Capítulo 2

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Narrado por Júlia

  O dia estava triste outra vez. Nunca mais foi o mesmo sem o amor da minha vida. Não sei se algum dia vou esquece-lo. Depois de dois anos já tenho idade para relacionar-me com ele, mas nunca mais o vi. O mundo é injusto, o amor é injusto.

  Saí da cama para mais um dia de trabalho. Tinha encontrado um trabalho numa cafeteria aqui perto. Trabalhava aos fins de semana e ia para a uni durante os outros dias. Acabei por entrar em um curso de medicina mesmo. Era a minha segunda paixão.

  Fui tomar um banho para refrescar a cabeça. Demorei mais do que o habitual, hoje estava com demasiado sono para apressar-me. Quando finalmente acabei sequei o cabelo para vestir-me. A minha cor preferida tinha-se tornado o preto. Vesti um moletom dessa cor e umas jeans largas. Coloquei um colar de prata e fui para o trabalho.

  Como sempre a minha mãe brigou comigo assim que me viu sair de casa sem comer então peguei uma maçã para alegrar um pouco o dia dela. Na verdade, eu não ia comer agora mas pelo menos ela ficava pensando isso.

  Hoje era sábado então o café estaria completamente cheio logo de manhã. Tentei apressar-me para que não deixasse o trabalho todo para a minha colega.

  Eu trabalho lá com mais três meninas da universidade: Helena, Rute e Maria Beatriz. Duas faziam o turno da manhã em uma semana e as outras o da tarde e na semana seguinte era vice-versa.

  O meu par era com Helena. Uma menina super divertida, loira de olhos verdes e super vaidosa. Nunca a vi sem maquiagem ou sem utensílios como pulseiras e colares. Acabamos por virar amigas, mesmo que não tenhamos nada a ver uma com a outra.

   No domingo assim que terminávamos o nosso turno a gente ia sempre comer em uma pastelaria as duas. O café onde trabalhamos tinha bolos, mas eu não aconselhava alguém a comê-los. Já rimos muito com isso logo no primeiro dia em que estivemos juntas.

  Por fim cheguei logo no pequeno lugar. O cafézinho era super pequeno e tinha apenas clientes habituais que vinham sempre pelo menos uma vez ao fim de semana. Então mesmo não havendo muitos clientes aquele sítio enchia sempre.

  Entrei e coloquei logo o meu avental com o nome do local escrito. E cumprimentei Helena que já atendia alguns clientes.

-Desculpa - susurrei para ela me desculpando pelo meu atraso.

  Rapidamente fui para uma das caixas e comecei o meu trabalho.

-Bom dia, o que deseja por favor?- disse a uma jovem que não conhecia.

  Ela não parecia cliente habitual, provavelmente veio com mais alguém.

- Humm - ela disse colocando a mão no queixo - uma tosta mista e duas chinesas por favor.

  Coloquei na máquina o seu pedido para que Helena recebe-se e elabora-se tudo.

-Dá 3,80 por favor. - disse ainda sonolenta.

  A garota dá o dinheiro certo e vai-se sentar em uma das mesas. Como fiquei curiosa continuei atenta na menina para ver se conseguia saber quem ela era.

  Continuei atendendo todos enquanto ouvia a conversa, com uma amiga? Sim, provavelmente é amiga.

-Foste ao médico hoje neh? - a morena disse para menina que veio aqui na caixa. Apercebi-me que era brasileira pelo seu sotaque.

-Simmm, ele é um gato, não o imaginava assim. Ele chama-se Roberto e é um querido. - Será que é o meu Roberto??? Não pode ser...

- E o que ele disse vendo isso aí em baixo? - disse apontando para a parte íntima da amiga. Ela tinha ido a um geneacologista.

-Ahhh ele disse que era para eu tomar cuidado porque era muito nova e tal, mas que não estou grávida.

  A partir daqui dicidi que não escutaria mais nada. É uma conversa muito íntima para que eu fique invadindo a privacidade delas.

  Realmente fiquei pensando se o Roberto foi para geneacologia. Era possível. Uma vez ele brincou acerca disso, portanto há uma grande chance que realmente tenha seguido isso.

  Com tudo isto, metade do meu turno tinha-se passado e precisa descansar urgentemente. Fui até à cozinha e peguei um copo de água para fingir que estava ocupada. Sentei-me um banco que tinha lá perto e fiquei sentada pelos 10 minutos, tinha os pés doendo.

-Júliaaaa!!! - ouvi a Helena gritar de lá do fundo. - Para de descansar e vem ajudar-me - ela gritou novamente.

  Levantei-me envergonhada e fui até ela correndo. Quando cheguei lá não tinha ninguém para atender e olhei feio para a miúda que ria da minha cara esmurecida.

-Desculpa - ela dizia entre risadas - não era suposto vires correndo. Desculpa.

- Não tem piada! Ficas já sabendo! - gritei fingindo estar amuada.

-Eu queria falar contigo - ela disse parando de rir - sobre o que a tua psicóloga disse-te. Prometeste contar.

-Ah ela disse o de sempre, que tinha que começar a pensar em outras coisas e blá blá blá. - menti, ela realmente não disse isso. Ela queria diagnosticar com depressão, mas não acho que chego a esse ponto também.

-Humm, os psicólogos são todos iguais.

-Sim... - disse tentando esconder a minha mentira.

  Precisava de um café, eu odiava mentir para ela, mas ela não precisava preocupar-se comigo. Peguei no dinheiro certo e meti na caixa.

-Prepara um café pra mim? - perguntei a Helena

-Claro ou escuro?

-Pode ser escuro.

   E assim passou o meu turno todo. As outras meninas já tinham chegado então fui para casa preparar-me para ir correr. Aproveitava o sábado para fazer algum exercício e então ia até a um parque correr durante um pedacinho.

   Entrei em casa devagar e coloquei uma roupa desportiva para que não transpirasse a minha roupa nova. Peguei uma garrafa e a maça que tinha pegado de manhã.

  Fui até ao parquinho e sentei num dos bancos para comer a maçã. Um garoto veio e sentou-se ao meu lado. Ele era super bonito. Cabelo ondulado com músculos defenidos e dentes da cor da folha de papel.

-Oi - ele disse assim que se sentou - meu pai mandou vir aqui ajudar-te com alguns problemas teus.

-Humm...eu conheço o teu pai? - falei tentando reconhecer o rapaz, acabando em um falhanço total.

-Óbvio que conhece. Prazer sou o Eros - ele disse esticando a mão pra mim para um cumprimento e estiquei de volta.

-Nome incomum o seu. Chamo-me Júlia.

- Meu pai falou que tu tinhas uns problemas por causa do Roberto, que ficaste apaixonada durante muito tempo... É peço desculpa por isso...

   Fiquei sem entender nada. Como ele conhecia o Roberto? E como sabia que eu estava apaixonada por ele? Provavelmente era amigo dele e acabou sabendo da história. Mas como assim ele está se culpando por isso? Acho que fiz uma cara estranha porque ele começou a rir.

-Não penses muito só vim ajudar-te. Aceitas uma conversa?

  Eu comecei a sentir que ele poderia ser uma pessoa má e levantei-me e comecei a correr.

-Eiii!? - ele gritou tentando fazer com que voltasse para trás mas como não fui ele começou a correr atrás de mim.

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Oieee, podemos dizer que este é o primeiro capítulo, mas eu precisava de fazer aquela introdução e acho que ficava feio junto do prólogo.

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O Anjo CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora