Meu Querido Inimigo

Aminimigos

– O que exatamente está acontecendo aqui? – perguntou Daniel confuso.

Estava sentado ao lado de Nathalie, que também parecia confusa. À sua frente estava Nicolle e Andrew, ambos com os braços cruzados e olhar sério. Deveria ter desconfiado quando Andrew não disse o lugar para onde eles iam ao saírem de casa. Deveria ter corrido quando eles pararam na frente da casa de Nicolle. Deveria ter pulado a janela quando viu que Nathalie também estava lá. Mas, infelizmente, não tivera inteligência o suficiente para fazer nenhuma dessas coisas.

– Muito bem. – começou Nicolle – Nós chamamos vocês aqui para tirar uma história a limpo.

– História? – perguntou Nathalie – Que tipo de história?

– Vocês vão saber. – respondeu Andrew – Daniel, pode me emprestar seu celular?

– Para quê?

– Por favor. – disse Andrew estendendo a mão.

– Ok, ok. – disse entregando o celular para ele.

Nicolle sorriu. Um sorriso assustador. Nathalie sentiu até um arrepio na espinha.

– Levante seu braço esquerdo, senhorita Stewart, por favor. – disse ela.

Nathalie obedeceu, um pouco hesitante. Nicolle segurou seu pulso e fez um sinal para Andrew. Ele aproximou o celular de Daniel. Nathalie levou meio segundo para entender o que estava acontecendo depois que viu o pingente. Ela olhou para Daniel que permanecia imóvel olhando para a cena. Prendeu a respiração enquanto Andrew juntava as duas metades. Um, dois e... Click. Encaixou. Perfeito.

Nicolle encarou os dois.

– Podem explicar o que isso significa?

Ambos se entreolharam. Tiveram uma discussão silenciosa.

"Você fala ou eu falo?"

"Daniel, você sabe qual foi o nosso acordo."

"E o que você pretende dizer para eles? Já nos descobriram!"

Nathalie revirou os olhos e cruzou os braços.

– Eu não vou falar se ele estiver aqui. – disse apontando para Daniel.

Nicolle revirou os olhos. Olhou para Andrew e eles pareceram chegar num consenso.

– Vamos conversar em lugares separados.

– Pode me explicar o que aconteceu? – disse Nicolle após Daniel e Andrew saírem do quarto.

Nathalie respirou fundo. Fazia três anos que não falava sobre isso.

– Eu e Daniel éramos melhores amigos, de fato. Nós costumávamos brincar juntos quando pequenos. Você sabe, nossas mães são melhores amigas.

Nicolle assentiu.

– Então – continuou ela – quando tínhamos onze anos a pequena rede de hotéis do pai dele começou a expandir. E eles tiveram que ir para Inglaterra...

Sete anos atrás, memória da Nathalie

– Você vai mesmo embora? – disse a pequena Nathalie com os olhos marejados.

Daniel assentiu. Era um dia nublado, a chuva ameaçava cair.

– Eu vou voltar. Eu prometo.

– Quando?

– Eu não sei.

Nathalie olhou para o chão. Queria muito chorar, mas não podia. Tinha que ser forte. Mordeu o lábio inferior.