Bons vizinhos

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Nathalie despertou de seu sono por causa de um feixe de luz que entrava por uma fresta na cortina e atingia seu rosto. Abriu os olhos meio sonolentos e fitou o relógio. Sete e ponto. Olhou para a cama onde Daniel deveria estar e deu um salto da poltrona.

– Daniel? – disse alarmada – Daniel!

Ela revirou os lençóis e travesseiros – como se ele realmente pudesse estar lá – mas nada. Já estava começando a se desesperar quando ouviu uma voz chamando seu nome. Virou-se e viu Daniel encostado na porta do banheiro com os braços cruzados e sobrancelhas arqueadas.

– O que exatamente você está fazendo? – perguntou ele.

– Desde quando você está aí?

– Isso não responde o que eu te perguntei.

– É... Eu estava só... – ela pigarreou – Nada. Deixa pra lá.

Ele riu.

– Vá se trocar e desça para tomar café. Eu estou indo primeiro.

– Ei, aonde pensa que vai? – perguntou com as mãos plantadas na cintura.

– Tomar café da manhã.

– Não senhor, você não pode descer.

– Por que não? – ele arqueou a sobrancelha.

– E você ainda pergunta! Teve quase quarenta graus de febre de madrugada.

– Eu já me sinto melhor.

– Mas você precisa de repouso!

– Nathalie, – disse segurando seus ombros – eu me sinto bem, ok? Agora eu vou descer e...

– Não, não! – ela colocou-se entre Daniel e a porta – Você vai tomar café aqui em cima.

– Mas...

– Nada de "mas". Nós vamos viajar daqui há algumas horas e você precisa estar bem recuperado.

Ele suspirou, vencido.

– Tudo bem, então. – disse Daniel – Se eu não vou descer, você também não vai.

– Sinto muito, mas você pode negociar comigo.

– Isso é injusto! Não gosto de comer sozinho.

– Isso é problema seu.

— Não pode me obrigar a ficar aqui.

— Claro que posso! Vou chamar seus pais.

Daniel deu um sorriso triunfante.

— Boa sorte, então. Eles não estão mais aqui. Tiveram que voltar logo depois do casamento. Portanto eu vou sim descer para tomar café.

Nathalie suspirou e coçou a cabeça. Ele era como uma criança mimada.

– Tudo bem, você venceu. Vou trocar de roupa e avisar meus pais. Ah, e é melhor que você esteja aqui quando eu voltar porque, caso contrário, eu desço e arrasto você pelas orelhas, entendido?

– Sim, senhora. – disse com um sorrisinho.

Nathalie saiu da suíte de Daniel e entrou em seu quarto. Três segundos depois de abrir a porta, ela desejou nunca tê-lo feito. Encontrou seu pai, sua mãe e Madeline com os braços cruzados fitando-a.

– Nathalie! – começou seu pai – Você tem muito o que explicar.

– Sobre? – perguntou hesitante.

– Sua irmã acordou e não viu você aqui. – disse sua mãe – Onde estava?

Nathalie ficou calada. Sabia que seus pais não gostariam de ouvir que ela passou a noite na suíte de Daniel, ainda que ele estivesse doente demais para fazer qualquer coisa. Pensou em formas alternativas de contar o que havia acontecido mas sem sucesso. Tinha que dizer logo.

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