O Duque é uma duquesa

Capítulo 8

Na torre principal do palácio, Claire ficou no centro da sala enquanto várias damas estavam ocupadas ajustando seu vestido para o baile oferecido pelo conde da cidade de East River, uma das cidades mais ricas do Ducado Oriental e uma rota comercial de várias caravanas para o centro do império.

Claire não via o marido há dias, e mesmo quando ela perguntou a seu assistente pessoal sobre ele, a única resposta recebida foi que Victor estava muito ocupado.

Ela não queria pensar muito sobre isso, sobre seu marido ausente, sobre as obrigações que ela tinha que cumprir como futura duquesa, com as quais ela estava lentamente aprendendo a lidar.

Claire não queria admitir, mas enquanto almoçava sozinha naquela imponente sala de jantar, ela se sentiu inegavelmente tratada injustamente.

— Este vestido combina perfeitamente com Vossa Alteza. — disse uma das estilistas, admirando a figura esbelta da princesa.

— Sim, só o melhor tecido poderia estar na pele de Sua Alteza a Princesa. – disse outra, sorrindo.

O espelho na frente da princesa revelava a aparência elegante e sofisticada que ela encarnava, ela era como uma flor de inverno, fria e graciosa, quase inatingível, uma beleza sublime e divina que poucos podem igualar.

O vestido era vermelho com finas correntes de ouro e cravejado de pequenos diamantes. O manto dourado que adornava seus ombros tinha o brasão da família Masen elegantemente bordado com fios de prata, dando à princesa uma aparência real.

Ela era a flor mais bonita do reino, sua visão quase divina demais para as pessoas se acostumarem.

Quando Claire terminou de se vestir, a porta de seu quarto foi aberta e as senhoras se curvaram elegantemente para o jovem de cabelos grisalhos, que estava impecavelmente vestido e cujos ombros estavam cobertos por uma capa vermelha com um broche de rubi no ombro.

– Vocês podem ir. — Claire se livrou de sua surpresa e falou com as senhoras, que não precisaram ouvir duas vezes para sair da sala.

Claire respirou fundo, sua mente a alertando que ela estava vendo seu marido pela primeira vez em quinze dias, e ele ficou olhando para ela sem dizer uma palavra, apenas seus olhos azul safira brilhando em cada detalhe do corpo da princesa.

— O jovem lorde não diz uma palavra? — Claire não aguentou o silêncio e falou para esconder sua irritação.

Victor piscou quando saiu de seu transe, levou a mão enluvada ao rosto e esfregou a bochecha. Claire pensou que o rubor nas bochechas do jovem de cabelos prateados era uma ilusão.

— Desculpe, minha querida.

A voz calma do jovem silenciou as queixas de Claire.

Ele caminhou devagar, como se tivesse medo de assustá-la, e quando eles finalmente se encararam, Claire sentiu seu coração entorpecido pela curta distância entre eles.

— Peço desculpas por não ter visitado você esta semana. — ele encontrou os olhos dela, e Claire pôde sentir a sinceridade de seu pedido de desculpas.

Victor pegou uma das mãos de Claire e levou-a aos lábios frios, um calor percorre o corpo da princesa ao toque dos lábios contra sua pele e seu coração bate mais rápido.

— Eu estava ocupado organizando alguns assuntos do Ducado ,— uma ruga se formou entre as sobrancelhas prateadas de seu marido, Claire se absteve de tocá-lo. — Desde que meu pai, o duque, está em guerra, a responsabilidade aumentou, então, por favor, perdoe minha negligência.

— Você parece cansado. — Claire disse baixinho, levando a mão livre ao rosto de Victor, surpresa com o quão macia a pele estava sob seus dedos. — Você dormiu bem?

Claire não queria perguntar onde ele esteve todas as noites nos últimos dias, mesmo que o pensamento deixasse seu peito incomodo.
Os cantos dos lábios de Victor se curvaram. Claire suspirou com a bela visão à sua frente.

— A mesa do meu escritório não é tão ruim. — ele disse timidamente, apreciando o calor dos dedos finos da princesa em sua bochecha. — Mas prefiro uma cama, mesmo que não a veja há  dias.

Um sorriso brilhou nos olhos de Claire, ela observou atentamente enquanto os cílios brancos se contraíam suavemente sob seus dedos. Um suspiro escapou de seus lábios quando os olhos azuis intensos se abriram.

Ela ainda podia sentir a textura e o calor da luva de Victor em sua mão nua, ela podia sentir o calor irradiando de sua pele através do tecido.

— O que você tem feito nesses dias? — Claire desviou o olhar para a pedra vermelha no ombro do jovem de cabelos brancos.

— Algumas coisas administrativas, nada demais.

— Eu sei que pode ser um pouco cansativo, então não fique muito cansada, afinal Vee pode fazer essas coisas quando você estiver entediada.

