Capítulo 8 - Contratos

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Minha vida estava uma deliciosa loucura! Estávamos totalmente envolvidas com o projeto para as empresas de Humberto, realizando pesquisas de clima, analisando e desenvolvendo melhorias nas grades de cargos e salários e trabalhando a inserção de novas culturas, sugerindo inicialmente mudanças sutis.

Eu amava o que fazíamos, trabalhar com pessoas sempre me motivou e eu era simplesmente fascinada pela diversidade humana. Não à toa eu estava com planos de voltar para faculdade de Psicologia, que tranquei quando percebi que precisava de tempo para digerir tudo o que estava acontecendo na minha vida.

O contrato que fechamos com a Venturini Empreendimentos previa que atenderíamos presencialmente todas as unidades da empresa, então eu teria que realizar as viagens para as filiais que ficavam em outras cidades ou estados, já que Aninha e Tai me empurraram para isso.

A alegação delas era que eu estava livre e desimpedida e que seria a chance de ver como eu e Humberto nos relacionaríamos sem elas por perto e fora do ambiente profissional.

Isso porque elas o fizeram prometer que ele não me deixaria sozinha no hotel e que me apresentaria os lugares em que estivéssemos para que eu não me sentisse solitária, ressaltando que eu sempre tinha um grande interesse na gastronomia dos locais que visitava. Tudo golpe! Não que esse na verdade não fosse um hábito recorrente meu, eu conhecia lugares novos com o objetivo principal de saber mais sobre as pessoas e a comida do local. A questão é que eu facilmente faria isso sozinha, como já era de costume.

Após a minha separação eu havia começado a curtir viagens somente com a minha própria companhia. Ainda assim, eu devo admitir que prefiro desbravar os lugares acompanhada e fazer isso com alguém que já conhecia o local era sempre melhor. Se ele fosse um gato como Humberto Venturini então, seria melhor ainda!

Elas haviam me dado “carta branca”, dizendo que acreditavam que ele seria capaz de separar as coisas caso algo acontecesse entre nós e desse errado. Ainda assim, eu preferia ser cautelosa e não misturar as coisas.

Igor já tinha voltado para casa e eu tinha que voltar para a rotina de noites solitárias. Para aliviar o estresse dos dias de muito trabalho que vínhamos enfrentando, eu sempre recorria ao pilates, yoga, saída com os amigos e noitadas de sexo com Henrique.

Hoje é um dos dias em que preciso extravasar meu estresse acumulado com uma noite de muito sexo! Já havia aceitado o convite de Henrique para nos encontrarmos e ele já estava na sala me esperando para sairmos, já que ele sempre chegava antes da hora.

O plano era jantar em algum lugar legal que ele escolheria, irmos para o apartamento dele e nos divertirmos até nossos corpos não aguentarem mais. Ele era sempre uma excelente companhia, era inteligente e conseguia conduzir uma conversa interessante sobre qualquer assunto que surgisse. Era leve, divertido, desencanado. Como poucos era atencioso e muito dedicado ao prazer feminino, para minha sorte.

O prazer com ele era sempre garantido. Ele não tinha pressa e sabia apreciar e explorar cada parte do corpo de uma mulher como poucos. Além disso ele ainda curtia uma conchinha depois do sexo e levava o café da manhã na cama.

Eu devo admitir que eu tinha atitudes consideradas muito masculinas depois do sexo, eu gostava simplesmente de virar para o lado e dormir. Podíamos dar um beijinho, um chamego, mas nada muito além disso. Henrique não, ele gostava do contato físico depois do orgasmo, gostava de acariciar meu corpo até que eu pegasse no sono, de dormir a noite toda juntinho…

Eu resolvi me deixar levar pelas preferências dele e não me incomodava tanto quanto no começo, com esse seu jeito.

Havíamos definido as cláusulas do nosso “contrato” na manhã seguinte a nossa primeira noite de sexo e prazer. Eu sou muito racional e realmente precisava dessas definições para me sentir mais à vontade em relação ao sexo casual com Henrique.

Não queria estragar o relacionamento que tínhamos antes disso e nem colocar o nosso sexo incrível em risco. Ainda acho graça ao me lembrar de como definimos tudo naquela manhã.

Bom dia, Gio… ― Henrique me diz se espreguiçando preguiçosamente e levantando o tronco em minha direção. A visão do seu abdômen devidamente trabalhado sem exageros, me faz suspirar.

Bom dia! Precisamos conversar, não acha? ― Respondo e me arrependo no mesmo instante, acho que poderia ter deixado ele despertar totalmente primeiro, mas também sei que se ele tentasse começar mais uma rodada de sexo eu seria facilmente persuadida e me renderia…

Isso tá te preocupando mesmo, né? Nem um cheirinho antes? ― Ele pergunta, sedutor. Mais 5 segundos sem uma resposta minha e eu já me via com ele dentro de mim. Tinha que ser agora.

Nem um cheirinho. Precisamos definir as coisas antes de arriscar a nossa amizade.

Falo firme e juntando toda dose de bom senso que ainda me resta, me levanto da cama. Não tenho condições de conversar com ele sob os lençóis.

Ok, Gio. Se você precisa disso pra ter certeza de que eu não vou ser um babaca e estragar tudo, que assim seja.

