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"Todo dia a insôniaMe convence que o céuFaz tudo ficar infinito"

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"Todo dia a insônia
Me convence que o céu
Faz tudo ficar infinito"

Acordei com o sol da manhã que atravessava a cortina da sala, onde adormecemos na noite anterior.

Me levantei, olhando para os cabelos castanhos desgrenhados de Tim, que estava deitado no sofá, ainda dormindo. Fui em direção ao banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Me olhei no espelho pouco antes de seguir para a cozinha preparar um cereal para que eles comessem. Meu cabelo acobreado estava desgrenhado e minha boca seca, realmente, pouquíssimas pessoas têm o privilégio de acordar lindas, e eu não sou uma delas.

— Timothy! Levanta aí, já é quase meio-dia— menti, tentando acordá-lo.

Olhei para o relógio e vi que eram quase dez. O deixei reclamar por mais cinco minutos e depois espirrei um pouco de leite quente em seu nariz fazendo com que ele se levantasse rápido.

— In-su-por-tá-vel.

— Seu cereal está bem ali— Sorri para ele, indo me sentar nos pequenos bancos do balcão em que eu fazia quase todas as refeições em casa. Ele logo se juntou a mim e comemos em silêncio. Assim que terminamos eu subi as escadas levando meus sapatos para o quarto e passei pelo de meu pai, vendo ele dormir, ainda com a roupa do dia anterior. Eu simplesmente detesto quando ele trabalha tanto que chega em casa cansado ao ponto de nem se trocar. O trabalho do Sr. Lancaster é um de escritório do qual ele não gosta, mas que dá uma boa grana para sustentar a casa, e o mantém distraído. Eu me sinto mal por guardar parte do dinheiro que ganho no trabalho da sorveteria para a faculdade ao invés de ajudar, mas sei que daria ainda mais prejuízo a ele se o fizesse pagar pela faculdade em Nova York. Sim, eu tinha sonhos grandes, nada contra nossa cidade, mas sentia que me daria melhor lá e teria mais oportunidades. A vida agitada da cidade grande. Longe do bairro pacato que vivo, de Dry Island, de todo o clima de cidade pequena. Passei anos rondando os planos de estudo de cada opção de faculdade e esse parecia se encaixar no que eu mais gostava no quesito matérias. Sinto que o ritmo de Nova York é perfeito pra mim e minha atual meta de vida que é ser uma mulher de negócios, sem tempo pra perder com pensamentos que me assombravam. Não ter tempo pra pensar demais no que deixei.

Tomei uma ducha rápida, vestindo um moletom qualquer para ficar em casa e acordei meu pai com cuidado.

— Pai? Acorda, já fiz o café.

Ele se levantou também sorrindo para mim e foi fazer sua higiene pessoal. Desci as escadas e Tim estava sentado no sofá com a minha gata, Mel, no colo. Acho que ela estava dormindo quando chegamos ontem, já que eu não me lembrava de sua presença durante a noite.

Mel era a gatinha da minha mãe. Ela tinha ficado meio sozinha depois do que acontecera no ano anterior, mas ainda me fazia companhia todas as noites e também fazia meu pai espirrar de vez em quando, por soltar muito pelo.

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