O inimaginável acontece

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JISOO

Mal consegui jantar essa noite. Meu estômago está se retorcendo e enjoado, talvez seja saudade e ansiedade pelo retorno de Haein. Ainda não estou acostumada com ele sempre tendo que fazer essas viagens, mesmo que dure entre 1 a 3 dias, e estejamos casados há 4 anos, mesmo que nós sejamos tão jovens, eu ainda não me acostumei com a ausência dele. 

Fico rolando na cama e acariciando minha barriga sob a blusa do pijama. Foi um choque quando descobrimos que eu não poderia engravidar. Aparentemente, meu útero não gosta de perturbações e decidiu sozinho que nunca abrigaria nenhum bebê dentro dele. 

Foi a primeira vez que senti tanto medo em minha vida. Sempre que Haein e eu íamos ao parque ou a qualquer passeio mais "livre", eu via em seus olhos aquele brilho, quando ele via alguma criança e meu olhar também brilhava só de ter ali esse homem tão sorridente e de cabelos negros ao meu lado. 

Apesar de nos casarmos com pouca idade, para a maioria das pessoas, ele tendo 21 e eu com apenas 19, nós nos apaixonamos e tudo ainda é forte, puro e lindo entre nós. Ainda agimos como um casal de adolescentes apaixonados e não há um dia que eu não pense nele com todo o amor que há no meu coração, da mesma maneira que eu sei que ele pensa em mim do mesmo jeito. Eu vejo claramente nos olhos e nos sorrisos que ele me dá. 

Eu só quero... não, não é apenas querer, eu preciso que ele volte logo. Sei que só no momento em que ele me abraçar as coisas voltarão ao normal e tudo dentro de mim ficará menos agitado, menos ansioso, menos preocupado. E é pensando em estar no abraço do meu marido que acabo adormecendo quando já é madrugada. 

Solto um gemido de frustração ao acordar pela manhã com os raios solares quentes em meu rosto. Como por hábito, passo a mão ao meu lado e me deparo com o espaço vazio e gelado, solto outro gemido ainda mais alto quando me lembro da triste realidade. Me levanto em um pulo, me espreguiçando e sorrio ao me lembrar que em poucas horas Haein pousará no heliporto da empresa. 

Depois de um banho demorado, me arrumo e desço as escadas, em direção a cozinha, esbarrando na loira alta a minha frente. 

- Eu já estava indo te chamar. - a voz angelical de Rosé ecoa pelo corredor e acabo sorrindo para ela. 

- Bom dia, Chaengie! - aperto as bochechas dela - Já tomou café da manhã? Estou começando a ficar com fome, ontem eu quase não comi no jantar. 

- Eu iria te obrigar a descer, mesmo usando pijama, exatamente por esse motivo, porque eu estou faminta. - ela faz uma expressão de sofrimento e apoia a mão na barriga. 

- Aish, esquilo! Você é tão fofa! - belisco a bochecha dela antes de voltar a andar - Qual a nossa agenda de hoje?

- Nossa? Sua, você quer dizer. 

- Chaeng, você pode ser minha secretária pessoal enquanto trabalha nas suas músicas, mas sabe que é como uma irmã para mim. - suspiro e me sento em uma das banquetas, batendo a mão no assento ao lado para ela se juntar a mim. 

- Eu já estou começando a perder as esperanças com a música. É tudo tão difícil! - ela se joga em cima do balcão, suspirando e eu suspiro junto com ela. Desde criança, Rosie sempre foi apaixonada por música, mas seus pais nunca aceitaram isso e chegaram a expulsa-la de casa. Meus pais a acolheram e desde então somos inseparáveis. 

- Mas eu te disse que eu ou Hae... - ela coloca a mão sob a minha e se endireita na cadeira, me dando um olhar sério. 

- Jichu, eu sei o quanto você tem um coração grandioso e sei que seu marido também não se importaria de falar com algumas pessoas para me ajudar, mas eu quero conquistar isso com meus próprios méritos. - a garota loira aperta minha mão, como se pedisse para eu ter paciência e deixa-la andar sozinha. 

- Tudo bem - solto um suspiro - Mas sua música é boa, você é uma cantora incrível. Fico revoltada por causa desses babacas machistas não te darem uma chance só porque você não aceita o papo sujo deles. - faço beicinho e ela abre aquele sorriso maravilhoso para mim. 

- Voltando a nossa agenda - a ênfase no nossa me faz sorrir - Você tem almoço com seus pais e também marcou de se encontrar com sua irmã na parte da tarde.

- Argh! - faço uma careta ao imaginar o quanto meus pais vão me importunar. Não leve a mal, eu realmente os amo, mas eles são extremamente controladores e conservadores. 

Se eles acolheram Chaeng por um lado, pelo outro, eles expulsaram minha irmã, Irene, porque ela se casou com uma garota completamente maluca e apaixonada por ela, chamada Seulgi. Nunca entendi como alguém pode sentir atração por outra pessoa do mesmo sexo, mas eu não me importo com isso, cada um leva a vida como quer e eu estou super feliz com minha heterossexualidade. 

Acho até que foi uma das maiores felicidades dos meus pais quando os apresentei a Haein. Eles aprovaram de primeira, principalmente depois de saber que Haein era herdeiro de um dos maiores conglomerados de companhias em diversas áreas. A felicidade deles não foi por Haein ser rico, mas sim porque finalmente eles teriam alguém a frente dos negócios da minha família, já que Irene foi banida e eu não tinha a menor noção do que fazer em relação a todos aqueles papéis, números e decisões importantes. 

- Nenhuma melhora na relação deles? - Rosé diz com a boca cheia, enquanto mastiga uma torrada com geleia. 

- Meu sonho que houvesse pelo menos 1 milímetro de evolução ali - dou um gole do café quente em minha xícara e balanço a cabeça em negação, encarando a parede a minha frente - Que horas Haein chegará? Eu acho que nunca senti tantas saudades dele como dessa vez. 

- Acredito que seja no fim da tarde, sua bobinha apaixonada. - ela aperta meu nariz, me fazendo rir e suspirar. 

- O que eu posso fazer? Aquele homem laçou meu coração no momento em que nos vimos pela primeira vez. - sorrio e fecho os olhos ao me lembrar de como tudo aconteceu, mas então um barulho relativamente alto e próximo a nós, me faz abrir os olhos. Vejo Bobby, meu motorista, ofegante e com o rosto vermelho, parecendo que correu uma maratona para chegar até aqui. Até seu terno está bagunçado em seu corpo. - Venha, Bob, se sente e tome um suco, acho que você precisa. - aponto com o queixo para o assento do outro lado do balcão, na minha frente. 

- Senhor-rita Jis-soo - ele gagueja e pega o controle da TV, a ligando em seguida. Ele fica olhando do aparelho para mim, como se estivesse em pânico. Franzo as sobrancelhas ao ouvir Rosé deixar cair a xícara de café com leite que bebia, ao mesmo tempo, meu celular começa a tocar. 

Antes que eu possa atender a ligação ou entender o que está acontecendo com o mundo, Rosé me vira na direção da imensa tela ao nosso lado e fico boquiaberta, piscando lentamente e sinto meu corpo começar a tremer. 

"URGENTE: FOI CONFIRMADO QUE O HELICÓPTERO EM QUE KIM JUNG HAEIN ESTAVA CAIU PRÓXIMO A NEW HAVEN E, INFELIZMENTE, NENHUM OCUPANTE SOBREVIVEU, SEGUNDO CONFIRMAÇÃO DAS AUTORIDADES LOCAIS."

Acidental - JensooOnde histórias criam vida. Descubra agora