para trás e tenho a impressão de ver uma sombra se escondendo.

Pisco algumas vezes e continuo meu caminho, talvez eu esteja vendo coisas afinal.

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⏰ Última atualização: Apr 29 ⏰

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