60 dias com ela

Tudo o que preciso

- É aqui que vamos ficar. - Alex solta uma das malas no chão enquanto analiso o quarto

As paredes eram claras e os móveis transpareciam luxo, um tapete branco estava estendido próximo a cama de casal ao lado da varanda do quarto. A vista para montanhas era linda, realmente Paris era de um luxo perfeito algo que eu nunca tinha visto antes, era estranho estar envolvida assim com tudo que Alex tinha a me oferecer e mesmo assim ser o motivo pela qual ela estaria atrás das grades, ter esses tipos de pensamentos acabava comigo aos poucos, era horrível pensar dessa forma.

- Vou precisar sair... - Alex se afasta com o telefone nas mãos

- Vou ficar sozinha? - meu olhar apavorada encontra o dela

- Será apenas por algumas horas, a noite venho te buscar, vamos dar uma volta na cidade. - ela então beija minha testa se afastando

Assim que Alex fecha a porta atrás de mim sinto um aperto no estômago, era real, eu estava aqui e ela também, estávamos tendo realmente um caso e isso mudava tudo em questão. Quando meus amigos soubessem diriam que eu só pensei em mim, minha família dirá que não tenho um coração e meu trabalho irá me demitir, mas e eu? Ninguém irá me perguntar como me sinto com isso, se estou bem, se no fundo eu realmente estou apaixonada por que quando as pessoas te perguntam se você está bem, elas não querem realmente saber a resposta, querem apenas saber o que está acontecendo na sua vida mas sem envolvimento, depois da lista de questionários eu que iria ter que me encarar no espelho de manhã e suportar a traição que havia feito porque agora me enxergava assim, uma traidora.

Sentada na ponta da cama e olhando ao meu redor me sento uma idiota, mais uma vez eu estava me afogando sozinha, as coisas não tinham acontecido e eu estava com medo das possibilidades que poderiam ser infinitas. Se eu pudesse ter um mestre dos desejos igual o gênio da lâmpada meu desejo seria ter paz e não me arrepender de nada nem por tentar. Nem por ser corajosa o suficiente para experimentar coisas novas, ser corajosa o suficiente para ir em busca da minha felicidade mesmo que isso magoasse outras pessoas. Não é isso que dizem para a gente fazer? Correr atrás dos sonhos mesmo que ele seja louco e Inconsequente? Talvez o problema seja esse, eu não sigo as receitas, coloco fermento demais e, quando noto, o bolo cresceu mais do que a própria forma. Aparentemente, a vida não era para pessoas ansiosas, ela requer, como eu disse, um nível de autocontrole que ainda estou aprendendo a ter, minha intensidade sempre prejudicou muita coisa em mim e eu só não sei se esse é um grave defeito ou minha melhor qualidade mascarada.

Por que novamente estava chorando? Por que tudo a minha volta precisa ser descrito com lágrimas? Isso não vai mudar o que eu estava me tornando e o que eu queria ser, por que era algo que sim, eu queria, se não quisesse não estava nesse quarto de hotel a esperando sentada. Um desespero me sobe na garganta quando imagino que talvez eu possa perder os dois, que talvez em algum lugar de mim o Max estivesse virando pó e Alex estivesse se afastando. Um ataque rápido de fúria me faz jogar tudo do quarto no chão, os enfeites na mesa e até mesmo o abajur próximo ao criado mudo foi quebrado com minha revolta, só notei o sangue em minhas mãos quando os pingos fizeram um rastro no tapete branco

- O que está acontecendo comigo? - me pergunto se encolhendo no chão enquanto a porta é aberta

Meu coração quase saiu pela boca quando imaginei por um minuto que Alex tivesse visto aquilo, para minha feliz sorte era apenas a camareira, não saberia explicar a ela o que me levou a ter esse ataque de fúria.

- Posso voltar outra hora... - a mulher me encara com os olhos arregalados

- Tudo bem eu só tropecei... pode ficar a vontade, eu... eu vou tomar um banho. - digo correndo até o banheiro enquanto a mulher me encara assustada se afastar