- 25 dias
Como era estranho observar sua vida por uma janela de infinitas possibilidades, ali naquela mesa de jantar onde todos estavam reunidos celebrando minha volta eu continuava intacta, intocável pelo sentimento de acolhimento que me perseguia dos quatro lados da mesa. Assuntos vagos que não me interessavam, férias escolares de crianças que um dia já cogitei ter, o marido ausente por causa do trabalho que minha tia insistia não ser a amante, as novidades sobre o mais novo noivado de minha mãe, e Max celebrando sua promoção no restaurante mais visitado da cidade.
As novidades não se cansava e todos pareciam não perceber que meu olhar vago na porta da sala observava os detalhes para evitar pensamentos que me levassem a cidade de Washington de novo e de novo e de novo… com excessão da minha avó que entre uma taça de vinho e outra, reparava minha falta de atenção para coisas que antes me tirariam o sono. Era entediante fingir que sentia vontade de estar reunida com amigos e familiares naquela mesa quando na verdade, meus pensamentos rondavam o fantasma de Alex que estava espalhado por toda casa me fazendo chorar escondido nos banhos.
Como me deixava deprimida acordar e não senti-la ao meu lado, quando evitava pensar nela os pensamentos corriam cada parte do meu cérebro buscando a prisão que fiz para que ela não fosse esquecida, era uma idiotice acreditar que algo iria melhorar, no final a tendência é sempre piorar. Eu buscava uma maneira saudável de me manter longe dela e o nome era calmantes, ultimamente dormir era a única solução para tudo
(...)
- A família Smith gostou muito do jantar, você percebeu amor? - ouço a voz de Max chegar ao banheiro
Com o rosto molhado pela quinta vez encarei meu reflexo esgotado de uma noite cansativa onde uma nova máscara foi criada, como era insuportável estar sentindo agora a sensação de ter uma vida dupla, me pergunto como aguentei esse emprego por tantos anos
- Max, o que você vê quando me olha? - encosto na porta do banheiro forçando um sorriso
- Como assim? - ele me encara confuso mas sorridente
- O que você vê em mim? O que te atraiu em mim?
- Fora a mulher linda que você é? Deixa eu ver… - ele então se aproxima me segurando pela cintura - acho que a beleza me atraiu mais do que qualquer outra coisa
O abraço sem vontade para evitar revirar os olhos, era como mergulhar em uma piscina rasa de criança, os assuntos com ele se tornaram agora pior que uma piscina infantil.
- Quais são meus sonhos Max?
- Por que isso agora? - ele então cruza as sobrancelhas com minha pergunta
- Por favor, quais são meus sonhos? - insisto
- Bem, você queria viajar pelo mundo não é? Acho que errei… - ele então solta uma risada engraçada enquanto o observo - o que foi?
- Nada… - sinto os olhos queimando - vou dormir.
- Não amor, não tivemos um momento juntos desde quando você chegou aqui… - Max se aproxima beijando meu pescoço

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60 dias com ela
FanfictionA detetive do FBI Anne Marie Stelle, de 25 anos, está com um dos maiores casos que a polícia de Washington já viu, prender uma quadrilha de drogas que está na cidade a muito tempo, o único problema é que a única pista que eles tem em mãos é que a li...