4-Quando as estrelas se apagam.

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Se esse anjo, se esse anjo fosse meu...

O som vinha de um grupo de crianças que brincavam do lado de fora da nossa escola. Eu estava na biblioteca a procura de um livro para me ajudar com o trabalho de português enquanto observava os pequeninos girarem e cantarem com gargalhadas de diversão.

Eu mandava, eu mandava ele voar...

Me afastei da janela quando percebi que estava sendo observado por uma garotinha do outro lado da rua. Diferente das outras crianças, ela não brincava, apenas me encarava profundamente. A sua aparência também era exótica. Seus cabelos eram quase grisalhos, sua pele era branca como a neve, e seus olhos eram um azul vivo. A garota deveria ter por volta dos seis a sete anos de idade. Ela era uma criança albina.

Com asinhas, com asinhas bem cortantes...

Eu quase desmaiei de pavor ao notar seu olhar pesar sobre mim e depois a pequenina desaparecer de minha visão como um fantasma.

Ouço a porta da biblioteca fechar com força então caminho em direção ao barulho.

Para o seu, para o seu amor matar.

Em passos lentos eu seguia, minhas mãos soavam e meu coração batia loucamente em meu peito. Até que eu paro em frente a porta. Alí tinha alguém, ele chorava muito. Enquanto gritava pedindo para que abrissem a porta.

-Como pode fazer isso comigo? Snif- Soluça.- Você é meu irmão afinal de contas... Por-r que?

Aquela voz era a mesma do filme que assisti com meus amigos na televisão antiga de casa. O mesmo da gravação da primeira fita que assistimos. Era ele.

-Jimin?- Pergunto me aproximando de seu corpo que estava jogado a beira da porta com a cabeça baixa enquanto chorava de soluçar.

Sem respostas. Parece que ele não ouviu.

-Ora ora irmãozinho, você sabe muito bem o porquê de eu estar fazendo isso.- Responde uma voz atrás da porta.- Eu quero saber onde você escondeu!

-Eu já falei para você Ji-Ho, snif- choraminga.- eu não vou deixar você nem nenhum dos nossos irmãos matarem ela! Não irei.

Uma gargalhada emergiu de detrás da porta.- Vamos lá... Você sabe que ela sequer deveria existir. Não é isso que nosso Pai quer Jimin.

-Não tem como você saber o que o Papai quer Ji-Ho!- Disse.

-Onde você escondeu ela Park Jimin?- A voz soa irada.

Eu tento me aproximar de Jimin que estava sentado no chão com a cabeça apoiada em seus joelhos. Minha mão vai de encontro aos fios de seus cabelos, no entanto elas atravessam do mesmo como se eu fosse um fantasma.

-Abre essa porta!- Diz Jimin com a voz trêmula.- Eu.. e-eu tenho medo Ji-Ho... Snif.- Enxuga uma lágrima que escorre de seus olhos.- V-você sabe que eu detesto o escuro...- Agarra o pingente que enfeitava o seu pescoço. Neste havia uma jóia de ametista.

-Jimin...- Tento novamente, dessa vez tentando tocar em seu ombro. Novamente falho.

-Sinto muito maninho. Mas eu só irei abrir essa porta quando você me dizer aonde você escondeu ela.- Risos.- Você abandonou sua missão Park Jimin. Tudo isso pelo quê? Por um humano patético. Você está se transformando em um deles também. Tsc.

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