- XXXII

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Deve ser madrugada agora. O quarto está muito escuro e sinto as mãos de Sadie acariciando minha barriga por cima do roupão, então acho que ela não conseguiu dormir.

- Sadie? - Eu sussurro, ela para de se mexer e se deita no travesseiro, me fazendo encarar seu rosto.

- Acordei você? - Sussurra de volta.

- Não é isso, eu só não durmo tão bem em lugares estranhos.

- Quer que eu acenda a luz? - Pergunta e já vai se levantando para ligar o abajur que fica na sua mesinha. Ponho as mãos em seus ombros e a impeço, mas isso deixa seu rosto perto do meu.

- Estou bem, só vou esperar mais algum tempo e quando amanhecer posso ir para casa.

Ela assente, e agora eu deveria me virar para o lado oposto e tentar dormir, mas não consigo evitar olhar para seu rosto, mesmo que bem pouco. Solto seus ombros e mantenho meus braços perto de mim.

- Por que não consegue dormir? - Pergunto, tentando não permanecer nesse clima estranho.

- Acho que perdi o sono quando você chegou aqui. Mas você parecia cansada, então só fiquei em silêncio.

- Você prefere que eu saia?

- Está tudo bem. Eu gosto que esteja aqui.

- Ainda é tudo falso, Sadie? - Pergunto, mesmo com medo da sua reação.

Ela suspira.

- Não acho que consigo mais ver desse jeito, sendo sincera.

Me surpreendo com a revelação, mesmo sabendo o que aconteceu mais cedo. O beijo durante aquela festa idiota serviu para que Sadie mostrasse ainda mais o que sente, só que não justifica a motivação para ela ainda seguir esse relacionamento ou o que seja isso com Alice.

- Então por que ainda prefere estar junto da Alice?

- Ela é quem prefere estar comigo.

- E você deixa - Reviro os olhos. - Se está sendo sincera, por que não afasta a Alice de você?

- É que por algum motivo, eu gosto de te ver com ciúmes. - Diz, ouço uma risada discreta e bufo.

- Não é ciúmes. Só queria que levasse mais a sério esse acordo.

- Acho que levei a sério demais.

- Eu só não quero ser mais uma Alice pra você.

- Você viu o pior de mim - Sadie diz, baixando o olhar. - Mesmo contra minha vontade, mas você viu. Acho que não é mais sobre um acordo, Millie.

- Então está dizendo que quer namorar comigo?

A pergunta a faz ficar em silêncio. Penso que fui rápida demais e nem sei de onde veio essa loucura, então corrijo:

- Que-quer dizer... - Pigarreio. - Acho que você não gosta dessas coisas, então desculpa pela pergunta, eu devo ter entendido errado.

- Mas eu não discordei, Mills.

Sem saber o motivo, meu coração acelera. Eu realmente não sei porquê. Tento falar, mas acabo balbuciando algo que nem eu entendo.

- O que você quis dizer? - Questiono.

- Eu só não sei o que dizer para você nesse momento. Tem um milhão de coisas se passando na minha cabeça, mas nenhuma delas parece certa de se dizer.

- Então me diz depois. - A beijo, aproveitando nossos rostos juntos. Faço isso rápido e depois repito. Mesmo curiosa, se ela não sabe o que dizer agora, eu quero pelo menos saber se algo aqui é verdade. Achei que iria conseguir separar, mas misturei tanto que acabei confundindo a realidade com fingimento.

My... girl? • Sillie Onde histórias criam vida. Descubra agora