PARTE I
Vinci
Aos 18 anos - deserto de Maeraka.
Ele não aprende.
Acordo sentindo a cabeça pesar, sangue escorre pelo meu rosto. As mãos estão algemadas em minhas costas e sinto uma dor excruciante no meu ombro esquerdo. Estou sendo torturado mais uma vez pela velho da perna defeituosa, meu pai.
Puxei o ar com força, meu pai afogara minha cabeça em um tanque de água gelada, perdi os sentidos, essa tortura que ele tenta me impor não me deixa nem desconfortável. Meu pai está tão envolvido em seu orgulho que não entende que um homem que não tem o que perder, não teme a nada.
As mesmas ameaças, a mesma ladainha. Ele sabe que eu não vou ceder, ele sabe que eu não vou fazer o que ele quer.
- Oh Sr. Sheik, eu não tenho religião, não acredito que você esteja realmente me propondo essa merda novamente!
- Você vai sim, sabe por qual razão? - o interrompi com uma gargalhada.
- A porra da inseminação deu errado mais uma vez? Para com isso velho! O único esperma macho que você expeliu dessa merda de saco Emir fui eu? - recebo um chute nas minhas bolas, seguro o berro da dor, sorrir nesse momento tem um efeito melhor sobre o meu pai. Irrita-lo não tem preço.
- Vincent, eu não vou mais tentar inseminação, a Layla será a última filha mulher. Eu não vou mais tentar essa merda, você vai assumir esse emirado, mas eu vou ter paciência, porque não aguento mais brigar, você já é um homem feito, já está familiarizado com as missões da falcões, corta toda essa história de orgulho, eu tô te oferecendo o mundo. Se o governo do Emirado não for assumido por você deverá ser por um dos maridos das suas irmãs. Eu posso ser um sádico, mas o povo desse emirado merece respeito e cuidado. - o interrompo com uma nova gargalhada.
Ele permanece de pé, rígido, os olhos enfurecidos, a postura rígida. Eu não tenho nada a ver com esse povo, no meio da tortura o cara vem apelar para o meu emocional?
- Você extorquiu essas pessoas anos a fio, que história é essa que esse povo merece respeito?
- Pergunte a eles se preferem a corrupção ou a guerra e deixe que eles respondam. - engulo em seco, pois sei que o povo escolherá pagar qualquer preço para ser protegido de bombas nas suas cabeças.
Seria bom demais se ele tivesse um governo voltado para o povo e os interesses de todos, porém, não é assim na prática. Os investimentos que ele levou a Maeraka e as alterações na lei religiosa, facilitaram o turismo e com isso a economia do lugar cresceu. Meu pai levou o Emirado Maeraka em outro nível de poder, com mãos de ferro ele governa e controla. Na mesma proporção que ele investe em tecnologia, arquitetura, segurança e infraestrutura, ele desvia dinheiro dos cofres e abusa de poder para com o povo.
- Vincent, eu não sou um homem bom. Estou tendo paciência com você porque a merda do destino não me deu outro filho homem. - ele chuta o piso de terra batida, estamos em um galpão no meio do deserto. - Mustafá veio conversar comigo, os italianos indicaram que vocês precisam de um nível superior, é assim que eles estão fazendo com os novos líderes da organização deles, e eu concordei com o Mustafá. Você e Omar devem estudar, não aqui, mas na Europa e é por isso que eu quero que você faça os votos e aceite a nossa religião. Você vai pra porra do ocidente ter a melhor educação e daqui a alguns anos vai voltar e assumir o seu lugar.
- Atira logo na minha cabeça, papai... - digo com sarcasmo.
- Majestade, eu... - Abdul tenta intervir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vinci - A Redenção De Um Homem
RomanceConteúdo para maiores de 18 anos Vinci Em um passado não tão distante eu tive a maior realização da minha vida. Eu me vinguei do meu pai. Tirar o velho do poder, assumir a organização e vê-lo morrer me vendo como um líder melhor do que ele imaginou...