Enquanto Vee caminhava pelo corredor, ele não sabia porque um arrepio percorreu sua espinha, seu nariz coçou e ele de repente espirrou. Ele olhou em volta confuso, alguém queria prejudicá-lo?


Claire sorriu com a preocupação de seu marido, sua mão, acariciando seu rosto macio e quente, viajou até seu pescoço e tocou sua nuca, fazendo com que o jovem a sua frente estremecesse levemente.

Um sorriso atrevido brincou em seus lábios, a ruiva suspirou e acariciou os fios prateados sedosos sob sua mão.

– Hm, — Claire segurou sua diversão quando Victor pigarreou e tentou falar — bem, temos que ir, o baile...

– É à noite. – disse Claire, lembrando-lhe que não eram nem três horas da tarde e que a distância até a mansão do conde era de apenas duas horas e meia.

— Ah, claro que sim – disse ele, corando.

Claire estudou o rosto esculpido na frente dela, as sobrancelhas prateadas e os lábios corados como cerejas maduras, inconscientemente Claire se sentia com sede, sua garganta seca e lábios apertados.   O jovem Mestre inclinou-se ligeiramente por causa da mão em seu pescoço.

O jovem bonito na frente dela cheirava a lavanda, era como encontrar Claire em um jardim florido em uma manhã de primavera.

Ele não parecia tão distante quanto demonstrava ao encontrar os soldados e nobres que costumavam ficar no jardim da frente, e Claire assistia tudo da janela de seu quarto.

Claire tinha notado que ele era sempre tão indiferente aos outros e exalava uma aura fria, mas quando eles estavam juntos, nas poucas ocasiões em que ficavam, ele não era nada além de amigável.

— Você está nervoso agora? — Claire brincou, lembrando vagamente da noite após o casamento, o jovem de cabelos brancos parecia estar se divertindo de seu estado errado.

Seus olhos azuis continuaram a fazer contato com os dela, mas Claire notou o leve tom de vermelho em suas bochechas brancas.

Para sua surpresa, a princesa colocou o outro braço sobre o ombro de Victor e apertou seu pescoço, seus corpos quase colados agora. 

Ela podia sentir o hálito quente em seu rosto, seu próprio coração estava batendo em um ritmo desconhecido e ela sentia o calor se estendendo de seu peito para os outros membros de seu corpo.

Ainda atordoado, ele levou um momento para colocar as mãos na cintura dela, Claire suspirou satisfeita, temendo que ela estivesse cruzando uma linha, o aperto de mãos firmes em seu corpo foi uma boa resposta.
Ela inclinou a cabeça para encontrar os olhos cor de safira, o azul quase obscurecido pelas pupilas dilatadas.

— Um pouco. — confessou. —  Mas de uma forma boa.

— E como posso acreditar nisso?

Os olhos cor de safira encontraram os lábios vermelhos que pareciam ter gosto de morango, e o cheiro do corpo da princesa deixou Victor um pouco grogue. Claire observou com expectativa quando os olhos azuis deixaram seus lábios e traçaram os contornos de seu rosto até chegarem aos olhos dela.

— Você já sabe disso, princesa. — ele disse.

— Eu sei. — sussurrou Claire, fechando o pequeno espaço entre eles.

Sua boca cobriu a de seu marido, apenas uma sobreposição de lábios parados, um suspiro lento escapou de Claire enquanto as mãos em sua cintura apertavam deliciosamente, os lábios frios de Victor se moveram, fazendo os de Claire se separar lentamente enquanto ela puxava o pescoço do jovem de cabelos brancos.

Com a língua deslizando contra o lábio inferior, Claire ficou satisfeita quando  ganhou acesso ao interior da boca de seu marido.

A princesa suspirou ao sentir suas línguas se movendo lentamente uma contra a outra. Os dedos do jovem apertaram a carne da cintura da princesa e ela gemeu de satisfação quando ele tomou seu lábio inferior na boca.

Os lábios de Victor tinham gosto de morango, a frieza de seus lábios e sua língua deslizando em sua boca e tomando o controle do beijo intenso deixaram Claire atordoada, suas pernas pareciam perder força enquanto o calor subia de sua espinha, estendendo-se pelo meio de suas pernas.

Uma batida na porta despertou os dois da bolha de prazer que os beijos haviam criado. Victor se afastou, mas continuou segurando a cintura de sua esposa.

Claire prendeu a respiração quando sentiu o rosto de seu marido contra a curva de seu pescoço, sua respiração descontrolada batendo contra sua pele sensível. Claire, parecendo a mais calma, se concentrou na pessoa atrás da porta e limpou a garganta antes de falar.

— Quem é esse?

— Sua Alteza, a carruagem e a escolta estão prontas.

— Tudo bem, estamos chegando, você pode ir.

