𝚂𝚘𝚕 𝚍𝚊𝚜 𝚗𝚘𝚒𝚝𝚎𝚜
Nos meus olhos, brilham as três purpurinas mais bonitas que você já imaginou ter visto em toda a sua vida. Uma amarela, uma branca e uma bem vermelha, cereja, como o sangue das minhas veias.
Eu tinha a certeza de que eles precisavam disso.
De que eles viveriam mais se o meu acabamento repleto de adornos revivesse aquela criança de cada alma, com sede de viver.
Me enganei a cada melodia cantada pela voz macia de um larápio de tempo. Que me mostrasse todo o céu da noite, estrela por estrela.
Incrédulo, porque o sol é uma estrela anã, capaz de engolir o maior gigante do nosso planeta.
Não me atentei aos sinais.
Minhas emoções sempre foram imensuráveis.
Eu poderia não ter sufocado os meus outros mil manequins frustrados, mas eu aprendi com esse gatuno das noites – que despertava os meus desejos e desaparecia por ali mesmo.
Como uma Dama-da-noite, tu me colheste porque abri minhas pétalas no cair das minhas próprias trevas. Mas deterioraste toda a minha raiz, galanteador.
Tivestes a coragem de borboletear uma flor à beira da morte, emurchecida.
Eu deveria suspeitar de quem só corteja à espreita.
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Cartas para a minha versão que eu ainda não conheci
De TodoTem dias que eu não lembro nem o que eu almocei. Quem dirá relembrar de todos os momentos de euforia ou angústia que fizeram parte do que eu sou. Mas eu sempre admirei a ideia de criar museus. De eternizar no fundo de cada alma aquilo que já não dói...