My... girl? • Sillie

- I

O aroma de café se espalhava pela cozinha da família Brown numa manhã gelada de inverno.

Eles não eram uma família reconhecida pelo sucesso de algum produto feito exclusivamente pelas suas empresas chiques e com milhares de filiais nas quais um dia seriam passadas para seus filhos. Não. Eram apenas a família Brown.

Millie Bobby Brown, a primogênita da pequena família, era uma garota com muitos anseios dentro de si, mas nunca os deixava transparecer.

Mais um ano se iniciava no colégio de Los Angeles. E nesse ano, Millie não queria ser mais um peso morto na sua turma. Não queria ficar de fora das festas às sextas ou ser apenas a "boa garota dos Brown". Ela queria mais. Muito mais.

E esse ano seria diferente, tinha certeza disso.

- Millie! eu preciso de você. - Ava era a caçula da família. Ela e a irmã sempre foram muito próximas desde crianças, justamente pela ausência de seus pais.

A mais velha colocou sua xícara de café em cima do balcão e subiu até o quarto da irmã, impaciente.

- Já te disse muitas vezes que manhãs são para... - Ela foi interrompida antes de puder continuar.

- Café e contemplação. Eu sei.

- Então por que me interrompeu?

- Não consigo achar meu suéter novo. Eu pedi para a mamãe comprar, mas agora não acho.

- Ele é tão importante assim? - A garota começa a revirar o armário da irmã.

- Pedi especialmente para hoje. Um suéter da sorte.

- Ava... - Millie parou o que estava fazendo e se sentou no chão, olhando para a irmã. - Eu sei que você só tem 6 anos. Mas essas coisas de sorte não existem. Nada dessas coisas de conto de fadas existem.

- Existem sim! - A pequena bateu os pés no chão - Ontem perdi um dente e a fada do dente deixou uma moeda em baixo do meu travesseiro.

Millie sorriu, relembrando dos passos lentos durante a madrugada.

- Você está pronta? - A mais velha pergunta enquanto se levantava. - Sabe, eu e você teremos um longo dia e... Não queremos que ele comece mal.

- Preciso do meu suéter. - Ava voltou a procurar dentro do seu armário.

- Estarei lá em baixo, por favor não faça eu me atrasar.

Enquanto descia as escadas, parou em frente ao espelho e se analisou, confiante.

Uma calça jeans, blusa da banda favorita e um tênis com cheiro de novo.

Talvez ela não precisasse mudar.

- Ava! - Gritou, impaciente.

- Estou indo, estou indo. - A mais nova descia as escadas lentamente, passando a escova pelos seus cabelos macios.

Millie tinha uma paixão por carros antigos, e pretendia ter uma coleção deles quando mais velha.

Por agora, ela e sua irmã adentravam num Aero Willys vermelho, comprado no aniversário de 16 anos de Millie.

A neve pela estrada fazia a atenção da mais velha dobrar. Isso por que, ela reprovou no teste de direção quatro vezes, mas antes de desistir - Por insistência da mãe - Finalmente conseguiu passar.

- Amaya! - Ava gritou pela janela, praticamente se jogando do carro. - Até mais, Millie.

Assim que sua irmã saiu, ela observou a pequena se afastar, cumprimentando suas colegas de classe.

Millie também desejava aquilo. Ter alguém que te faça querer voltar para o colégio, abraçá-la e conversar sobre as férias.

Mas isso não a deixou triste, e sim determinada.

O carro foi estacionado e a bolsa que carregava seus livros foi pega com um tanto de preguiça por parte da garota.

A morena caminhava pelos corredores procurando por Sadie - Ou como ela chama, Regina George - Não que a garota já tenha feito mal a Millie, muito pelo contrário, ela nem sabia quem era aquela.

Ambas estavam no segundo ano, mas se Sadie a conhecesse, seria apenas pelo nome quando dado de exemplo pelas boas notas.

Assim que avistou Sadie, suspirou aliviada e todo seu corpo relaxou, ainda restavam 7 minutos. O suficiente.

- Oi! Reg- Sadie? - Millie se aproximou devagar atrás da garota.

- E você? - A ruiva se virou e analisou Millie dos pés a cabeça. - Detesto ser interrompida.

- Foi mal. - Ela observou Sadie tirar um cartão de dentro da bolsa.

- Meu número e Instagram. Você deve ser novata, pode falar com a... - Sadie estalou a língua e gesticulava impaciente, tentando se lembrar de algo. - Alice, ela é responsável pelos novatos.

- Não sou novata, e aliás, estamos na mesma turma desde o ano passado.

Ela semicerrou os olhos, mas não conseguiu lembrar quem era aquela garota que estava na sua frente.

- Millie. Sou a Millie. - O sinal tocou. - Eu posso falar com você depois do almoço?

- Eu não almoço aqui. Sempre vou para o shopping que fica não muito longe daqui junto com minhas... bem, amigas.

- Posso ir junto?

- Olha, eu saio com pessoas que conheço.

- É por isso que preciso falar com você.

- Sobre?

- Quero ser popular. Quero que as pessoas saibam quem eu sou, me reconheçam pela escola toda.

- E você precisa de uma guia para isso?

- Sim, eu me lembrei de você no mesmo instante. Tenho tudo planejado, só quero que você me ajude.

- E o que eu ganharia com isso? Quero dizer, você não roubaria minha popularidade, mas você me pagaria ou algo assim? - Ela segurou o rosto de millie e o virou de um lado para o outro. - Por que teremos bastante trabalho.

- Não sei quanto você pediria, mas acontece que eu não recebo algum tipo de mesada e nem trabalho. Por isso não tenho dinheiro.

- Pega dos seus pais. Como acha que eu me viro depois da minha mesada ter acabado?

- Eu faço qualquer coisa.

- Qualquer coisa?

- O que você quiser. - Ela parou para analisar suas palavras. - Bem, dentro do possível, quero dizer. Sabe, nada de errado ou que me envolva em drogas ou...

- Tá, eu entendi. Está bem, tenho notas baixas e atividades atrasadas. Faça minhas atividades e eu cumpro com a primeira parte do acordo.

- Primeira parte?

- Não vai se tornar popular de uma hora para a outra. Além do mais, teremos trabalho, eu o dividirei por etapas.

- Tenho um plano aqui. - Millie pega um papel e mostra à ruiva.

- Lixo. - A garota rasga e joga o papel no chão. - Não vai se tornar popular seguindo uma listinha de internet. Só faça o que eu disser, o.k?

- Tudo bem. - A animação de Millie era evidente, nem ela mesma acreditou que tinha conseguido selar um acordo com a SADIE SINK.

Mais um ano começou.