The Girl in The White Dress

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Meu vestido curto branco sobe por minhas coxas a medida que ando pelas ruas congelantes de Tokyo. Me apoio em uma parede com um grande grafite de asas de anjo, que patético. Rio alto de uma maneira não muito realista e sim forçada e vejo uma mulher me olhando com cara de nojo do outro lado da rua, mostro meu dedo do meio pra ela que anda mais rápido me deixando com um sorriso cínico em meu rosto. Masco meu chiclete e vejo um jovem com cabelos escuros em uma moto parar em minha frente. Me desencosto da parede andando até ele.

-Quer dar uma volta bem? - Digo estourando a bolha de chiclete.

-Pago pra te levar pra casa. Uma menina com essa idade não deveria fazer esse tipo de trabalho. - Disse o moreno.

- E você sabe quantos anos eu tenho desde quando? - Pergunto trocando o peso para o outro pé me equilibrando nos saltos finos e cruzo meus braços.

-Quantos anos você tem?- Pergunta ele se virando pra mim e desligando a moto.

-Vinte e-

-Não tem não, você não tem mais que eu querida, isso está na cara. -Diz ele com um sorriso deixando seus caninos proeminentes à mostra. -Quantos anos você tem? - Ele pergunta mais uma vez.

-Dezesseis. -Digo de cara emburrada. Não acho essa conversa nem um pouco confortável.

-Então prazer prostituta aleatória menor de idade, sou Keisuke Baji. -Diz ele estendendo a mão para mim com um sorriso maior ainda. Junto nossas mãos e sorrio cínica pra ele que dá uma risada baixa. -Não vai se apresentar, estranha?

-Sou Eiko, Eiko Sayuri. -Digo ainda emburrada mas mais animada. -Vai me levar pra casa, Baji? -Pergunto sorrindo. Ele vai achar ótimo.

-Esse é o plano Sayuri. Vamos?

-Vamos pra sua casa porque eu não tenho. -Digo subindo na garupa de sua moto.

-Então tá. -Diz ele dando partida na moto novamente. Consigo ouvir o sorriso em sua voz sem ao menos olhar para seu rosto. Me agarro em sua cintura assim que ele acelera pela rua. Encosto minha cabeça em suas costas e sinto a canseira dominar meu corpo e penso em algo que não achei que iria sentir: alguém se importou comigo.

-Então você iria com qualquer um que aparecesse?- Perguntou ele enquanto passava por um sinal.

-Se consigo trabalho é ganho em dobro, tenho um lugar para ficar e ganho dinheiro. -Digo dando de ombros.

-Então eu sou só mais um? - Pergunta ele, consigo escutar o sorriso divertido em sua voz mais uma vez.

-Eu esperaria por mais meia hora e se ninguém aparecesse eu iria no motel em que meu amigo é gerente aqui perto pra passar a noite. - Digo ignorando sua pergunta. Ele percebe muito bem que não é assim. Pouco minutos depois chegamos em um prédio de poucos andares em que subimos até o terceiro e entramos em um dos apartamento que era pequeno mas aparentemente aconchegante. O moreno tranca a porta, joga as chaves em cima da bancada e se joga no sofá. Ando devagar esperando qualquer tipo de barulho ou Baji avisar que tinha chegado mas ele apenas apoia a cabeça no sofá, fechando os olhos. Sento em um banco alto e tiro meus saltos dos pés sentindo um alivio inexplicável.

-E seus pais?- Pergunto apoiando meus braços no balcão atrás de mim o olhando atentamente.

-Meu pai foi comprar cigarro e nunca mais voltou e minha mãe está em uma viagem de trabalho. Ela faz isso um monte e quando não está viajando quase não fica em casa. -Diz ele esfregando o rosto com as mãos, logo depois me olhando apoiando seu rosto em suas mãos. -E você senhorita sem casa?

-Minha mãe morreu quando eu nasci e meu pai foi comprar droga na esquina uns anos depois e nunca mais eu vi.

-Nossa história é parecida então, estranha. - Diz ele chegando perto de mim. Ele pega meu salto no chão e se senta novamente no sofá. -Você conseguiria facilmente matar alguém com isso. -Diz ele sorrindo pra mim e se encostando novamente no sofá. Ficamos ali por um tempo indeterminado até que ele simplesmente levanta e vem até mim me tirando do banco ele pega em minha mão me levando até seu quarto. Ele pega em seu armário uma blusa azul comprida e me entrega.

-Eu vou dormir na sala. Pode dormir no meu quarto. -Diz ele quase saindo do quarto. Seguro sua mão ainda sentada na cama e olho pra ele.

-Baji não precisa eu não quero incomodar. Deixa que eu durmo na sala.

-Não Say, eu te convidei, você dorme aqui. -Ele diz um pouco irritado saindo do quarto. Ouço a porta do banheiro ser fechada e tiro meu vestido o trocando pela grande blusa confortável de Keisuke. Saio do quarto indo até a cozinha e pegando um copo de água me encostando na bancada. Ouço a porta do banheiro ser aberta quando coloco o copo na pia. Ando até Baji que acaba de sair de seu quarto apenas de calça de moletom.

-Essa era a única camiseta que você tinha? -Pergunto puxando a camiseta e dando a volta por ele, me apoiando no batente da porta de seu quarto. -Ou você só está querendo se mostrar? - Digo olhando para ele de forma doce, com um sorriso meigo.

-Boa noite, Say. - Diz ele passando por mim.

-Boa noite Baji. - Digo sincera. -Obrigada por ser tão gentil e me trazer aqui.

-De nada. - Diz ele se virando pra mim. - Meu prazer. - E desaparece na sala. Estou prestes a fechar a porta quando ouço. - Say?

-Hum. - Digo baixo, o sono já começando a se mostrar em mim.

-Talvez eu esteja me exibindo. - Disse ele antes de eu fechar a porta atrás de mim, com um riso sincero saindo de meus lábios. 

Lady in The Wall ~Tokyo Revengers~Onde histórias criam vida. Descubra agora