Acidental - Jensoo

Pare de pensar

JISOO

Eu. Não. Sei.

Eu. Não. Entendo.

E não sei se quero descobrir.

Primeiro eu digo, sem saber o motivo, que Jennie é minha namorada, para instantes depois, estarmos nos beijando. Eu nem consigo pensar em como aquilo aconteceu porque toda vez que tento repassar em minha mente, minha cabeça começa a doer.

Jennie realmente leva a sério quando precisa fazer um favor a alguém, só isso explica.

Mas ainda não sei explicar aquela situação no provador e, só de lembrar, sinto minhas bochechas arderem de vergonha e timidez. Eu nem sei porque estava encarando os lábios dela e porque, de repente, os achei tão bonitos, me fazendo lembrar do beijo e da sensação de formigamento que ela me fez sentir. Um formigamento bom, diferente e gostoso de sentir.

O olhar que Jennie me dá é como um raio x, como se ela fosse capaz de ver tudo em mim, até o que eu não quero que ela veja, e tudo isso me deixa muito nervosa. Eu me sinto exposta, completamente nua e não consigo encontrar uma explicação para isso.

Isso também me deixa confusa porque eu preciso entender o que está acontecendo.

Eu e Haein éramos íntimos, muito próximos e eu achava que aquilo era o máximo que duas pessoas podiam conseguir atingir. Assim como com Rosé, ela me entende e me lê tão facilmente, sempre foi assim.

Depois que chegamos em casa naquele dia, não nos falamos muito porque Jennie parecia irritada ou entediada, talvez aborrecida com a confusão que foi aquele dia, então achei melhor dar algum espaço a ela. Além de não saber se deveria falar com ela sobre tudo que aconteceu ou se só deveria deixar pra lá, afinal, não significou nada né?

Provavelmente, eu estou analisando e pensando demais, igual Chaengie sempre diz que tenho o hábito de fazer.

Já tem uma semana que Jennie e eu mal nos vemos, ela está atolada de atividades na faculdade e mal tem tempo para a pequena Lia.

Mas eu tenho sentido a falta dela com uma frequência acima do usual, talvez porque naqueles últimos dias, nós nos aproximamos demais e passamos muito tempo juntas. Deve ser só isso. Acabo soltando um suspiro e faço um beicinho de leve. Odeio sentir saudades, não importa de quem seja.

- Que suspiro foi esse? - ouço Irene dizer em um tom divertido e curioso.

- Só pensando. - dou de ombros e tento focar minha atenção nas compras para a ceia de Natal.

- Você estava tão alegre há algumas semanas atrás, aconteceu algo para te deixar desanimada assim? - ela entra na frente do carrinho que estou empurrando.

- Não exatamente, eu não sei explicar. - pego a caixa de cereal que está mais perto de mim e finjo ler qualquer coisa, na esperança de que Irene deixe o assunto de lado.

- Pabo, não tente me enganar, a caixa está de cabeça para baixo - ela ri baixinho e puxa a caixa das minhas mãos, me encarando daquele jeito que irmãos mais velhos tem e nos fazem falar tudo que estamos escondendo.

- Algumas coisas estão acontecendo e eu não entendo. - digo baixinho e ela franze as sobrancelhas. - Em relação a Jennie. - mordo meu lábio inferior.

- Eu acho que aqui não é o lugar para termos essa conversa. - o rosto dela de ilumina ao dizer isso e Irene sai me puxando para fora do mercado.

- Mas e as compras de natal? Temos tantas coisas para comprar. - digo sem fôlego. Irene está praticamente correndo em direção a um de seus cafés preferidos. Ela passa pelas portas e nem se da ao trabalho de responder aos oi's que recebe.