Ichi

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Oceano.

Algo tão profundo, cheio de segredos e mistérios que o ser humano tenta descobrir à tanto tempo. Um lugar que atrai tanto o nosso interesse mas também é muito perigoso.

As pessoas já descobriam criaturas fascinantes nas águas, desde os peixes mais inofensivos aos tubarões mais ferozes.

E foi essa descoberta que acabou com a paz no mar.

Estas criaturas, cujo o sofrimento era causado apenas pela lei da natureza, passaram a ser procuradas, exploradas e mortas pelos humanos, seja por virarem alimentos, objetos de estudo ou aquilo que mais aterroriza o ruivo. Objetos de entretenimento.

Hinata Shoyo, um tritão que reside nas águas que rondam o Japão, sempre teve muito receio de vir à superfície devido às histórias que o seu pai lhe contava que, infelizmente, eram mais que reais. Todo o ser humano nasce com o mal dentro de si e essa maldade espalha mais que qualquer vírus.

Shoyo nunca teve interesse em vir à superfície observar a vida dos seres terrestres, até ao dia em que algo esférico e colorido quase lhe acertou a cabeça enquanto brincava com os seus amigos Asahi Azumane e Yamaguchi Tadashi.

O tritão de cabelos compridos castanhos escuro, tinha roubado o colar de conchas do ruivo para o provocar e isso resultou num ruivo e num moreno a nadarem de um lado para o outro até chegarem na superfície.

Como já estava a anoitecer, eles não tiveram tanta preocupação se iam ser avistados por alguém, porém eles não contavam que um adolescente focado e teimoso estivesse na praia a uma hora daquelas.

Nos poucos segundos que Hinata veio à superfície, foi tempo suficiente para ele levar com uma bola de voleibol na nuca. Ele virou-se assustado com a pancada, mas assustou-se mais ainda ao avistar uma figura alta com cabelos escuros a olhar na sua direção.

Ele rapidamente mergulhou e olhou para os amigos aflito.

- Tinha humanos na praia! - ele alertou aos amigos que olharam surpreendidos para ele.

- A este horário? A equipa que costuma praticar aqui costuma ir embora no final da tarde! - exclamou Asahi que começou a nadar para cima mas foi puxado por Yamaguchi.

- Estás maluco? Se tiverem visto o Hinata podem já estar atentos, mas e se te virem a ti também? - repreende o esverdeado que bateu com a sua cauda da mesma cor nas costas do amigo.

- Não é a primeira vez que os vejo. Eles jogam um desporto chamado voleibol. É até interessante, queres ir lá espreitar Hinata?

Mesmo relutante, o ruivo de cauda dourada foi atrás do tritão de cauda branca cintilante.

Eles ficaram atrás de uma pequena rocha que devido à baixa maré, ficava mais visível e observaram uns adolescentes a correr de um lado para o outro e a arremessar bolas. Hinata achou aquilo super divertido.

- Parece ser divertido. Olha a agilidade que aquele tem! - o ruivo apontou para um homem de cabelos castanhos com mechas loiras na frente e parecia ser baixinho.

- Aquele é Nishinoya Yuu. - Azumane apoiou o queixo na pedra e soltou um suspiro de admiração enquanto observava o jogador. - Ele é tão fofo gente!

- Descobrimos o motivo do interesse do Asahi nos humanos! - comenta entre risos Yamaguchi que também analisava os jogadores. - Não me digas que te apaixonaste por um humano?

- Apaixonado não, mas que ele atraiu bastante a minha atenção sim. Olha aqueles cabelos e aquele rosto! A animação que ele exala o tempo todo é tão contagiante!

Os três amigos ficaram mais uns minutos a olhar de longe o treino dos humanos, mas naquele horário onde a luz era pouca, não dava para ver tão bem o que acontecia na praia, por isso os amigos decidiram retornar a suas casas.

Hinata tinha se interessado demais no desporto praticado pelos seres terrestres e no dia a seguir, lá estava ele de volta à superfície para voltar a ver as atividades humanas, porém desta vez ele teve de ir sozinho, pois os amigos tinham compromissos com as respetivas famílias.

Época de inverno, aquela que deixava as praias sem atração para as pessoas, porém isso não impediu o adolescente de cabelos escuros e corpo alto de ir treinar para lá.

Shoyo ficou confuso por não ter avistado os restantes humanos, mas contentou-se ao observar o moreno a fazer serviços. Não negaria que o humano era bastante atraente e que aquele ar misterioso só chamava ainda mais a atenção de Hinata.

Apesar da brisa gelada, o rapaz não deixou de sentir o corpo quente pela quantidade de exercício praticada, por isso em dado momento ele tirou o seu casaco e deixou os braços musculosos à mostra. Hinata não acreditava que ele pudesse ficar mais atraente. Agora entendia o fascínio do seu amigo pelos humanos.

Mas eles eram tão cruéis...

Por mais atraente que a criatura à sua frente seja, ele não deixava de ser um ser humano, aquele que nasce com maldade e poderia colocar a espécie de Hinata em risco.

Algo dentro do ruivo dizia para ele ignorar todas as consequências e ir falar com ele, mas uma parte do seu cérebro, aquela que armazenou as histórias do pai, dizia para se afastar o mais rápido possível dali.

O seu conflito interno foi tão grande, que ele se foi deixando levar pela ondulação das águas e foi saindo detrás da rocha lentamente. Ele só percebeu o que tinha feito quando ouviu uma voz ao longe gritar:

- HEY! ESTÁ TUDO BEM?

Tobio ao avistar alguém no mar com aquelas temperaturas tão baixas e tão quieta, ficou preocupado que a mesma tenha tido algum tipo de surto e mergulhado naquelas águas congelantes. Porém, ele entrou em desespero ao ver a pessoa de cabelos laranjas afundar na água.

Naquela altura do ano, não haveria um salva vidas por perto e Kageyama não iria carregar a culpa de não ter nem tentado salvar a pessoa.

Depois de retirar apressadamente a parte de cima restante da sua roupa, ele mergulhou e foi em direção aonde viu o ruivo se afundar. Ele ainda tinha esperanças de o conseguir resgatar, porém ele não achou nada e começou a desesperar por ter assistido uma pessoa morrer bem na sua frente.

Para alimentar o seu desespero, uma forte corrente começou devido à agitação da maré e o moreno estava com dificuldades de voltar à superfície. Ele nadava com todas as forças que os seus músculos permitiam, porém não era o suficiente para ganhar daquela força natural.

Já podia sentir os seus olhos pesarem e os seus pulmões arderem pela falta de ar, apenas parou de se mover e deixou que o destino fizesse o que quiser com ele sem mais lutas. Ele pode até sentir os braços de um anjo começar a erguê-lo.





















Juro solenemente não ser normal !!!

Sun on the Water [Haikyuu!!] Onde histórias criam vida. Descubra agora