Você não calava a boca

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Ta tudo uma gracinha. Arrumamos uma mesa com bebidas e deixamos um espaço para as bebidas e comidas que ainda vão trazer.

Enchemos umas bolas e tacamos na piscina por absolutamente nenhum motivo.

– Rafe é sério que você não consegue encher nem uma bola direito? – Wheezie pergunta. O cara leva 30 anos pra encher uma mísera bexiga!

– Não tenho paciência com essas coisas. – Rafe responde meio atordoado. Não são nem quatro horas da tarde e o cara ja esta bêbado.

– É só uma bexiga Cameron. – Digo.

– Então enche você essa merda! – Rafe joga a bexiga vazia no chão e sai andando.

Pelo amor tudo esse homem se irrita, que inferno!

As horas vão passando e a galera começa a chegar.
Tem mais ou menos umas 28 pessoas mas falta chegar mais, são apenas oito horas ainda.

Queria que Barry estivesse aqui. Faz tempo que não conversamos. Faz tempo que não bebo e fico chapada com ele. Sinto falta dessas coisas. Merda, queria fumar agora.

– Eai Lia, como você tá? – Peter Smith chega me abraçando.

Eu e Peter quase tivemos algo no passado, mas eu não conseguia gostar dele, apesar de ser um cara legal, é meio entediante as vezes.

– Oi Pete! To ótima e você? – Digo enquanto abraço o baixinho moreno dos olhos castanhos. Ele é da minha altura, e apesar de eu curtir caras mais altos, ele é realmente muito bonito.

Ficamos um tempo ali conversando, sei que ele queria ficar comigo pois deu em cima de mim durante toda a conversa, mas não to afim, então arrumei um jeito de sair daquela situação. Pego meu celular e finjo ver alguma mensagem.

– Ah que legal Pete! Desculpa, a Sarah está me chamando, conversamos mais tarde, pode ser?

– Claro, te vejo por ai!

E então saio.

Sarah está no quarto dela com John B, ja sabia disso. Disse que está com dor de cabeça e ia ficar la um pouco, mas tenho certeza que não é dipirona que essa garota vai tomar.

Decido subir mas não fico na varandinha la de cima, vou pegar um ventinho no telhado, lá não tem ninguém para me pertubar e estou me sentindo um pouco sufocada hoje.

Chegando no telhado já me arrependo amargamente de ter subido. Vejo Rafe, sozinho e fumando, sentado nas telhas. Penso em dar meia volta mas ele acaba me vendo.

– Tudo bem, Merlia, não precisa ter medo de mim. – Ele diz.

Me aproximo e pego o cigarro da mão dele, me sentando ao seu lado.

– Não sabe pedir não?

– Não.

– Mal educada.

– Vai se fuder Rafe.

– Não.

– Sim.

– Não.

– Quer levar um tapa?

– Duvido.

– Meu pau no seu ouvido.

– Muito madura você Lia.

– Meu pau na sua tia.

– Da pra parar?

– Não. Te irritar faz parte do meu plano de continuar te odiando ate você morrer. – Não entendi o que eu disse.

– Não fez sentido.

– Pra mim fez.

– É engraçado porque você não me odeia.

– HA HA HA – Finjo uma gargalhada. – Quem te disse isso?

– É nítido, Merlia.

– O que?

– Que você não me odeia.

– Não é isso o que eu vejo, e não é isso o que eu sinto.

– Você não tem motivos para me odiar.

– Eu poderia listar todos os motivos de A a Z.

– Ta, talvez você tenha mesmo alguns motivos, mas você não me odeia.

Que merda ele ta falando?

– Que merda você ta falando?

– Se você me odiasse, não estaria aqui dizendo que me odeia.

Fico em silêncio e ele prossegue:

– Se você realmente me odiasse, não falaria comigo, não estaria aqui, e nem sequer olharia para mim, logo, no máximo, você apenas não gosta de mim.

– Está errado.

– Não estou.

– Por que é tão importante pra você provar que eu não te odeio?

– Por que é tão importante pra você provar que me odeia?

– Por que você se importa?

– Eu não me importo.

– Se não se importasse, não tentaria sempre provar que não te odeio. Você não implicaria comigo e com meus amigos, apenas me ignoraria igual você fez por um tempo na infância. Inclusive, naquela época eu...

Eu nunca fiquei tão em choque na minha vida como agora. Rafe Cameron está me beijando.

Não sei o que fazer mas não quero parar. Seus lábios são doces e sua mão está em minha cintura. O beijo não tem língua e estou paralisada demais para dar passagem pra língua dele invadir minha boca. Tento controlar a respiração mas estou ofegante pelo susto. Meu estômago está se revirando e não entendo o que é isso, mas não é a primeira vez que acontece.

Sinto algo pulsando e essa sensação eu conheço. Tesão? POR RAFE? Em que ponto eu cheguei?

Depois de mais ou menos um minuto ele se afasta. Meu pescoço está soado e meu corpo quente. Meu coração nunca bateu tão rápido e por um instante penso em puxar ele para perto novamente. Suas mãos não estão mais em minha cintura e ele parece tranquilo e ao mesmo tempo perdido, eu só estou perdida mesmo.

– O que foi isso? – Finalmente pergunto.

– Você não calava a boca.

– E então você... – Não consigo dizer a palavra beijou, estou tímida demais no momento.

– Te beijei? É. Você não ficava quieta, estava me irritando. – Ele diz na maior tranquilidade. – E você não se afastou, então se o beijo continuou, a culpa é sua.

– Minha? VOCÊ me beijou e a culpa é MINHA? Não faz sentido algum.

Logo me lembro que Rafe está basicamente inconsciente, está bebado e chapado pra caralho.

Ele apenas da de ombros e volta a fumar.

– Vai se fuder, escroto. Nunca mais chegue perto de mim. – Não sei se estou puta por ele ter me beijado, por ter tratado o beijo com indiferença ou por eu ter gostado.

– Por mim tudo bem. – Ele diz.

Saio correndo do telhado com a imensa vontade de chorar, não sei o motivo, apenas preciso chorar.
E então vou ao banheiro, e choro, choro muito.

Limpo o rosto e volto para a festa, preciso esquecer do que aconteceu, vou me divertir e ficar com o primeiro que aparecer. Preciso esquecer Rafe Cameron, preciso tirar esse cara da minha cabeça.

O irmão da minha melhor amiga | Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora