Eu não fumei cacete

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Louise Marques

— A gente podia escalar aquele penhasco ali. — Comento e ele me fita meio confuso.

— E depois?

— Eu jogo você lá de cima.

—E quem te garante que eu não vou te jogar primeiro? — Indaga com um tom sério e eu semicerro os olhos.

— Ei, Dy. — Chama uma voz estridente, e quando olho para o lado vejo a garota loira correndo para cá, e no caminho acho que ela torce o pé e cai na areia gritando e Dylan corre até ela enquanto as pessoas que estavam por perto só observam por um momento, e depois voltam ao que estavam fazendo.

— Você é muito desorientada, Dorothy. — Diz Dylan com um tom preocupado na voz ajudando-a a levantar, e ela se segura nos ombros dele com o pé direito levantado.

— Ah Dy, eu a-acho q-que torci me-meu tornozelo. Tá doendo mu-muito, não consigo mexe-lo. — Gagueja e surge lágrimas de crocodilo em seus olhos enquanto continua segurando o olhar do Dylan.

Não sabia que quando se "torcia" o pé dava gatilho para começar a gaguejar.

— E você tá conseguindo pelo menos caminhar um pouco? Aqui, vamos tentar. — Diz Dylan passando o braço pela cintura dela e vejo ela abrir um sorrisinho tropeçando na areia.

— Por que você não vai mancando até ali enquanto Dylan procura alguém para te socorrer? — Pergunto apontando para um banco na sombra, dando um sorriso gentil e ela me ignora.

Estranha...

— E-eu não consigo nem mancar direito, está doendo muito. Dy, você pode me carregar? — Fala meiga fazendo uma expressão sofrida.

— Acho melhor levá-la a um hospital, então. — Digo calma e Dylan olha para mim e depois para Dorothy — É verdade, ou a situação dela pode piorar. — Disse pegando ela nos braços e ela passa seus braços ao redor do pescoço dele, se aproximando ainda mais dele.

— N-não, não precisa, só fique um pouco comigo.

— Não Dorothy, voce torceu o seu tornozelo, precisa de ajuda. — Fala Dylan caminhando para a saída da praia e eu o sigo querendo saber como essa história vai terminar.

— Relaxa, Dy. Eu só preciso descansar um pouco, fique comigo no hotel. — Propõe Dorothy secando as lágrimas e Dylan suspira cedendo, olho rapidamente ao redor tentando achar Laura, mas vejo uma garota de cabelos curtos ruivos, com uma revista na mão, olhando a cena.

Um pouco mais distante, comprando um churrasco vejo Gio e vou até ela.

[...]

Estava sentada em uma cadeira na sacada, observando a linda praia, enquanto tomava meu suco de maracujá depois de ter tomado um banho bem relaxante.

Valeu a pena ter escolhido um hotel de frente para o mar.

É uma vista linda das ondas se mexendo levemente no mar escuro e a praia vazia, enquanto sinto o vento morno em meus cabelos e me arrepio observando a protagonista daquela paisagem meio sombria: a lua cheia estava belíssima envolta por algumas nuvens, as mais próximas se iluminavam um pouco pelo brilho dela e, as distantes eram escuras, as estrelas estavam radiantes complementando tudo.

E para atrapalhar meu momento de paz e reflexão, ouço batidas fortes na porta do nosso quarto.

— Abre a porta aí, Lou — Disse Laura batendo na porta e fui abrir.

— Aonde você estava? Está fedendo a cigarro, eca. — Questiono tampando meu nariz e ela da de ombros entrando no quarto e se jogando na cama.

— Deve estar faltando algo muito interessante em mim. — Murmura ela encarando a parede e levanto uma sobrancelha.

— Você fumou? — Pergunto sentando na cama, fitando-a e ela balança um pouco a cabeça perdida em pensamentos.

— Lara, o que aconteceu? — Pergunto preocupada e ela se levanta indo para o banheiro. — É mais fácil falar o que não aconteceu, eu ainda não esqueci ele. — Diz soando distante se referindo a seu ex Caio, entrando no banheiro.

Acho que é melhor eu deixá-la em paz agora.

[...]

Sinto a luz forte do sol entrando pela janela e me recuso a abrir os olhos me virando na cama, quando alguém me atinge com um travesseiro, tento ignorar, mas sou atingida novamente.

Se eu me levantar dessa cama agora, vai ser pra matar.

— O que é, porra?! — Resmungo irritada coçando os olhos e a Giovanna ri.

— Seguinte, hoje é nosso último dia aqui, e já são dez e meia da manhã. — Disse Giovanna olhando para o celular.

— Nossa, já perdemos quase metade do dia. Bora Louise, se levanta. — Fala Laura pulando da cama e pegando roupas em sua mala.

— Que nada, ainda dá pra eu dormir mais um pouco. — Digo sonolenta afofando o travesseiro e fechando os olhos.

— Mas isso é que é ser uma vagabunda, viu. Eu mandei você levantar daí garota. E notícia, a gente vai voltar de uber. — Comunica Giovanna me puxando da cama e eu reclamo.

— O que houve com o carro do Günther? — Pergunta Laura puxando vestidos da mala — Não houve nada, só que o chefe do Günther mandou ele voltar, e ele foi.

— E por que você não foi com ele mesmo? — Provoquei me sentando na cama.

— Porque se não vocês ficariam o dia inteiro dormindo e mofando aqui dentro.

— Ah para, eu já iria acordar. — Discorda Laura e Giovanna gargalha. — Ia sim, mas de quatro horas da tarde, e seus pais iriam surtar por ter passado do dia da gente voltar.

— Gi, Laura se drogou ontem, bate nela. — Brinco apontando para a Laura e Giovanna arregala os olhos, perplexa.

— Eu não fumei, cacete. — Grita a Laura nervosa.

***

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Discórdia InflamávelOnde histórias criam vida. Descubra agora