Capitulo 4 O casamento: Contrato selado

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A capital imperial fervilhava com a movimentação dos dias que antecediam o grande evento, que seria o casamento entre a princesa Claire e o herdeiro do grande ducado de Masen. Os nobres das casas militares importantes, como, por exemplo, os duques do Norte e do Oeste, haviam sido hospedados, por pedido do imperador, no Palácio Imperial, embora possuissem residência na capital.

Naquela tarde, para surpresa de Claire, uma carta endereçada a ela, chegou por meio de um cavaleiro da família do seu noivo. Era a primeira carta que recebia desde que  soube do regresso do Lorde Masen à capital há três dias. O cavaleiro, que lhe entregara a carta, disse que seu mestre aguardava uma resposta.

— Levarei isso em consideração. – foi o que respondeu ao cavaleiro, vendo-o fazer uma reverência, para em seguida ir embora.

Só lhe passava pela cabeça, o que poderia estar escrito naquele papel, haja vista, que em dois dias se encontrariam para selar o compromisso entre suas famílias.

Com hesitação, seus dedos finos abriram o envelope, para retirar o papel perfumado, cujo cheiro misturado ao de tinta fresca, deixava a impressão de ter sido selecionado cuidadosamente. Aos poucos seus olhos foram deslizando entre as palavras contidas no papel em suas mãos.

" Querida Claire,
Sinto que deveria dizer algo, para compensar pelo meu sumiço há alguns meses. Como bem sabe, as obrigações que seguem a posição que me encontro, tendem a roubar o tempo que eu gostaria de dedicar a tarefa de nós conhecemos melhor.

Não pude ir visitá-la, mas em breve nos veremos, e farei questão de compensá-la por minha falta.

V.M "

Por que ele parecia se importar tanto com o que ela pensava? O casamento por conveniência que Claire esperava não envolvia seu marido ser atencioso, ou algo semelhante. Ela não teria a ideia ilusória de que não passava de um acordo político. Mas, em vista de opções piores, estava o mais próximo e feliz, que a situação permitia.

— Você parece cansada, Claire.

A voz suave e feminina, vinda de trás, assustou a princesa, que ao se virar, suspirou ao reconhecer a face esbelta de sua irmã, Diana, dois anos mais velha.

— Os preparativos para a cerimônia têm sindo exaustivos.– disse ela.

— Vejo em seus olhos que está aflita. – O toque reconfortante alcançou o ombro de Claire, que sorriu para os olhos esmeraldas, que encaravam-na com ternura.

— Não se preocupe por mim, Diana. Não é como se eu tivesse realmente escolha.

— Você se livrou de um casamento com o conde Phill, irmã. Lorde Victor me parece uma boa pessoa.

— Como pode supor isso?

— Ele parece, de alguma forma, antencioso. Ouvi que você recebeu uma carta, e já que você está com uma nas mãos, suponho que ouvi certo. É dele, não é?

— Sim. Estou nervosa, confesso.

— Nervosa com o quê?
— Com o casamento, e o que implica uma vida de casados. – sua voz morre aos poucos, um tremor desagradável na espinha lhe faz bufar.

— A vida de casado à dois. Entendo perfeitamente, irmã. Quando me casei com Lyon, tive os mesmos receios que você, mas veja, foram nada além de fantasmas.

Claire queria muito acreditar que seus receios não passavam de brincadeiras de sua mente, tentando assusta-la.

— Vamos compartilhar a refeição na sala de jantar. Você deve estar com fome.

— Eu agradeço, querida.– Diana entrelaçou seu braço ao se Claire, caminhando lado a lado com a ruiva pelos corredores do Palácio das Rosas, até chegar ao salão onde a princesa realizava as refeições.

Duas criadas foram responsáveis por servir o banquete, enquanto compartilhava daquele momento com a irmã, não deixava de pensar em que, daqui a dois dias, estaria compartilhando não só a refeição, mas uma vida com o futuro duque Masen.

Dois dias se passaram voando, como se o tempo estivesse zombando de Claire, que, com a ajuda das criadas, vestia seu luxuoso vestido de noiva, feito com os tecidos mais finos e caros do império.a renda branca cravejada de centenas de pequenos diamantes, brilhava majestosamente ao ser beijada pela iluminação. O decote era pouco revelador, mas sem perder a sensualidade que criava.

— Vossa alteza está deslumbrante. – disse uma das criadas.

— Sim, o jovem mestre ficará atordoado quando vê-la, princesa.

O toque de Sarah a reconfortou.

— Você está magnífica, como sempre, vossa alteza.

Ela iria se casar. Pelos deuses, como estava nervosa. O tempo foi passando, até que uma batida na porta, e a voz de seu irmão Garret se sobressaiu, anunciando que estava na hora de irem para o santuário, onde a cerimônia ia ser realizada pelo alto sacerdote do templo.

(...)

O véu cobria seu rosto, mas ela conseguia ver através. Havia uma quantidade considerável de nobres, todos os olhos direcionados para Claire. O imperador ao seu lado marchou imponente pelo caminho que levava ao altar. A música se tornava quase inexistente nos ouvidos de Claire. Seus olhos buscaram a figura bela no final do corredor, ao lado do alto sacerdote. Victor estava vestido com um terno branco, com o brasão da família bordado, e algumas medalhas de honra. Suas abotoaduras de safira se destacavam, e combinavam perfeitamente com seus olhos, que acompanhavam os passos de Claire até o altar.

— Entrego a mão de minha filha ao sucessor da família Masen. Que aqui se cumpra e se una nossas famílias.

O imperador entregou a mão de Claire diretamente à Victor. Foi um alívio perceber que não era somente a jovem que estava nervosa. Os dedos gelados do seu noivo eram um claro indicador de como ele estava. O sorriso em seu rosto foi sincero ao vê-la.

— Você brilha.– Claire franziu a testa levemente com o comentário.

— Obrigada.– agradeceu, agradecendo por seu veu cobrir parcialmente o rubor de suas bochechas.

A cerimônia início com o sacerdote oferecendo um cálice para os noivos, que beberam, sem questionar o seu conteúdo. Em seguida, como ditava a tradição, o sangue de ambos foi derramado, após um pequeno corte no dedo, o que foi desconfortável, decididamente desconfortável, pensou Claire. Era um ritual de sangue, um ritual mágico.

— O sangue sagrado das famílias, hoje se unem, diante dos deuses, irrevogavelmente. – O sacerdote proferiu as palavras finais. Claire encarou as mãos entrelaçadas brilhando com uma luz azulada, e pôde sentir, uma energia antiga percorrer seu corpo.

Seu noivo, não, seu marido, virou-se, e separou suas mãos. Claire sentiu seu coração bater estrondosamente no peito,ao ver as mãos dele na altura de seu rosto, para em seguida levantar o véu. Ele estava com o maxilar rígido, e Claire se questionava o que o deixava tão tenso assim. O toque quente de Victor deslizou pela bochecha rosada de Claire, enquanto ele lentamente se inclinava, de maneira que quando seus lábios se encostaram, e ficaram sem se mover, deu a impressão de que estavam a beijar-se com intensa desenvoltura.

Como se assustado, ele se afastou, para confusão da ruiva, que ainda estava de olhos fechados, e,  ao abri-los, deparou-se com Victor com as bochechas avermelhadas.

Ele lhe estendeu a mão. Claire prontamente aceitou. Eles teriam um longo dia, e uma noite maior ainda.

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