Capítulo 9 - Um pouco mais

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Os dias que se seguiram foram de muito trabalho e cansaço. A apresentação do projeto aos chineses havia sido um sucesso e a primeira coisa que tive vontade de fazer ao sairmos da sala de reuniões foi ligar para Giovana. Ela tinha parte nessa conquista e eu queria compartilhar com ela que havíamos fechado o contrato, sinto que ela ficaria feliz.

Porém, para a minha infelicidade eu era um idiota e não havia nem pedido o telefone dela no dia em que nos conhecemos. Já havia se passado quase uma semana desde aquela noite em que ela foi embora da nossa casa depois de nos ajudar, deixando pai e filha enfeitiçados.

Sim, eu precisava admitir, aquela mulher havia mexido comigo de uma maneira que eu ainda não era capaz de entender. Eu obviamente não estava apaixonado, mas me peguei tendo meus pensamentos invadidos por ela algumas vezes ao longo dos dias, desde que a vi pela primeira vez.

Larinha tinha sido “encantada” por ela, como dizia Constância, na sexta e na segunda, que foram os dias em que ela havia ido visitar a família, mas por falta de sorte da minha parte, ela havia saído de lá mais cedo que de costume e em contrapartida eu havia chegado mais tarde do que costumava chegar.

Pela lógica que estabeleci considerando as últimas visitas e o que consegui arrancar discretamente de Constância, ela costumava vir aqui um dia sim e outro não, com exceção de fins de semana. Se eu estivesse certo, hoje ela estaria por lá e eu não ia perder a oportunidade de encontrá-la.

Nas últimas vezes que ela esteve na casa principal, em uma delas eu havia saído com Amanda, que precisava da minha presença em outro daqueles eventos tediosos e na outra fiquei preso em uma reunião interminável.

Então saio do trabalho mais cedo para garantir que vou encontrá-la por lá quando chegasse, mas me deparo com um engarrafamento enorme no caminho de volta.

Me apresso em entrar na garagem e mais uma vez vou em direção a casa da família de Giovana, onde Constância costuma ficar todas as noites enquanto me aguarda chegar.

Elas são extremamente carinhosas com Lara, parece que minha pequena é da família delas e não me importo que as duas me esperem lá.

― Boa noite, tudo bem com vocês?

Cumprimento as senhoras que estão sentadas na varanda. Nenhum sinal de Giovana, mas Lara também não está por lá, então elas podem estar juntas.

― Boa noite! ― Todas respondem.

― E Lara, tá por onde? ― Pergunto como fiz antes nos últimos dois dias na esperança de encontrar aquela feiticeira.

― Tá dormindo no carrinho aqui na sala. Giovana fez ela dormir, essas duas estão num chamego só! ― Constância responde sob o olhar atento da madrinha e da avó de Giovana.

― Ela é muito gentil, me ajudou muito com a Lara na semana passada.

Falo meio sem saber o que fazer agora que sei que ela não está lá. De novo.

― É sim, e ela ama crianças. O sonho dela sempre foi ser mãe. ― Sua avó responde.

― Ela leva jeito, só de domar essa mini fera que eu tenho em casa…

Brinco de volta, tentando esconder a minha decepção.

Confesso que Giovana não era o tipo de mulher por quem eu costumava me interessar. Ela era mais velha que todas as minhas últimas conquistas, fisicamente em nada se parecia com elas, era bem baixinha, um corpo aparentemente natural, sem muitos músculos ou silicones por todos os lados.

Além disso, não parecia ter interesse em mim como homem, a interação que tivemos foi puramente amigável, nada de troca de olhares ou frases que indicavam que ela queria algo mais. Era infinitamente mais madura, segura e decidida que as mulheres com quem eu me relacionava. Acho que justamente tudo isso a fez povoar meus pensamentos nos últimos dias.

Me despeço e dispenso Constância que já deve estar cansada e volto para casa frustrado, levando Larinha no colo. Dou um beijinho em sua testa e a coloco no berço, relembrando o dia em que Giovana estava nesse mesmo lugar, fazendo a mesma coisa com minha filha.

Tudo que eu queria era sorver um pouco mais da luz que aquela mulher refletia... É estranho o que venho sentindo em relação a ela, eu realmente gostaria de vê-la de novo e não consigo racionalizar bem os motivos disso.

Esse ritual se repete nos dias seguintes e agora vou buscar Lara na casa principal todas as noites. Tenho chegado em casa o mais cedo que consigo, mas já se passaram 5 dias e nada de encontrar Giovana. Me aproximo e sou cumprimentado por dona Lina, avó de Giovana, e por Constância, que conversam animadamente na varanda.

Em Cada BatidaOnde histórias criam vida. Descubra agora