Surpresa!

3K 313 381
                                    

Daniel passou o resto do fim de semana em um tipo de crise sentimental. Depois do que ouviu de Lilly ele decidiu analisar seus sentimentos com relação à Nathalie. Análise essa que não deu em basicamente nada. Ele ainda continuava sem saber se tinha ou não cruzado a linha. Na noite do domingo ele finalmente decidiu pedir ajuda e ligou para Andrew, só para saber se ele tinha uma ideia do que era estar apaixonado.

— Alô?

— Andrew! — disse Daniel — Preciso falar com você.

— Sobre?

— Hum. — Daniel parou um pouco — Queria te perguntar uma coisa, na verdade.

— Pode falar.

— Como a pessoa sabe se está apaixonada ou não?

Daniel ouviu uma gargalhada do outro lado e precisou afastar o ouvido do telefone.

— É sobre a Nathalie, não é?

— Como você descobriu? E cara, pare de rir!

— Daniel, você deve ser a única pessoa que ainda não sabe que está apaixonado por ela.

Daniel ficou calado. Era tão óbvio assim?

— Fala sério, Andrew! Não pode ser tão evidente.

— Tudo bem, vamos aos fatos. Primeiro, você sente ciúmes dela. Segundo, sempre que possível você quer ficar perto dela, ainda que ela tenha declarado que te odeia. E terceiro você não consegue ver sua cara de bobo apaixonado enquanto olha para ela. É mais do que evidente, meu caro Daniel.

Mais uma vez Daniel parou para refletir. Era verdade o que Andrew tinha falado. Seu coração acelerava toda vez que ele a via, queria estar perto dela e sempre se pegava pensando em Nathalie e olhando pela janela do quarto, esperando-a aparecer. Estava mesmo apaixonado pela Nathalie.

— Acho que você tem razão, Andrew.

***


A segunda-feira chegou rápido demais para o desgosto de Nathalie. Ela não gostava de segundas-feiras, sempre ficava de mau humor. A semana mal começara e ela já se sentia cansada. Mas havia uma coisa que fez com que Nathalie esquecesse o mal humor típico da segunda. Em quatro dias seria seu aniversário.

Ao chegar no colégio, mais especificamente na sua sala de aula, Nathalie viu o furdunço. Gente correndo de um lado para o outro e falando ao mesmo tempo enquanto a representante de sala tentava chamar a atenção dos colegas, sem muito sucesso. Parecia uma feira, só que menos organizada. Nathalie entrou na sala sem ser notada por ninguém. Sentou-se na sua banca de costume, ao lado de Nicolle – que estava numa discussão fervorosa com Andrew sobre algo com café cosplay e peça teatral e acabou não notando a presença de Nathalie. Quando estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, a representante de classe conseguiu chamar a atenção – com um megafone que Nathalie não sabia de onde tinha saído – e a turma se calou.

– Finalmente! Achei que ia ter que ficar aqui a manhã inteira! Como vocês ouviram, teremos essas duas semanas para organizar o festival de artes. Mas precisamos de ideias primeiro.

O festival de artes, é claro. Nathalie havia esquecido completamente. O festival era um evento onde todas as turmas tinham que elaborar ideias criativas de acordo com o tema anual, que era sempre um país sorteado para cada turma pela escola. Podia ter, desde apresentações de dança, musicais e peças teatrais, até pequenas lanchonetes temáticas ou até mesmo cafés que abordassem a cultura do país sorteado. Todas as ideias eram avaliadas no final e a mais criativa ganharia alguns pontos para serem somados à nota final do semestre. Era um esforço válido, além de ser bem divertido.

Meu Querido Inimigo Onde histórias criam vida. Descubra agora