Acidental - Jensoo

Longe demais

JENNIE

- Então, senhor Kim, você quer nos confessar o motivo de ter orquestrado a morte de seu genro, Jung Haein? - o promotor diz de forma direta enquanto está parado na frente do pai de Jisoo. Olho em volta, procurando por Jisoo que saiu para algum lugar e até agora não voltou. Será que eu deveria ir atrás dela? 

- Não vai adiantar eu tentar me defender porque vocês devem ter provas de que fui eu que mandei. - o homem mais velho suspira e reviro os olhos com impaciência - Ele sabia demais e não aceitou ficar calado. 

- Se importa de falar mais sobre?  - o promotor diz com ironia. 

- Haein era muito inteligente, ele percebia detalhes e erros facilmente, não demorou muito para ele começar a perceber os pequenos desvios e diferenças nas contas das empresas. - meu sogro suspira e passa a mão no rosto - Nós não percebemos que ele estava nos investigando até que ele nos confrontou na nossa própria casa. Minha filha estava na piscina e ele aproveitou que estávamos a sós para questionar. 

- E então? 

- Ele perguntou o que estava acontecendo e se sabíamos sobre aquilo, minha esposa tentou desviar o foco dele, mas Haein era teimoso quando colocava algo na cabeça. Ele passou semanas nos perturbando com isso até que minha esposa se cansou e resolveu contar algumas coisas a ele, fazendo uma proposta. 

- Que tipo de proposta? - todo o tribunal está tão silencioso que poderíamos ouvir uma agulha caindo. 

- Na verdade, foram duas propostas. - o pai de Jisoo pigarreia - A primeira era de que ele se mudaria com Jisoo para a Coreia do Sul, para cuidar dos negócios lá, só que ele recusou, então a segunda proposta foi a de separarmos parte das empresas. 

- Vocês tentaram comprar o silêncio dele? Como a filha de vocês não sabia sobre tudo isso? - o promotor altera o tom de voz. 

- Jisoo acredita muito na bondade de todos, ela é incapaz de acreditar que as pessoas fariam certas coisas por dinheiro ou poder - o patriarca de Jisoo diz calmamente, dando de ombros - E foi só quando Haein ameaçou de contar a ela que nos preocupamos, porque Jisoo é contra injustiças e sabíamos que no momento em que ela soubesse, ela faria algo a respeito. 

- Então ele não aceitou nenhuma das propostas? 

- Não, ele disse que deveríamos parar ou ele tomaria medidas para nos parar. O erro que custou a vida dele foi essa ameaça. 

- Seja mais claro, senhor Kim. 

- Quando ele saiu do escritório após dizer isso, poucos dias depois aconteceu o acidente. Eu estava vendo o jornal da manhã quando foi noticiado, minha esposa continuou tomando seu café calmamente e eu olhei para ela sem acreditar onde ela havia chegado. - o olhar dele parece distante enquanto ele narra a lembrança - Ela só me disse que já havíamos chegado muito longe para deixar qualquer pessoa atrapalhar os planos. 

- Quais planos? E o senhor simplesmente aceitou? - todos estão tão incrédulos que parece surreal toda essa história. 

- Eu gosto de estar vivo. - ele diz como se fosse óbvio - Ninguém conhece minha esposa como eu, eu sei do que ela é capaz, a prova disso é que ela mandou matar nosso genro por causa de uma ameaça fútil. 

- Fútil? 

- Não tinha como Haein provar nada, ele só tinha indícios. 

- Como você tem tanta certeza sobre isso? 

- Porque quem descobriu e trouxe tudo à tona foi Jisoo. - ele diz simplesmente - Eu sei que foi ela que estava nos investigando e que roubou toda a documentação que precisava. - meu coração para de bater por um segundo ao me dar conta disso. Isso significa que a mãe de Jisoo também sabe que foi ela, ou seja, Jisoo está em perigo. - A sorte dela é que minha esposa não sabe sobre isso, na cabeça dela, Jennie Kim é a culpada por nossa queda. Eu prefiro assim. - ele me encara ao terminar de falar e fecho as mãos com força. 

- Como o senhor tem tanta certeza sobre isso? 

- Porque Jisoo é muito mais do que um rostinho bonito. Ela é sagaz e inteligente, eu sempre soube do que ela poderia ser capaz. - ele sorri com orgulho ao falar sobre minha namorada e cerro os dentes com raiva - Parte de mim fica feliz por tudo ter acontecido, porque pelo menos eu vivo com menos medo do que eu sentia antigamente. 

- Medo, senhor Kim? O senhor e sua esposa são autores e cúmplices de diversos crimes, mas é o senhor que sente medo? 

- Eu sempre soube das preferências de Jisoo, mesmo que ela só descobrisse sobre isso há pouco tempo - o pai dela diz sem desviar o olhar do meu - Minha esposa é extremamente homofóbica, eu tinha pavor dela descobrir e fazer algo contra minha filha, já não basta tudo o que ela fez para prejudicar Joohyun. Eu perdi o contato com uma das minhas filhas porque minha esposa só se importa com dinheiro e poder, eu não poderia perder minha outra filha, principalmente se Haein contasse a Jisoo o que sabia. Parte de mim ficou feliz que ele tenha morrido, minhas filhas estão acima de tudo e de todos, eu fiz o que pude para protegê-las, mas não posso negar que sempre tive medo da minha esposa descobrir o que eu fazia e me punir, para não dizer outra coisa. - o falatório começa e sinto uma mão em meu ombro, me viro assustada e vejo Jisoo com um sorriso triste, os olhos vermelhos. 

- Você estava chorando? - digo baixinho e ela dá de ombros. 

- Vamos embora?

- O quanto você ouviu? - engulo em seco com medo de como tudo isso vai causar impacto em Jisoo. 

- Nada, eu estava com Soojoo. Eu não sei se quero saber. - ela desvia o olhar rapidamente, encarando o próprio pai, e eu me levanto, ficando na sua frente. 

- Chega de julgamentos, vamos embora, Chu. - pego a mão dela, entrelaçando nossos dedos e a puxo para fora do tribunal.