Eu quero recomeçar

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Um suspiro alto deixou os lábios do meio-loiro, a sensação de atraso tomou conta de si, em que parte da sua existência miserável não havia se tocado que sentia algo por seu melhor amigo? Ok, talvez, Sakusa não o considera-se dessa forma, mas isso não importa.
Que se dane todo clichê envolvido em se apaixonar assim.
Uma forma tão inesperada e brusca, a batida forte de um coração, um desejo que sempre existiu, desde o primeiro dia, e que hoje pôde ser ouvida por todo seu corpo, como uma corrente elétrica que atravessa suas veias, fazendo com que o tempo pare.
Um arrepio nasceu da espinha, e percorreu até seu dedinho do pé, engoliu a seco, assim que os olhos negros se abriram, o coração acelerado, aquela sensação de que poderia infartar, mas suplicava para que tivesse mais 5 minutos com o calor que emanava da proximidade dos dois corpos, o de cabelos negros abiu lábios, o meio loiro estava ansioso pela frase que viria, mas o outro estampou uma face confusa, e Atsumu retrucou com o olhar curioso.

Sakusa - Eu não tô... eu vou vomitar!

E assim todo clichê romântico foi pra privada com todos aqueles coquetéis.
O moreno havia exagerado um pouco, pra quem não bebia.

- Quebra de tempo -

Atsumu riu, assim que pisaram na entrada da casa de Sakusa, que estampou uma feição brava... Estava sujo, havia passado mal, sua cabeça parecia que ia explodir. Mas agradecia pela recuperação lucidez rápida, depois de litros de água e alguns remédios.
Mas nada disso o tirava a necessidade de se livrar de cada impureza que o deixava incomodado. Poderia se arrastar para o banheiro e passar a noite lá dentro, apenas para não infectar todo resto. Mas é claro que o loiro ali presente nunca deixaria que isso acontecesse.
Assim que se deitou na cama, depois de um bom banho gelado, sentiu um alívio lhe percorrer, o cheiro de seu sabonete fazia com que sua cabeça pudesse ter uma preocupação a menos.

Atsumu - Está entregue, Omi-Omi... Agora eu...

Omi - Fica! Pode ficar.

Era estranho, sua cabeça ainda girava, suas palavras foram as últimas, os olhos pesando, até cair no sono.
O meio-loiro permaneceu parado, olhando a cena, não era como se nunca tivesse reparado, mas o moreno era extremamente bonito, balançou a cabeça, não era certo pensar nisso, não agora, no estado em que ambos estavam. Atsumu se dirigiu a sala, deixando que todo cansaço tomasse conta de si... adormeceu, sentindo os olhos pesarem ao olhar a pequena foto na estante.

Na manhã seguinte Sakusa se encontrava parado com a xícara de café sem açúcar em mãos, os olhos presos ao jovem de cabelos loiros que estava seu sofá, um pequeno feixo de luz entrava por entre as cortinas, iluminando a face tranquila de Atsumu. Sakusa, sentiu as borboletas se revirarem, assim que pequenos trechos da noite passada começaram a voltar em sua mente, o rosto tomando um tom avermelhado, uma das mãos subindo por seu rosto e parando entre os fios negros, deixando um leve aperto.

Sakusa - É sério, Kyoomi?

Se questionou, sussurrando. A pergunta se referia a possibilidade de gostar realmente do meio-loiro, seus olhos voltaram para o mais velho, era nítida a vontade que crescia em seu peito de estar ao lado dele, afinal acabava fazendo tudo que ele queria, ia a lugared que não curtia, mas se tornavam suportáveis com a presença dele...

Sakusa - Ats... Atsumu!

Sussurrou, não queria assustar ele, afinal ainda poderia dizer que estava cedo, para um final de semana. Notou o meio loiro se mexer e proferir um barulho, parecido com um ronronar, os olhos se abriram, e Sakusa se afastou, como o diabo fugindo da cruz, mas no seu caso, o diabo era tentador.

Sakusa - Eu fiz café... da manhã.

Continuou. Atsumu sorriu e se levantou, alongando os braços e as costas, notou que alguma de suas roupas estavam nele, o que era justificável, andar pela casa com aquelas imundícis do dia anterior seria uma ofensa.

Atsumu - Eai, tá se sentindo melhor?

Sakusa - Sim, o café preto me salvou. Inclusive, obrigado por toda ajuda.

Atsumu - Que bom, Omi. eu não sabia que você tinha uma queda por bebidas tão grande.

Sakusa - Doces, corrigindo, tudo culpa daquelas misturas doces.

Atsumu - Sei.

O silêncio se instanlou no cômodo, ambos comendo, Sakusa aproveitou a deixa para abrir as cortinas, o sol entrando e iluminando tudo.
Não tiveram muito tempo para trocar grandes palavras, já que Osamu estava infurecido, pois o irmão havia levado a chave consigo para o apartamento do moreno, e teve que ir para casa de Suna, depois de pedir ao irmão que se cala-se, e uma discussão infantil cotidiana. Apenas pegou suas coisas e saiu, dizendo que se falavam por mensagem, ficou curioso, não tinham esse costume, depois de estar ali sozinho, refletiu sobre o que poderia acontecer com ambos, e sobre o que já havia acontecido, limpou o banheiro, levou as roupas lara lavar, por fim, se sentou para assistir televisão, tudo em seu dia o fazia lembrar Atsumu, era como das outras vezes que se apaixonou, mas era diferente.
Bufou, odiava a sensação de não pertencer a alguém e mesmo assim ser inteiramente da pessoa. Estava com problemas, e não sabia com quem desabafar, olhou os porta retratos antigos, e não havia novos rostos na foto, e nem novas feições em si, talvez fosse o momento de recomeçar, deixar que a bagunça tomasse um poquinho de sua vida.

cheeky blondeOnde histórias criam vida. Descubra agora