Prólogo: Não Posso Fazer Isso.

53 5 1
                                    


(Robert P.O.V)
Correr não ia adiantar. Precisava sobreviver a isso primeiro. 

E pra isso acontecer, dependo da misericórdia dela.

O que seria difícil.

Ela entrou na sala, mal iluminada por uma lâmpada halógena acima da minha cabeça. Vi sua silhueta escurecida ir até uma mesa, perto do final do halo de luz e colocar uma pasta nela. Ficou de costas por um momento interminável, preparando algo na mesa. 

Observei-a um pouco. Era de estatura média e não me parece uma mulher indefesa. Suas costas mostram imponência. Um pouco pequena, mas é forte.

Ela se virou e olhou pra mim, mas eu não consigo identificar nada no seu rosto sombrio.

-Robert.- Ela disse, erguendo a mão e puxando algo. Uma corda.

Uma luz se acendeu em cima dela e da mesa.

E pude vê-la realmente.

Nossa. Ela é...Não, engoli meus pensamentos a força.

Preciso respondê-la, mas meus olhos estavam focados em uma reavaliação da mulher apoiada descontraida na mesa a minha frente.

Seu cabelo tinha as mechas platinadas na altura do queixo, jogado para trás de forma descuidada. Sua pele era pálida, mas estava um pouco rosada nas bochechas pelo calor emanando da sala escura. Mesmo com o calor, usava uma jaqueta de couro preto e uma camiseta apertada, que desenhava sua cintura. A calça jeans estava impecavelmente limpa, e assim como a camiseta, era justa, marcava seu quadril e pernas.

-Bem...- Ela prosseguiu mesmo sem eu responder.- Não gosto muito de policiais na minha cola, então gostaria que você colaborasse, pra eu não precisar tomar medidas drásticas. 

Eu posso dizer qualquer coisa pra ela e ela pode acreditar. Afinal, aquela pasta tem minha ficha. Ela acredita que sou um mero policial afastado por insubordinação.

Mas isso é mentira. E talvez ela me pegaria mentindo.

-O que você quer?- perguntei, um pouco mais grosso que o normal. Ela ergueu as sombrancelhas e mordeu o lábio rapidamente. Vai ter que fazer mais pra me fazer falar, garota.

Ela olhou pra baixo e depois voltou a me olhar. Em um piscar de olhos estava na minha frente. A mão esquerda segurou a lateral da cadeira, perto do meu ombro. Ela olhou nos meus olhos. Os dela eram verdes e sérios. 

O rosto dela me deu um choque. 

Mas foi a cor do batom dela que fez a ficha cair.

Vermelho

Todos os meus pensamentos se uniram. 

Tudo fez sentido.

Eu estava cara a cara com o meu alvo.

A mulher com a cabeça mais cara da história da Costa Oeste. 

Kristen, herdeira dos negócios na Califórnia.

É ela. Eu tenho que matá-la

Mas a eletricidade que corre pelo ar quente da sala diz...

Não.

E realmente...

Não posso fazer isso. 

E eu não sei por que não posso machucá-la.









In Love With The Danger (Robsten)Onde histórias criam vida. Descubra agora