Qual o preço da noite?

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               Louise Marques

— Ah, isso vai ser divertido. — Ronronou Dylan, seus olhos se escurecendo e recuo, atordoada.

— Com tantas, tantas pessoas para eu esbarrar, tinha que ser logo você. — Resmungo tentando passar por ele.

— Você poderia ter facilitado mesmo sua vida se não tivesse esbarrado comigo, agora já era. — Diz soltando uma risada de escárnio.

— E estou mesmo morrendo de medo, ui ui. — Ironizo e ele me olha no fundo dos olhos e percebo nos seus um leve interesse.

— Luiza, você veio mesmo. — Diz Jasper divertido vindo até nós e Dylan fica impassível observando-nos.

— É Louise. — Informo dando um meio sorriso.

— Isso mesmo, eu já sabia. Vamos?! Quero te mostrar um lugar que tem aqui incrível. — Sugere Jasper estendendo a mão para mim com um sorriso convencido.

— Então você estava apressada para encontrar este aí? Pelo amor de Deus, viu. — Dylan gargalha e eu fico sem entender.

Eles se conhecem?!

— E o que tem? — Pergunto receosa e, quando a gargalhada dele não cessa começo a ficar um pouco preocupada.

— Mas do que você está achando graça, hein?! Seu retardado. — Vocifera Jasper se aproximando de Dylan e ele dá de ombros.

— De você, está me divertindo mais do que qualquer coisa agora  — Dylan debocha — E eu pensei que Lou tinha um pouquinho de juízo nesse cérebro teimoso para não cair nas suas cantadas do tempo dos dinossauros, minha irmã morre de rir sempre que você as faz para ela.

— O que disse seu filho de uma puta do caralho, repete. — Disse Jasper ríspido levantando a mão para bater no Dylan, mas ele  agarra ela.

— Se quisesse ouvir de novo, teria gravado, não sou áudio para ficar me repetindo. — Dispara Dylan, e quando Jasper tentou soltar a mão do aperto dele, ele contorce ela sem fazer muito esforço e Jasper faz uma careta sofrida.

— Você vai se arrepender de ter feito isso, eu juro. — Afirmou Jasper com um tom sombrio fuzilando Dylan com o olhar, e como ele não ligou, Jasper desceu três degraus da escada e se perdeu na multidão dançante abaixo.

— Se você tiver um pouquinho de juízo ainda, bom tipo uns 3,01% — Retruca Dylan dando um passo na minha direção e eu fisgo seu olhar, minha confusão maior do que meu estresse a essa altura  — Não vai perder tempo com Jasper, conheço ele o suficiente para dizer que ele é um viciado e manipulador. 

— 3,01% é o seu. Se me considera tão burra não deveria estar perdendo seu tempo me aconselhando. — Ele se afastou da parede, vindo em minha direção com um sorriso suave nos lábios.

— Bem, às vezes eu tento buscar equilíbrio entre ser o vilão e o cortês. Gostou da amostra?

— Até nunca mais, Dylan. — Digo saindo de perto dele e descendo os degraus.

— Até breve, Lou.

Depois de dançar avulsa a tudo, só me concentrando na ótima música que tocava e que eu gostava, tentava ignorar toda essa gente muito próxima a mim.
Senti um pouco de sede, então segui para um barzinho de lá e avisto Laura sentada numa banqueta apoiada na bancada do barzinho, tomando o que parece ser vodka, e há uns cinco copos vazios na sua parte da bancada.

— Lara, por que a Gio não está com você? — Pergunto chegando mais próxima dela para estudar seu rosto, está estranha.

— E Gio tem que estar comigo sempre? Nem minha mãe ela é. Mas deve estar por aí, só procurar. — Responde com um tom de voz arrastado, virando outro copo.

Laura fica meio rabugenta quando toma alguns goles de álcool... Ou nesse caso, 5 copos e mais um que está levando a boca agora.

— Tá... Chega, você já tomou vodkas demais, amanhã não vai conseguir nem se levantar sem a visão escurecer. — Argumento tirando o último copo cheio antes que ela tome, e o bebo rapidamente, ela me lança um olhar confuso e distante.

É estranho mandar Lara fazer alguma coisa, geralmente ela que faz esse papel por nós. Será que aconteceu alguma coisa?

Esse com certeza não é o momento de perguntar isso. E quando ela tiver vontade de falar sobre, falará.

— Uma a mais ou uma a menos agora não vai fazer tanta diferença. — Explica pegando uma garrafa de whisky debaixo da sua banqueta, nem percebi que estava ali.
— Por que você colocou a garrafa debaixo da banqueta? — Pergunto confusa.

— Porque senão as pessoas iam querer ficar puxando papinho comigo e bebendo minha garrafa. E foi cara, menina. — Assegura meio grogue, agarrando sua garrafa e passando as mãos nela e eu franzo o cenho.

— Tá... Desculpe parar sua diversão, quer dizer não... Mas já deu de balada e bebida por hoje, e você não vai conseguir chegar no hotel sem mim nesse estado. Vamos. — Digo puxando ela da mesa e ela reclama, pega a bolsinha branca e agarra a garrafa, mas me segue, cambaleando.

Quando chegamos ao quarto, destranco a porta e ligo a luz, levando ela até a cama e ela se senta observando o cômodo com estranheza como se fosse a primeira vez que entrou, e tento achar um balde.

— Nossa, tô com uma vontade de comer pizza de quatro queijos. — Murmura tentando tirar as sandálias e eu digo para ela pedir se quiser, desistindo de achar um balde e pego a lata de lixo do banheiro mesmo.

— Quando quiser vomitar, vomite aqui. — Comunico apontando o lixo e ela assente e liga o celular, esperando.

— Bo-boa pizza, qual o preço da noite? — Indaga encarando o teto, pensativa.

***

Discórdia InflamávelOnde histórias criam vida. Descubra agora