Capítulo 6- Você disse irmão?

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—Jungkook-ah, vamos recapitular tudo...— Disse Jimin me sacudindo enquanto eu estava repetidas vezes me beliscando e quase arrancando os fios dos meus cabelos pela ansiedade e completa falta de autocontrole.— Você NÃO está morto!

—É claro que eu estou, olha para você!— Aponto em sua direção — Seu cabelo não era loiro na fita?

—Fita? Que fita?— Arqueou as sombrancelhas enquanto me encarva cada vez mais incrédulo de meus "contos"— Eu pintei meu cabelo de rosa já faz um mês Jeon Jungkook!

—Longa história...— Digo roendo as unhas.— E... Eu achei que você fosse mais sentimental...

—Sentimental? Por que acharia isso?— Fez um biquinho e cruzou os braços emburrado— Jungkook-ah será que a bebida que você tomou ontem na festa da Lili subiu para o seu cérebro?

—Lili? Quem é essa?

—Lili? Lalisa? Lisa? a namorada da sua irmã rebelde? — com os olhos surpresos volta a caminhar em direção.

—Perai... Que dia você falou que era hoje mesmo?— minhas memórias estão confusas pelos acontecimentos de hoje quando magicamente apareci ao lado de Park Jimin, sendo que o mesmo deveria estar morto.

—Dia 27 de maio de 2019, você esqueceu? Ontem completamos um ano de namoro, por isso fomos comemorar na Lili...—disse ele ainda com o olhar recaído sobre mim.—Olha Kookie, eu não sei o que está acontecendo m-...

Um som fora ecoado pelo quarto, alguém estava batendo na porta agressivamente. Tomei um sustinho devido ao barulho.

—Jimin, eu sei que você está aí.—A voz familiar soou rudemente enquanto forçava a maçaneta da porta que aparentemente estava trancada.

Minha memória viajou até o pesadelo no qual eu tive com Park Jimin, que chorava apavorado em algum local desconhecido por mim. Era isso, a voz que transmitia-se atrás da porta era a mesma do sonho, é ele. Park Ji-Ho, seu irmão gêmeo.

—Vai embora Ji-Ho!— Disse Jimin enquanto abraçava seu corpo e balançava a perna ansiosamente.—Por favor...—Soou afetado.—por favor me deixe em p-paz!

Um riso frouxo ecoou detrás da porta.—O tempo está acabando para você maninho... Tic. tac. tic. tac.

Eu queria me mexer, mas meu corpo tremia. A voz de Ji-Ho já não era um bom sinal, lembrava-me algo asqueroso, algo que me enjoava. Me trazia lembranças embaralhadas e confusas.

—Bom, esteja pronto para subir, só vim até a sua presença inútil para lhe dar essa mensagem, Papai o espera.

O silêncio pairou pelo ar novamente, Jimin estava estático ao meu lado e aparentemente Ji-Ho havia se retirado já que os barulhos na porta cessaram e um silêncio ensurdecedor pairou.

Eu nunca deveria ter nos separado.— Park sussurrou para si.

—Vo-ocê está bem?— Perguntei mais com o intuito de uma comprovação. Mas Jimin não respondia, ele parecia parado no tempo, e quando eu digo parado é parado. Ele sequer mexia um músculo. Estava estático.

Afastei-me do mesmo com receio, foi quando percebi que não somente ele havia parado, mas tudo, tudo ao nosso redor tornou-se estático. Observei pela janela do quarto e parecia que Deus havia apertado o botão "pausar" no universo. Ruas, pessoas, pássaros, Sol, nuvens nada se mexia.

E ficou assim por longos minutos. Recuei alguns passos para trás e saí da borda da janela, foi quando tudo retomou a mexer-se. Só que dessa vez, ao contrário, como se Deus tivesse apertado no botão "voltar".

Ao voltar tudo normal, era noite. Jimin retornou a se mexer, seus cabelos tomou-se em um tom escuro quase preto. Ele locomovia-se de um lado para o outro em seu quarto, parecia procurar algo. Estava tão inerte que sequer notou a minha presença em seu quarto. Ou não me viu.

Seu corpo caminhava em minha direção. Park andava com a cabeça baixa e olhar decaído aos pés. Foi quando ele me transpassou feito um fantasma.

—Cala a boca!—Exclama o moreno,—Eu já não aguento mais você!—continuou a falar sozinho.—Eu vou dar um fim nisso agora.—observo-o caminhar até a cômoda ao lado de sua cama, abre a primeira gaveta e pega um frasco pequeno de vidro, o líquido que havia dentro era vermelho sangue.—Achei!—exclama.—O que acha disso Ji-Ho?—Encarou a si próprio no espelho da penteadeira abrindo a rolha que tampava ao frasco e sorriu engulindo todo o líquido.

Ele desmaiou.

Congelado no mesmo local escuto vozes de crianças novamente. Elas cantava um cântico desconhecido por mim em meio a gargalhadas macabras, era como se suas vozes viessem de dentro da minha cabeça. O cântico era algo parecido com:

Terça, vem seu irmão.

Quarta, ele se alegrou.

Quinta, ele se casou.

Sexta, anjo virou.

Sábado, ele foi levado.

Domingo, ele foi julgado.

Segunda, execultado.

Terça, foi sepultado.

Notei um movimento estranho adentrando a escuridão do quarto, olhei ao redor e perto do corpo desmaiado de Jimin formou-se uma sombra densa, essa sombra saia de suas narinas e desenhou-se ao seu lado, sendo moldado igualmente uma figura humana. A densidade foi diminuindo dando espaço para o surgimento de Park Ji-Ho. Bem em minha frente.

—Ora ora... Vejo que o anjinho caído realmente tem palavra.— Debochou enquanto aplicava tapas nas bochechas de Jimin, aparentava querer acordá-lo.—Mas não foi nada sábio separar a sua alma irmãozinho. E olha só que aparência tediante eu me encontro!—sorriu amarelo.— Agora eu me tornei apenas mais uma sócia patética de você, Tsc.

O que diabos está acontecendo!?

—Você me isolou, como teve coragem de me isolar dentro de seu subconsciente?—Continuou tagarelando.—Tudo porque queria guardar esse segredinho para si.—Acerta outro tapa no rosto alheio.— Me fale onde você a escondeu Jimin! ONDE VOCÊ ESCONDEU O MILAGRE?

De repente minha visão torna-se turva, meus pés estão desfalecidos e eu novamente vou de encontro ao chão.

—Jungkookie?—Ouvi uma voz me chamar, parecia a de minha irmã.—MÃE O JEY ACORDOU!— Esbravejou, sem dúvidas aquela gralha era minha irmã.

—Meu filho?—Abro lentamente os olhos e me deparo com a imagem das duas mulheres de minha vida me encarando surpresas e preocupadas.—Achei que iria te perder...

—Como tem coragem de me assustar assim pirralho? Tá com merda na cabeça para ficar inconsciente por quatro dias?!—Arregalo os olhos pela última fala de Rosie. Eu realmente estava inconsciente por quatro dias? Isso explica o soro e a bolsa de xixi ao lado de meu corpo deitado na cama hospitalar.

Olhei no calendário pequeno em cima da mesinha próxima a mim, marcava dia 29 de junho de 2021. O ano que estamos...
Parece que tudo aquilo não passou de um delírio meu.

—Sinto muito por ter te dado acesso as minhas memórias Jungkookie...


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