Quando a empregada que entregara o recado obteve permissão, ela se afastou, deixando o jovem casal no quarto, que agora parecia um pouco abafado.

Claire abriu a boca, mas o som que saiu foi um gemido quando a boca macia e quente de Victor beijou a pele abaixo de sua orelha. Uma risada melodiosa pegou os ouvidos da princesa, livrando-a da distração dos lábios deliciosos de seu marido.

— Devemos ir agora, meu amor. — Victor disse, colocando uma distância entre os dois.

Os lindos olhos azuis safira brilharam com diversão, Claire notou, mordendo o lábio inferior brevemente antes de aceitar o braço estendido.

— Espero que seja um baile interessante.

— Você gosta de bailes? — a princesa ouviu o tom curioso na voz do marido.

—Alguns. — disse ela, lembrando-se dos bailes que frequentou durante seu tempo no palácio imperial.

Claire e Victor conversaram durante o trajeto até a carruagem, sem perceber os olhares estranhos e atordoados de Vee, que assistiu chocado enquanto seu chefe sorria gentilmente para a Princesa Imperial. Ele se lembra muito bem de como o jovem mestre torturou um espião na masmorra horas atrás, seu rosto frio e perigoso fez até os soldados estremecerem.

—O chefe parece um pouco estranho. — Vee comentou consigo mesmo, piscou e voltou sua atenção para o guarda ao lado dele. — Você entendeu minhas instruções?

— Sim, Lorde Vee.

— Tudo bem, vá agora.

Segurando o braço do jovem ao seu lado, Claire atravessou o jardim até a carruagem guardada por um cavaleiro em uma capa escura, armadura de couro e tecido e botas compridas. Apertando os olhos, a princesa percebeu que era Henry e queria expulsa-lo do leste, mas imaginou que isso atrairia muita atenção indesejada.

Henry abriu a porta da carruagem, Victor ajudou Claire a se levantar, então ele entrou também, e os dois se acomodaram nos confortáveis assentos acolchoados, lado a lado.

Claire inclinou a cabeça e se apoiou no ombro do garoto de cabelos prateados, ela segurou uma de suas mãos enluvadas e a apertou.

— Como é esse conde?

Claire esperou alguns segundos para Victor começar a falar, ele se acomodou mais para deixá-la confortável.

— Ele é falador, um bom negociador, às vezes muito egocêntrico e tem uma língua prateada, então não se surpreenda se você ouvir um elogio ou dois.

— Hm, você parece conhecê-lo bem.

— Eu estava na cidade dele quando era mais jovem, participei de um banquete, e ele me apresentou a todas as cinco filhas dele, embora eu tivesse apenas sete anos. — disse com uma voz risonha. — Você pode imaginar que foi estranho.

— Ah, as cinco filhas?

Claire sentiu o jovem endurecer ao lado dela, ela fechou os olhos e mordeu o lábio para suprimir uma risada divertida.

— Ah bem...

— Então você conhece várias jovens damas.

— Como eu poderia? Eu nem me lembro mais de seus rostos. — ele respondeu defensivamente.

—E seus nomes?

Ele ficou em silêncio, então Claire levantou a cabeça para olhar para ele e riu quando o marido desviou o olhar.

Ela estendeu a mão e virou o rosto para ela, os olhos azuis safira brilhantes encontrando os dela, então Claire correu os dedos pelo queixo de Victor, notando o momento em que ele engoliu em seco e sorriu antes de aproximar os seus lábios carnudos e pressioná-los  contra a boca de Victor.

Em seguida, ela se afastou e encontrou os olhos amolecidos observando sua boca, havia pura fome no rosto do jovem Masen. Ele estendeu a mão e beijou o rosto da princesa que ansiava por lábios tão deliciosos e macios.

Claire gemeu ao sentir a língua dele entrar em sua boca, acariciando seus lábios deliciosamente enquanto a mão esquerda do garoto segurava a cintura de Claire com força e sua mão esquerda descansava nas costas do banco em que estavam sentados na carruagem.

Claire suspirou enquanto os beijos de seu marido viajavam por seu pescoço, ela inclinou a cabeça para o lado, expondo sua artéria carótida e qualquer possível pele. Claire agarrou seu cabelo prateado entre os dedos enquanto a boca quente pressionava contra sua carne, dentes puxando sua pele, e Claire teve que se controlar para não gemer  vergonhosamente quando a língua quente de Victor deslizou contra sua clavícula e beijou-a com a boca aberta.

— deuses. — ela murmurou grogue, seu peito arfando com o ritmo frenético de sua respiração. Uma risadinha do garoto de cabelos prateados fez Claire fechar os olhos e saborear as sensações prazerosas do contato da boca quente com seu corpo.

— Você tem um cheiro delicioso. — Claire tremeu com o sussurro em seu ouvido. Ela realmente gostou desse lado de Victor Masen.