Há anos eu optei por me relacionar superficialmente com as mulheres, meu foco sempre foi meu trabalho. O exemplo de casamento que eu tinha era o dos meus pais e eu sei o quanto meu pai se dedicou a nossa família, principalmente a minha mãe. Ele faleceu três semanas depois dela, sem nenhum motivo que pudesse ser explicado pela medicina. Ele morreu de amor…
Logo cedo eu percebi que teria que me dedicar integralmente ao trabalho, pois para chegar onde eu almejava eu não poderia deixar nada ficar no meu caminho. Eu não me comprometeria com um casamento se fosse para ser menos do que meu pai foi para minha mãe e para nós. Decidi então que somente se alguém muito especial cruzasse meu caminho eu mudaria essa minha decisão, mas isso nunca aconteceu.
Não sou um homem rico, mas tenho uma vida confortável financeiramente, conquistei o respeito e o reconhecimento na área da construção onde atuo como engenheiro e ainda espero alcançar o lugar que planejei minuciosamente no mercado construtor, no seleto rol de melhores empresas do segmento. E eu sei que sou capaz de ocupar esse espaço. Assim eu acabei por preferir “relacionamentos” curtos, com mulheres que queriam tirar de mim o que eu me dispunha a oferecer e que me dessem o que eu queria em troca.
Era a relação perfeita, quase um negócio. Eu tinha aversão a barzinhos, boates e outros lugares típicos de caça a relacionamentos, sejam sexuais ou sentimentais. Na maioria das vezes conhecia essas mulheres no meio profissional, em eventos relacionados à empresa, ou em campo mesmo, durante o trabalho. Algumas vezes elas me eram apresentadas por amigos em comum.
Nenhum desses casos foi muito adiante, eu sempre era extremamente sincero com todas elas, explicando que para mim um relacionamento era somente baseado em sexo, um pouco de confiança e que nunca seria durável ou sério o suficiente para atingir o próximo nível. Desse modo, nunca fiquei mais de seis meses com a mesma mulher. Eram todas sempre mais novas que eu, geralmente acima dos vinte e cinco anos, nunca passando de trinta, mas isso não era um requisito.
Uma mulher acima dos trinta dificilmente aceitaria o que eu tinha para oferecer, já eram maduras o suficiente para saber o que queriam e eu não me encaixava em seus quesitos, com raras exceções. Nunca era infiel ou desleal com minhas namoradas, as respeitava e tratava bem, atendendo às suas necessidades sexuais e financeiras, caso fosse necessário. Esse modelo funcionou para mim até hoje, não tenho do que reclamar da minha vida pessoal.
Depois da gravidez de Camila, que aconteceu em um momento em que eu estava sem namorada, eu preferi me dedicar a encontros casuais com algumas mulheres com quem já havia me relacionado. Não queria magoar a mãe da minha filha em um momento em que ela já estava frágil, mas eu sou um homem muito ativo sexualmente e virar um celibatário por causa dela estava fora de cogitação.
Atualmente, a única questão nesta área é que não tenho mais a mesma disponibilidade de antes para viver como o solteirão que sempre fui. Todas as mulheres que se interessavam por mim sabiam que eu tinha contatos que podiam ajudá-las. Nunca me neguei a ajudar a alavancar a carreira delas e elas sempre faziam o que podiam para me agradar em troca. Eu as acompanhava em eventos, mesmo que não fosse muito a minha praia, apresentava as pessoas certas e cobrava favores, caso isso fosse fazer delas mulheres felizes e satisfeitas.
Acontece que agora esses eventos não fazem mais parte da minha rotina como antes. Ainda tinha a questão de que antes de ser pai eu as levava para minha casa sem reservas e elas costumavam respeitar meu espaço, indo embora na mesma noite ou saindo comigo na manhã seguinte e nunca aparecendo sem serem convidadas. Hoje isso não é mais possível, já que me nego a expor minha filha as mulheres com quem tenho interações.
Antes de ser pai, ter meu desejo sexual satisfeito era a minha segunda prioridade na vida, a primeira era o meu trabalho, sempre. Aos 52 anos eu não tinha vivido para quase nada além disso. Só que com a chegada de Lara na minha vida, tudo se transformou. Nunca tive um comportamento afetuoso ou fui dado a abraços e carinhos com ninguém além da minha mãe e do meu pai, mas com Lara eu conheci o amor verdadeiro, um amor que eu não tenho condições de explicar.
Agora ela era a minha prioridade em todos os aspectos da minha vida, nada importava mais do que a minha princesinha. Ela preenchia todo meu tempo e eu amava isso. Eu ainda era um homem duro e limitado sentimentalmente, mas por ela eu queria me tornar uma pessoa melhor a cada dia, eu queria ser o pai que ela merecia que eu fosse.
Aceitei a aproximação do meu irmão Pedro, com quem nunca tive uma relação próxima por termos pensamentos distintos sobre a condução dos negócios. Eu cobrava dele a mesma dedicação que eu tinha e em contrapartida ele vivia em farras, se apaixonava perdidamente no mínimo cinco vezes ao ano e se dedicava a ser o playboy pegador de famosas e quase famosas com muito afinco.
Ele era nosso principal arquiteto e responsável por essa área. Apesar de seu jeito relaxado, ele se mostrou ser um tio carinhoso e presente e eu não tiraria esse direito de Lara. Ela teria tudo. Ela teria uma família, mesmo que não fosse a de comercial de margarina, mas ela teria tudo o que eu pudesse oferecer nesse quesito e em qualquer outro. Conviveria com a bisavó, com o tio e comigo o máximo que fosse possível. Nós éramos sua única família e faríamos tudo por ela.
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Em Cada Batida
RomansaGiovana é uma mulher de 38 anos que desde muito cedo teve que aprender a ser independente e forte. Ela viu seu relacionamento de 12 anos chegar ao fim por uma total incapacidade da parte dela de se contentar com menos do que merecia. Desde os 18 ano...