― Ótimo, acho que temos que estabelecer mais algumas regras. ― Ele se senta na beirada da cama e cruza os maravilhosos braços enquanto me fita.

Tudo bem, quais são as suas regras?

― Bem, eu acho que ninguém deve ficar sabendo de nada. Não que a gente tenha que esconder, mas também não devemos anunciar. ― Tento pensar e elaborar o que acho necessário, mas olhar Henrique com um lençol sobre a cintura e mais nada, me distrai. Foco Giovana! Senão isso não vai funcionar. ― Nem devemos ficar dando uma de casal quando sairmos com os nossos amigos.

Nem um chameguinho, como você diz? ―  Ele pergunta manhoso.

Nem um chameguinho. ― Respondo de bate pronto.

Mais alguma coisa?

― Sim, a gente deve comunicar imediatamente caso nossos sentimentos em relação ao outro mude, pra que a gente possa avaliar como agir nessa situação. E se aparecer uma pessoa que desperte na gente o interesse em algo mais sério, paramos imediatamente. Você quer acrescentar mais alguma coisa?

― Você não existe, Giovana! ― Ele ri na minha cara!

Porque não existo?! Você tá rindo de que? ― Pergunto um tanto indignada.

De como você fica uma gracinha ditando regras!

― Henrique, isso é sério! ― Reclamo.

Eu sei que é e aceito tudo. E não quero acrescentar mais nada. Agora a gente pode selar esse compromisso?

Sinto um olhar faminto sobre mim quando ele se levanta, deixando o lençol cair aos seus pés e desnudando seu corpo maravilhoso que me deixa sem fôlego. Ele já está preparado, e eu? Se não estava, ao ver seu pau tão pronto, acabo de ficar…

O trato de não ficarmos pagando de casal por aí se manteve e na verdade ficou até mais rígido. Nem sozinhos costumávamos trocar carícias em público, assim se alguém no lugar nos interessasse poderíamos investir sem preocupações. Como exclusividade não fazia parte do acordo, saíamos com outras pessoas, mas eu só transava com o Henrique.

Era satisfação garantida, zero investimento e muita diversão! O que mais eu ia querer? Quanto a ele, não me interessava saber, já que não tínhamos nada que justificasse esse interesse.

Já saíamos havia algum tempo e tudo ia muito bem. Na maioria das vezes saímos com nosso grupo de amigos, que depois da festa de Breno voltou com força total às noites niteroienses. Hoje, porém, iríamos sair só nós dois, a pedido de Henrique.

Aliás, as saídas desse tipo estavam ficando cada vez mais frequentes, sempre a pedido dele.

― Rique, já tô quase pronta, tá? ― Coloco só a cabeça para fora do quarto para dar uma satisfação para o Sr. Mais que Pontual.

― Oi linda, tudo bem. O tempo que você precisar.

Volto para o quarto e termino as ondas do meu cabelo. Como, se soprar uma brisa no Rio de Janeiro a gente já se agasalha todo, eu optei por um vestido preto e branco, meia calça preta e um casaco também preto por cima. Nos pés uma botinha de cano curto e salto fino e no rosto uma maquiagem simples.

Henrique tava uma delícia como sempre, calça justa e blusa pretas e a jaqueta de couro preta que o deixava com cara de bad boy, além disso, ele estava perigosamente cheiroso. Eu gostava do cheiro dele, me dava uma vontade quase incontrolável de tirar a roupa e partir logo para a sobremesa. Mas se ele queria jantar, a gente ia jantar.

― Nossa, Gio. Você tá linda!

― E você tá uma delícia nessa roupa, você sabe os efeitos que essa jaqueta de couro tem sobre mim… ―  Brinco dando um tapinha na sua bunda.

― E você acha que eu escolhi ela por quê? ― Rimos e saímos do apartamento a caminho do restaurante.

Durante todo caminho, Henrique me direciona olhares e fico me perguntando se ele quer me dizer algo… Ele tem andado ainda mais cuidadoso nas nossas saídas, mas principalmente, ele tem andado mais carinhoso que nunca. Hoje ele parece especialmente mais atencioso e cheio de elogios e afagos.

A todo tempo busca minha mão enquanto dirige e fez questão de sairmos abraçados até o carro, alegando que a noite estava muito fria e como sabe que sou friorenta ia “me proteger”. Não que eu não estivesse gostando, mas parecia que algo tinha mudado nele.

― Tá tudo bem, Rique? Tenho achado você mais quieto, não sei, parece que tem alguma coisa acontecendo…

― Não tem nada, Gio, é impressão sua. Eu tô um pouco pensativo hoje mesmo, só isso. ― Ele diz enquanto dirige, mas não acredito nele.

― Você sabe que pode falar comigo, não sabe? Você pode contar comigo pra qualquer coisa. ― Digo enquanto afago sua mão que aperta cada vez mais a minha. O sinal fecha e ele aproveita para me dar um beijo de tirar o fôlego.

― Eu sei sim. E eu me sinto um cara muito sortudo por isso. ― Henrique diz ao terminar o beijo e direcionar sua atenção para o trânsito que volta a fluir à nossa frente.

A noite, como sempre, foi ótima. Jantamos, nos divertimos e partimos para mais uma noite de sexo e diversão. Eu realmente estava no melhor dos mundos… O que mais eu poderia desejar?

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