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"Pra poesia que a gente não viveTransformar o tédio em melodia"

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"Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia"

Tim não esperou que eu abrisse a porta para entrar no quarto. Ele me analisou por inteiro antes de se sentar na cama. Notei que sua mão estava enfaixada.

— O que foi?— ele perguntou, esquadrinhando meu rosto, como se procurasse algum tipo de pista.

— Nada— menti, me levantando para lavar o rosto— O que você tá fazendo aqui?

O deixei sozinho na cama para ir até o meu banheiro. Encarei meu rosto no espelho. Duas manchas cinzas embaixo dos olhos, rosto levemente inchado e cabelo desarrumado. Minha cara está péssima mesmo, entendo porque ele perguntou. Mas nada se compara a essa sensação de que tem alguma coisa errada dentro de mim, como uma peça faltando.

Cubro o rosto com corretivo e tento melhorar minha aparência pra trabalhar hoje.

— Sei— ele encostou na porta, me olhando atentamente— Fala comigo, Maddie.

Eu e Tim nos entreolhamos pelo espelho. Ele sabe que não consigo.

— Tenho que ir trabalhar hoje— respondi, mudando de assunto— Por que você não compra um carro? Sabe...eu queria não ter que pedalar pra todos os lugares.

Ele negou com a cabeça— O dinheiro é dos meus pais, não meu.

— É a mesma coisa— disparei— Pra quem vai a grana no final ?

Tim riu, mas não cedeu ao meu pedido, apenas me analisou com cautela.

— Desculpa por nunca ter contado.

— Relaxa, Tim— respondi, enxugando o rosto.

— Bom, eu não sabia se você tinha ficado brava— ele engoliu seco— Eles não são muito presentes. E quando estão por aqui gostam de dar palpites sobre a minha vida.

Não sabia ao certo o que dizer, então fiquei em silêncio e ouvi ele comentar sobre algumas das coisas caras que tinha na mansão. Sei que ele gostou do espaço que deixei, nos entendemos de alguma forma.

Fomos juntos até a sorveteria da Sra. Betty, o estabelecimento em que eu trabalho. Não encontrei com meu pai antes de sair, não acho que vou tão cedo, ele sempre fica com vergonha depois desse tipo de episódio- se é que posso chamar assim-Ele odeia quando o vejo desse jeito, odeia estar vulnerável. Acho que me pareço um pouco com ele nesse aspecto. Eu ainda tinha aquele peso comigo. Aquela culpa. Será que não seria melhor me obrigar a conversar com ele sobre aquilo? Será que não é melhor fazer algo a mais? Tem realmente alguma coisa que eu possa fazer por ele?

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