Capítulo 4 - Amor à primeira vista

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Hoje o dia foi cansativo, estamos às vésperas de fechar um contrato importante com um novo cliente que isso nos ajudaria a fazer o nosso nome no mercado ter mais evidência e a conseguir mais clientes do mesmo porte. As meninas estavam tão ansiosas quanto eu, mas alguém tem que fingir que tá controlado, né? Dessa vez esse alguém sou eu, o que não quer dizer que eu esteja tranquila, longe disso.

Nos conhecemos durante uma MBA que fizemos há alguns anos e desde então somos inseparáveis! Desde a época do curso sonhávamos em ter uma consultoria na área de Recursos Humanos, eu uma coordenadora de RH, Ana uma líder de treinamento e desenvolvimento e Taiana, assistente social por formação. Há alguns anos decidimos arriscar e dar esse passo e ainda temos um caminho longo a percorrer para chegar onde queremos.

Vou para a casa da minha madrinha e da minha avó postiça como faço quase todos os dias nos últimos meses, para ajudá-las em algumas questões da mudança das duas para o interior e para visitar minhas cachorras. Depois que saí da casa que dividia com meu marido, minhas filhotas moram com elas até que eu encontre um lugar que caiba no meu orçamento para comprar e chamar de lar. Além das duas, minha família se resumia ao meu irmão e meu pai, que moram em Resende.

Quando chego, percebo que não estão sozinhas. Dona Constância, uma grande e querida amiga da família está sentada na varanda em uma conversa bem animada. Vou entrando pelo portão e ao chegar mais perto percebo um carrinho de bebê e então me lembro da minha madrinha ter comentado sobre o novo inquilino do anexo. Ele iria se mudar ontem e tinha uma bebezinha pequena.

Segundo dona Constância, que era funcionária dele há muitos anos e agora está atuando exclusivamente junto à babá da pequena, ele teve um relacionamento de uma noite, ela acabou engravidando e infelizmente faleceu no parto, muito jovem ainda. Me senti triste quando minha dinda me contou essa história e luto para não pensar em como às vezes a vida é traiçoeira...

― Oi velha coroca!

Falo, dando um beijo bem estalado e apertado na minha avó.

― Oi, Dona Constância! ― Minha outra velhinha já está de pé para me dar um abraço aconchegante.

A garotinha é uma boneca, fico só paquerando aquele pedacinho de gente deitadinha ali, tão quietinha... Branquinha de cabelinhos negros, parece um anjinho. Vou até a cozinha para dar um cheiro na minha madrinha e perguntar se precisa de ajuda. Como sempre ela não aceita, então vou para sala e me jogo no sofá!

― Mas não é possível! Você mal chega e já se joga aí, sua preguiçosa. ― Minha avó diz rindo.

― Não sou preguiçosa, sou uma trabalhadora esgotada!

Minhas velhinhas favoritas estavam há horas fofocando sobre a vida de todo tipo de gente e pelo pouco que ouvi, os novos vizinhos do quintal são o assunto predileto delas. Elas entram e a bonequinha começa a chorar e percebo que com os pulmões dela ninguém vai precisar se preocupar. Ela está chorando a todo vapor! Dona Constância tenta acalmá-la por uns minutos sem muito sucesso.

Apaixonada por crianças como sou, já me ofereço para pegar ela no colo e chamegá-la um pouquinho, afinal de contas não existe nada melhor que um bebezinho fofinho para aquecer o coração da gente. Assim que a pego do colo de dona Constância ela se aconchega no meu peito, se aninhando ali. Logo depois que começo a usar o meu infalível balançar para tentar ninar a princesinha e fico sussurrando uma melodia baixinha bem perto de seu ouvido, ela vai se acalmando e ainda entre soluços, adormece.

― Olha isso, dona Lina, parece até que já se conheciam. Eu e a babá ficamos com essa pequena todos os dias e é uma luta pra ela dormir. Giovana chega e em poucos minutos consegue acalmar Larinha.

Em Cada BatidaOnde histórias criam vida. Descubra agora