- XXXI

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O pai de Sadie está indo em um carro diferente. Mitchell é seu irmão e se mantém em silêncio, assim como ela mesma. Não sei se estou contribuindo para deixar o clima ainda mais tenso, porém a mulher chique que está junto do pai de Sadie não gostou da minha presença. Eu também não estou gostando de ir.

Essa é uma parte de chique da cidade, mas a verdade é que não estou nem aí para os prédios e atrações iluminadas que posso ver através da janela. Na verdade, estou olhando para Sadie de vez em quando, esperando que fale alguma coisa.

- Vocês querem? - Mitchell pergunta, oferecendo pastilha. Está engraçado olhar para ele, já que sua camisa parece ser quatro números maior, sua bermuda de surfista está velha e o boné que ele tanto procurou, foi encontrado no lixo, mas é bonito pelo menos.

Eu aceito a pastilha, finalmente me mexendo no banco de couro, afastando meu braço do de Sadie.

- Obrigada. - Digo, sussurando, porque se eu falar normalmente, parece que o carro vai quebrar. Sei que isso não aconteceria, mas está tanto silêncio que consigo ouvir minha respiração, e me irrita.

- Essa sua roupa tá ridícula - Sadie diz, sua voz está rouca e tão baixa quanto a minha. - Porra, eu não queria vir também, mas você precisa parecer um sem teto?

- Em primeiro lugar, não tente agir como Lucy, porque vou ser obrigado a te jogar desse carro se continuar - Mitchell fala com o tom de voz normal, parece gritar. - E em segundo, eu preferia não ter teto, porque morar com Phil é um inferno.

Não vejo como morar numa casa daquelas pode ser ruim, mas entendo o que ele diz sobre Lucy. Acho que ela é a mulher que vai no outro carro, e não gostei dela, mesmo conhecendo pouco, então imagino que Mitchell tenha ainda mais motivos.

- Se você se vestisse com a merda de um terno igual Phil pediu, pelo menos não iríamos chamar atenção, seu imbecil. - Sadie continua, e bufa ao terminar.

- Agora nós já estamos aqui. Não adianta reclamar, eu vou entrar desse jeito vocês gostem ou não - Ele me encara. - E você? Está de boa com isso tudo?

- Acho que sim - Digo, meio perdida pela pergunta do nada. - Só preciso escutar esse tal de Phil falando umas coisas idiotas. Ou fingir escutar, tanto faz.

- Gostei dela. - Mitchell sorri e cutuca Sadie, que o responde com um olhar bravo.

O carro para e o motorista saí. Ele abre a porta para mim e aceito sua mão, sendo surpreendida pelo gesto. Sadie sai em seguida sem a sua ajuda, e Mitchell foi pelo outro lado. As crianças saem correndo do carro, Lucy as repreende e me dá um sorriso falso enquanto acena. Phill sai depois, ajustando seu terno.

- Há uma mesa reservada - Phil diz, pegando um papel do bolso. - É grande o bastante, antes que questionem, e é perto da plataforma onde irei discursar.

- Você pensa em tudo, querido. - Lucy diz, uma mão sobre o peito.

Tifany e Evans tentam controlar os irmãos menores, eu penso em Ava.

- Apenas o melhor para minha família. - Ele responde, acenando para os filhos perto de Lucy.

- Você também... - Lucy diz, olhando para mim. Sinto como se tivesse sido envenenada, porque mesmo ela sendo bonita, ainda assim age como uma bruxa. - Millie, não é? - Pergunta, e nesse momento sinto a mão de Sadie envolvendo minha cintura. A mulher percebe, encara com nojo. - Sinta-se uma integrante de nossa família, meu bem.

Phill, os filhos, e Lucy são guiados para dentro com a ajuda de seguranças. Phill aponta para nós três que estamos indo atrás e mesmo após olharem torto, assentem e se aproximam também, nos guiando pelo salão. Sadie continua perto de mim, a mão em minha cintura enquanto tento ignorar a sensação no estômago. Mitchell pega uma taça de champanhe e bebe com o dedo mindinho esticado, como se tomasse chá. Sadie puxa a cadeira para mim, eu a encaro com o cenho franzido, mas não tenho resposta e nem um olhar de volta. Fico entre ela e Evans, o filho de Lucy que parece ser menos chato.

My... girl? • Sillie Onde histórias criam vida. Descubra agora