CAPÍTULO 37

20 5 14
                                    

Arrumo a lente da câmera e alterno em segurar meu caderninho de couro e a caneta azul embaixo do braço, as arquibancadas ainda não se encontram em frenesi, pessoas ainda chegam e procuram um lugar para sentar. Vejo Leavy, Star e seu grupinho sentados, Leavy me vê e acena, retribuo o gesto com uma risada e balançar de cabeça. 

  Hoje é o tão aguardado jogo de beisebol dos meninos, eu mais que ninguém sei como eles se esforçaram e se dedicaram a estarem aqui, principalmente meu namorado Caleb. Que citando-o vejo tendo uma conversa séria com o treinador, mãos vai e vem indicando. Decido ir ao banheiro antes do jogo começar, se eu perder qualquer coisa o treinador sem dúvidas cairá matando em cima de mim. Passo pelas pessoas e caminho para os banheiros ao fundo, deixo meu caderno em cima da pia junto com a câmera.

 Saio dali apressada e arrumando o zíper da calça que resolveu se juntar com um pedaço da minha calcinha, ótimo, sempre comigo. Alguém segura meu braço e dou um pulo assustada.

-Com medo? Não sei se digo que deveria mesmo. -Beatriz diz, fulminando-me com os olhos.

  Por entre ela passo meus olhos e não vejo mais ninguém, estamos sozinhas, que momento mais oportuno para vim me amedrontar. Ela não esconde sua raiva de mim, é bem visível em seu rosto, tenho certeza se alguém passasse e a olhasse agora sairia correndo, puts pra falar a verdade se fosse eu já teria corrido dela. Mas bom, sou eu e ela aqui agora e constatar que eu ainda não sai correndo é uma sensação nova de amadurecimento.

-Quer causar problemas a nós duas novamente? -Perguntei, puxando meu braço que ela ainda segurava. -Não lhe fiz nada, Beatriz, me deixe em paz. 

-Bem, eu gostaria que as coisas fossem assim tão simples, mas você saiu do esquecimento para a namorada do Caleb, como isso é possível? Eu gosto dele, sempre corri atrás, para ele ficar com alguém como você? .

-Talvez esse foi o seu problema, correr atrás de alguém que não a ama, deixou de colocar seu amor próprio em primeiro lugar. Não sei muito de relacionamento, mas sei que é uma relação de reciprocidade, não adianta SÓ você querer, entende?. -Digo, sendo sincera.

-Você acha mesmo que ele a ama? É uma tola, não sonhe demais Lianna, você nunca chegará ao nível dele e quando ele a magoar não diz que não avisei. - Depositou todo seu veneno naquelas malditas palavras e se retirou, voltando para o buraco de onde ela tenha saído.

 Se essa câmera não fosse de Caleb eu teria tacado na cabeça dela, porque essas palavras, essas malditas palavras não sairão da minha cabeça. Porque no fundo eu acredito que ela fala a verdade, e se for, eu sou a maior trouxa dessa história. Pego toda minha frustração, raiva e entre muitos outros sentimentos e coloco-os bem no fundo, abro um leve sorriso falso e caminho para registrar o jogo dos meninos. 

 Eu não sei praticamente nada sobre, então eu mais observava de lá pra cá, tirando fotos fazendo leves anotações, fiquei tão focada no jogo que até por um momento esqueci o que se passou a minutos atrás, esqueci como podem ter pessoas que sentem prazer com o sofrimento da outra, que fazem tudo para ver outras pessoas infelizes, como pode existir gente assim?. Mas entendi uma coisa dos vários romances que li ao longo da minha adolescência, sua felicidade só depende de você mesma. Mas tá, como ser feliz sabendo que uma garota ama seu namorado, a vida é um poço de altos e baixos eu percebo.

  Ao longe dos meus pensamentos ouço os gritos animados das pessoas e o time da minha escola comemorar se abraçando. Ganhamos, eu percebo e no momento de felicidade deles tiro a foto que estampará a coluna de esportes. Não saio do lugar onde estou, afastada e invisível como sempre, só não tão invisível ao ponto de lindos olhos verdes me olhar e vim em minha direção, com bochechas vermelhas, a roupa branca do beisebol meio suja e os cabelos uma completa bagunça charmosa.  Caleb para, olha-me nos olhos e então me beija, e eu me derreto, como se em várias e várias gotas de água, meu coração voa para ele e sinto o doer de tanto amá-lo. Passo a mão por seu cabelo, bagunçando-o mais um pouquinho, e entre nosso beijo ele solta um suspiro prazeroso.

Siga Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora