You Deserved It

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-Ai Suya. - Digo quando ele, acidentalmente, me fura com um alfinete.

-Desculpa Say. - Diz ele balançando a cabeça. Respiro fundo. Preciso ter essa conversa com ele. Penso nisso a semanas. Não foi certo o que eu fiz, sabendo que ele gostava de mim.

-Mitsuya. - Digo me sentando em um banco em seu estúdio quando ele me libera, depois de ter tirado as medidas para o meu uniforme da gangue.

-Hum. - Murmura ele demonstrando que estava prestando atenção enquanto terminava de anotar minhas medidas.

-Me desculpa. Eu deveria ter falado com você depois do Halloween sangrento, mas eu tava tão preocupada com a recuperação do Kei e o negócio que aconteceu com o meu pai que eu não consegui até hoje. Eu deveria ter pensado nos seus sentimentos antes de começar o namoro com o Baji, eu sei que você não é uma pessoa que se apega fácil mas eu espero que você me entenda. - Digo com um fôlego só sem parar. Fico o olhando atentamente e não imagino a minha cara quando ele começa a rir.

-Está tudo bem Say, eu entendo. Conseguia ver desde o começo que você é apaixonada pelo nosso moreno favorito, acho que só tinha esperança que você fosse me olhar como olha para ele. Não tem problema de verdade. - Diz ele sorrindo para mim. Me sentia mais leve mas não consigo impedir as lágrimas de descerem pelo meu rosto. Não gostava nem um pouco de ter feito isso com ele.

-Vem aqui meu anjo. - Diz ele com os braços abertos. Me aconchego em seu abraço e sinto como se ele fosse estar comigo para tudo depois da experiência que tivemos juntos.

-Você sabe que eu te amo, não sabe? - Pergunto com a cabeça em seu suéter azul claro o molhando de lágrimas.

-Eu sei meu bem, eu sei. - Diz ele dando um beijo em minha testa e me soltando, voltando a trabalhar no molde com meu tamanho.

[...]

Desço da moto em frente ao restaurante e seguro forte na mão de Baji, com medo porém apreensiva com o que poderia acontecer nesse almoço. Entramos no restaurante que Baji tinha escolhido, que eu havia avisado para meu pai hoje de manhã e sentamos em uma mesa próxima às grandes janelas de vidro dando vista para o jardim bonito do restaurante.

Pedimos nossas bebidas e, sentada no banco ao lado de Baji com minhas pernas em cima de seu colo vemos um homem de estatura baixa, grande barriga, pouco cabelo e andar desajeitado entrar pelas portas do restaurante. Vejo ele parar em um lugar e olhar para todos os lados e assim que seus olhos colam em mim um sorriso estranho aparece em seus lábios. O homem usava uma calça "social" caramelo, uma blusa branca menor do que deveria o que deixava um pouco de sua barriga aparecendo e um casaco de pele esfarrapado preto. Ele se senta em nossa frente e ele coloca as mãos em cima da mesa mexendo seus dedos desesperadamente sem tirar os olhos de mim.

-Sayuri. - Diz ele de olhos arregalados.

-Phillip. - Meu pai é da Indonésia, meus pais se conheceram enquanto ela viajava para lá, de férias.

-Como você está diferente, minha filha.

-Não me chame assim. - Digo, ríspida e limpo minha garganta logo depois. Olho mais atentamente para seu rosto vendo a barba por fazer, pequenos cortes nas laterais de seu rosto, olheiras profundas e um rosto gordo. O comparo com as poucas memórias que tinha de quando era criança e, tirando pela idade - Você não mudou nada. - Ele limpa a garganta e se arruma na cadeira, tentando deixar isso menos desconfortável. Ele olha para Baji ao meu lado que me puxa para mais perto de si, na defensiva.

-Então você deve ser o tal namorado da Sayuri. - Diz ele tentando sorrir, tentando amenizar o clima tenso.

-O próprio. - Diz o moreno estendendo sua mão esquerda para o homem a nossa frente que a aperta com entusiasmo que vai se perdendo a cada segundo que Baji aperta com força sua mão. - Baji Keisuke. - Comenta meu namorado com um sorriso divertido no rosto. Phillip me olha como se pedisse para eu fazer algo. Não faço nada porque, afinal, ele merece isso e muito mais. Nossas bebidas chegam e tomo um gole da taça de Martini a minha frente sem deixar de olhar para o homem sentado à nossa frente tentando prever seu próximo movimento. Ele sorri amarelo e tenta começar uma conversa.

-E como tem estado? - Pergunta ele, apreensivo.

-Sozinha. - Digo o alfinetando não é como se por causa de um almoço eu esqueceria de que ele desapareceu por tanto tempo.

[...]

Meu pai sim, como suspeitava, esteve preso todos esses anos em que estive sozinha. E não, isso não melhora a situação em que ele se encontrava. Preso por posse e venda de drogas.

-Então é foi isso que aconteceu. - Diz ele terminando de contar sua história de como foi preso um pouco mais de dois meses depois de ter me deixado sozinha em uma casa de prostituição. Deixo meus pensamentos de que ele havia merecido quando ele se aproxima de nós.

-Filha, eu preciso de ajuda. - Diz ele se inclinando pela mesa. - Eu preciso de dinheiro. - Fala ele abaixando a cabeça. Então sim, Baji estava certo.

-Não. - Digo diretamente tirando as pernas de cima das de Baji, me preparando para ir embora. Isso já tinha passado dos limites.

-Mas filha. -Começa ele olhando para mim.

-Não tem nada de filha. Você perdeu o título de pai quando foi embora por treze anos e voltou duas semanas antes do meu aniversário pedindo dinheiro. Não venha mais atrás de mim. Deixe minha mãe descansar não coloque o nome dela nisso. Você mereceu tudo o que aconteceu de ruim com você. Porque você não vale nada. -Digo antes de sair andando para fora do restaurante. 

Lady in The Wall ~Tokyo Revengers~Onde histórias criam vida. Descubra agora