Você já teve que enfrentar o inferno? Bem, tive o desprazer de viver um.
Nasci em um mundo onde 80% da população humana nasce com uma habilidade chamada "Individualidade", que é basicamente poderes, mas os outros 20% nascem sem isso e, infelizmente, faço parte desses 20%. Lembro-me que, quando tinha apenas 4 anos de idade, meu maior sonho era ser uma heroína, assim como toda criança da atualidade, mas o mundo não foi gentil comigo. Aos 5 anos descobri que nunca teria poder nenhum e isso me fez parar de sonhar, minha mãe era uma ex-heroína e ela sempre quis que eu a substitui-se quando despertasse minha Individualidade, mas.. quando foi revelado que só seria uma pessoa normal, ela começou a me ignorar, até parou de me dar comida ou simplesmente disponibilizar o mínimo de cuidados, ela só tinha atenção para minha irmã mais nova; nunca conheci meu pai, então não fazia falta. Meus amigos me deixaram e sempre aparecia alguém diferente pra me bater quando estava indo para casa, se é que posso chamar aquele lugar assim.
Já tinha desistido há muito tempo.
Aos plenos 14 anos, fui deixada em um beco qualquer da cidade coberta de hematomas e cortes, literalmente à beira da morte, mas, honestamente, não ligava mais. Ninguém vai sentir minha falta mesmo. Enquanto pensava na vida insignificante que tive, vi dois ratos se aproximarem de mim, subindo nas minhas costas e logo depois comecei a sentir uma sensação estranha percorrendo todo meu corpo, principalmente os ferimentos, então os roedores caíram mortos no chão e tudo estava se curando num ritmo sobre-humano. Um minuto depois a dor passou completamente e senti as forças voltarem, sentei-me no chão com um olhar confuso.
O que aconteceu?
-- "Nós acontecemos." -- uma voz grossa ecoou na minha cabeça, assustando-me; duas gosmas saíram dos meus ombros assumindo formas semelhantes à duas cabeças.
Tinham cores diferentes: uma era vermelha, sua textura lembrava a carne; e a outra era preta, com uma textura mais lisa, veias brancas também eram visíveis. Ambos possuem olhos grandes e brancos, dentes afiados e enormes, isso fazia parecer que estavam com um sorriso eterno.
-- Q-quem são v-vocês? -- meu medo era óbvio.
-- Eu sou Venom. -- a gosma preta respondeu. -- O vermelho ali é o Carnificina.
-- O que vocês.. querem?
-- Nós queremos você. -- o tal do Carnificina respondeu, sua voz é muito mais grave que a do pretinho, deixando-o mais intimidante. -- Não precisa se preocupar, não vou te machucar, preciso do seu corpo inteiro pra permanecer vivo.
-- O-o-o q-que vocês são?
-- Nós somos Simbiontes, em outras palavras, somos alienígenas, viemos de outro planeta. Bem, pelo menos eu vim. -- Venom diz.
E foi assim que a minha "grande" jornada começou. Apesar das dores de cabeça constantes que sofro todos os dias, conhecer Venom e Carnificina foi a melhor coisa que já me aconteceu. Depois de entender melhor como os dois funcionavam, já tinha saído de casa há um tempo e vivia em um prédio abandonado da cidade, treinava todo dia para manter meu corpo em forma e, assim, manter os dois no seu máximo e permanecer sendo um hospedeiro adequado, mas nem tudo era um mar de rosas. Depois de muita discussão, consegui convence-los de machucar e devorar apenas pessoas que considerava "ruins", mas isso acabou fazendo a sociedade me ver como vilã, afinal, heróis não devoram ou matam pessoas, né? Bem, foi essa a desculpa que me deram. Carnificina é o mais difícil de lidar e o que tem mais sede de sangue, é o que mais assume o controle do meu corpo e mata as pessoas, mas, felizmente, me escuta na maior parte das vezes; Venom é mais fácil de lidar, ele não é bom, mas não é tão psicopata quanto o Carnificina. