Capítulo 6 - A ajuda

13 7 0
                                    

Hoje o dia foi daqueles! Fomos conhecer a empresa do novo cliente e ser oficialmente apresentadas aos colaboradores. A recepção foi calorosa, o que sempre facilitava o nosso trabalho, mas fazer um diagnóstico com o levantamento das necessidades dos setores e dos recursos era um processo lento e desgastante.

Estamos saindo tarde e pondero se devo ir ver minhas velhinhas ou ir direto para casa descansar. Mesmo sendo tarde e estando exausta, me despeço das meninas na porta do prédio e chamo um carro pelo aplicativo para ir até a casa da minha madrinha.

Entro em casa indo até o quarto da minha avó e ouço o choro de Lara. É um choro cheio de angústia e desespero. Meu coração já se aperta, detesto saber que ela está incomodada com algo.

Ela virou meu xodó nesses últimos quase 2 meses. Todas as vezes que venho até aqui, faço questão de chamegar ela um pouquinho, brincamos, dou a mamadeira da noite, faço dormir. Para mim é um grande prazer dividir minhas noites com ela. Minha avó por outro lado, morre de ciúmes! Essa taurina não foge às tradições.

― Oi vó! Que saudade eu tava de você! ― Digo, já enchendo minha velhinha de beijinhos e cheirinhos.

― Tava nada! Mais de uma semana que não vem me ver! ―  Ela diz, fofamente ranzinza.

― Que mais de uma semana, vó?! Eu vim aqui na segunda-feira, hoje é quinta. Que conta é essa?

Debocho e ela me olha tentando segurar o riso.

― Não sei disso não, eu acho que já tem mais de uma semana.

― Isso é porque você me ama, aí o tempo parece ser maior do que realmente é.

― Pode ser… ― Ela me responde e me puxa para o um abraço.

― Oi, veio tarde hoje. ― Minha madrinha chega e me beija.

― Verdade, o dia hoje foi cheio. Fomos visitar o cliente novo e já já vou ter que viajar pra conhecer as filiais.

O choro de Lara persiste e não aguentando mais ouvi-la sofrer, peço a minha dinda que ligue e peça que Dona Constância a traga até aqui para que eu possa tentar ajudar a acalmar a pequenininha. Ela me conta que a menina está sozinha com o pai, pois seu Robson não estava se sentindo bem hoje e ela teve que ir embora para cuidar dele.

O pai de Lara largou tudo no trabalho e correu para ficar com a filha. Eu não conhecia o novo vizinho e não me sentia à vontade em ir até lá para ajudar com Larinha. Pedi a Deus que a acalmasse e que ela ficasse bem logo. Todas jantamos e falamos sobre a menininha chorosa.

Tentei ignorar seu choro por mais meia hora, até que engoli minha vergonha, que já não era muita mesmo, e fui até o anexo. Tentei fazer o máximo de barulho possível para que não pegasse o novo vizinho de surpresa e percebo seu olhar desesperado para a filha que está sendo ninada em seu colo.

Ele estava na varanda que tinha paredes de vidro e como que se sentindo um fracassado, a coloca no bebê conforto. Em meio a soluços e gritos da filha ele se senta à mesa que está cheia de papéis espalhados, um notebook e algumas pastas e põe as mãos atrás da cabeça, derrotado.

Meu coração instantaneamente se aperta, não deve ser nada fácil criar uma criança sozinho. Vou me aproximando e percebo que o homem é uma coisa! Ele estava de terno, era alto, bem alto, cabelo preto e aparentemente exalava masculinidade por todos os poros. Eu realmente preciso transar, nossa!

Chego mais perto e ele me nota, um pouco assustado.

― Oi, boa noite. Desculpa, mas é que eu estava ouvindo o choro da Lara lá da casa principal e não consegui ficar sem fazer nada… Eu sei que você não me conhece, eu sou amiga da Dona Constância, sou a…

― Feiticeira, você é a feiticeira que encantou a minha filha, não é isso? Eu sou o Augusto.

Ele se levanta e me estende a mão com um sorriso de lado, ainda parecendo um pouco derrotado e eu sorrio de volta.

― Bom, eu sou a Giovana, feiticeira é por sua conta e encantadora de bebês por conta de dona Constância. ― Rio dos meus apelidos. ― Eu vim pra saber se você se incomoda que eu tente acalmar a Larinha, não aguento mais ouvir o chorinho desesperado dela, tá me partindo o coração.

― Pelo amor de Deus, você faria isso? Eu não sei mais o que fazer, ela não para de chorar e nada que eu faça consegue mudar isso. Detesto ver minha filha sofrendo desse jeito.

― Mas é claro!

― Entra, por favor. Eu tô transtornado, ainda tenho tanto trabalho pra fazer e ela sofrendo assim, isso tá acabando comigo. ― A aflição dele é evidente.

Entro e pego a bonequinha no colo em meio a um choro sofrido e gritinhos desesperados. Eu acho que ela sente falta da mãe, por isso todo esse desespero quando algo como o sono a incomoda.

Em Cada BatidaOnde histórias criam vida. Descubra agora