Discórdia Inflamável

A própria defunta

               Louise Marques

— Desde que eu esteja na minha cidade antes do anoitecer, tudo bem. — Digo sentindo o vento forte em meus cabelos e ele acelerou e disse alguma coisa que eu não entendi, e eu pedi para ele repetir.

— Fica um pouco longe, então vamos fazer algumas paradas também. — Avisa e quase eu não escuto com o barulho do vento.

Um tempo depois paramos em uma lanchonete diferente, fofa, em tons de branco, lilás e verde, com atendentes adoráveis, comidas irresistíveis nas prateleiras, mesas do lado de dentro e no exterior, o cardápio era gigante e sentamos em uma mesa no exterior eu pedi uma torta de limão e suco de laranja, Jasper pediu o mesmo.

— Pensei que você não fosse do tipo que gostava dessas lanchonetes meio... Adorável?

— Preferia outro lugar? — Disse e senti o duplo sentido na pergunta.

— Pelo contrário, esse lugar é charmoso. — Observo a mesa decorada com um vasinho de tulipa roxa e o cardápio com as mesmas cores da lanchonete.

— Pensei que você fosse dizer isso. — Alega se revistando na cadeira sem desviar o olhar.

— Está tentando me agradar? - Pergunto curiosa observando o cardápio.

— Estou conseguindo?

— Pare de responder tudo flertando, está dificultando a nossa amizade.

— Esse é o intuito. — Diz e eu gargalho escolhendo esquecer essa resposta.

— Andrew vai até deixar minha mala na minha casa? Minha mãe vai se assustar. — Pergunto imaginando a reação dela e Jasper ri brincando com o guardanapo da mesa.

— Não se preocupe com isso. Me fale sobre você, é daqui de Los Angeles mesmo? — Diz tranquilizador e eu não convencida pego meu celular do bolso, ligo e mando uma mensagem para a Laura deixar minha mala na casa dela para minha mãe já vim com mil perguntas sobre.

Agora é torcer para ela ver a mensagem.

— Não, nasci e morei em Florianópolis no Brasil até meus oito anos, depois meu pai fez negócios aqui e trouxe-nos para cá. Desde então ficamos por aqui, mas algumas vezes eu e minha mãe voltamos para lá, para visitar a família. — Revelo uma parte da minha história para ele enquanto como minha torta e ele assente, bebericando o suco.

— E você?

— Eu sempre morei por aqui, só minha família que parte está aqui e outra no Canadá. — Explica terminando de comer a torta, e me observa comer a minha.

— Ah, eu fico sem jeito quando você fica me observando assim. — Digo tentando faze-lo parar de me olhar como se estivesse imaginado várias coisas comigo.

— Te observando como? — Questiona se aproximando e abrindo um sorriso travesso.

— Você sabe, Jasper.

— É que você é muito linda, tão interessante e gostosa. - Seus olhos se escurecem e eu desvio o olhar.

Esse cara é mesmo um galinha.

— Jasper...

— Ok, eu devo estar indo muito rápido. Vamos tentar de novo. — Diz colocando o dobro do valor do lanche na mesa, seguimos para a sua moto e subimos na mesma.