Florescer

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A caminho do hospital, Nathalie só podia imaginar que tipos de coisas poderiam ter acontecido com Daniel, já que Derek não informou como foi o acidente nem o estado de saúde das vítimas. O avião poderia ter caído; mas aí haveria algo sobre isso na mídia. O carro que eles vinham poderia ter capotado, ou talvez batido em outro carro; e ele poderia estar gravemente ferido. Nathalie balançou a cabeça. Não era hora de pensar em coisas ruins assim. Só esperava que ele estivesse bem. Daniel precisava estar bem. Bom, pelo menos bem o suficiente para ouvir o que ela tinha a dizer. Após saber do acidente, Nathalie teve certeza de duas coisas: a primeira era que não queria mais viver em pé de guerra com Daniel; queria dizer que sentia muito e que o perdoava também. A segunda era que estava apaixonada por ele. Foi difícil ter que admitir para si mesma. Mas depois da semana que passou sem Daniel, Nathalie conseguiu entender que o queria perto dela. Que precisava ver aquele sorriso marcado pelas covinhas perfeitas pelo menos uma vez a cada cinco minutos.

Chegando ao hospital, a mãe de Nathalie procurou logo saber como estavam os Parker. Deram a ela o número dos quartos e a Sra. Stewart saiu em disparada, seguida por Nathalie. Após subir alguns andares, finalmente chegaram ao trio de quartos indicados. A mãe de Nathalie entrou logo no primeiro quarto, que era o da Sra. Parker. Nathalie ficou parada no corredor, aterrorizada por um momento. Tinha medo de entrar pois não sabia o que esperar. Respirou fundo e decidiu dar um passo a frente. Mas antes que ela pudesse se mover, uma voz chamou seu nome:

– Nathalie?

Ela esperou antes de se virar.

– Nathalie? O que faz aqui?

Nathalie sentiu uma pressão no peito quando se virou e viu a figura de Daniel se materializar na sua frente. Estava com a roupa do hospital e tinha o braço direito engessado, apoiado por uma tipoia. Ela não pensou duas vezes antes de correr ao seu encontro e abraçá-lo, enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo.

– Achei que tivesse perdido você. – disse ela, a voz saindo abafada contra o peito dele. Nathalie sentiu o braço bom dele envolvendo-a e, nesse momento, ela começou a chorar. Chorou de alívio, como se tivessem tirado um peso do seu peito.

– Está tudo bem. – Disse ele, enquanto acariciava seu cabelo – Eu estou bem. Não precisa chorar.

Nathalie deu um longo suspiro e se afastou dele. As lágrimas ainda escorriam pela sua bochecha.

– Precisamos conversar.

***

– O que houve com vocês? – perguntou Nathalie – Como foi esse acidente?

Ela e Daniel estavam sentados num banco, num espaço aberto do hospital.

– Estávamos voltando pra casa. – começou ele – quando um carro veio na contra mão e atingiu o nosso carro. Por sorte Derek foi mais rápido e conseguiu desviar antes que o estrago fosse maior.

Nathalie sentiu algo esfriar dentro de si. Imaginou se o pior tivesse acontecido. Talvez ele nem estivesse ali conversando com ela.

– E os seus pais?

– Eles vão ficar bem. Mamãe teve pequenos arranhões e papai lesionou o pé, mas não foi nada grave.

– Que bom. Espero que eles fiquem bem.

Depois de um curto silêncio, Nathalie respirou fundo e disse:

– Eu... Sinto muito. De verdade. – disse Nathalie.

Nathalie mexia nervosamente na barra da blusa, enquanto Daniel fitava-a sem entender.

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