"Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação"
— Oi.
A expressão em seu rosto demonstrava certo nervosismo, o que me deixava nervosa também, pelo que ele tinha a dizer.
— Onde você estava, filha?— ele pergunta, como se tivesse alguma moral pra perguntar. Eu não o via há semanas.
— O que você tá fazendo aqui?— o olhar de minha mãe mostra que eu disse a coisa errada, mas sinceramente não me importo.
— Eu e a Betty estávamos arrumando as coisas pra viagem e preciso saber se você vai.
— Veio aqui pra perguntar isso?
— Sim, eu acho. E te levar pra jantar hoje.
— Ok— respondi, jogando a bolsa no sofá. Abri a geladeira, completamente disposta a deixar ele ali parado.
— E então?
— Já disse a ela o que acho disso.
Ele e minha mãe trocam um olhar apreensivo. O tipo de coisa que casais fazem. É estranho como eles ainda tem essa dinâmica de casal, acho que é meio que uma consequência depois de tanto tempo juntos.
— Posso ao menos te levar ao seu restaurante preferido?— ele pergunta, os olhos de um gato pidão. Meu pai sabe que vou dizer sim.
— Vou me trocar— saio antes que ele abra aquele sorriso convencido. Sei que cedi muito rápido, mas é como se meu coração de criança fizesse de tudo pelas migalhas de afeto que ele me dá, mesmo depois de tudo.
Tomo um banho rápido e escolho uma roupa comum, calça jeans skinny e um moletom grande. Preciso descer e ir logo, antes que eu tenha tempo de pensar na situação e desistir.
— Vamos— ele me puxa para perto e passa o braço por meus ombros. Encosto a cabeça no peito de meu pai. Uma garotinha. Era assim que eu me sentia perto dele.
Sr. Williams faz questão de colocar o pen drive com o mini post-it que diz princesinha.
O meu apelido de infância. Fiz ele gravar minhas músicas preferidas naquele pen drive quando tinha 7 anos. American Pie é a primeira no rádio e ele aumenta o volume, cantarolando baixo.
Percebo que estou cantando junto e me forço a fechar a boca. Odeio esse poder que nossos pais têm sobre nós, odeio como mesmo depois de muita merda ainda tenho um instinto me dizendo para perdoá-lo. Até quando eu não queria, sabia que já tinha perdoado.
— Briana adora essa música— é claro que ele tinha que estragar o momento— Queria que você conhecesse melhor ela, é uma garotinha adorável e…
— Se quisesse isso, não a teria escondido de mim por tanto tempo.
— Princesa, eu…
— Não me chama assim.
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Fix You
RomanceMaddie era uma garota normal de dezessete anos com algumas coisas mal resolvidas. Vivia na pequena e quase ilhada Dry Island, num bairro calmo e tinha uma vida nada demais sem muitas ambições e uma queda pela amiga de infância. Eve era o completo c...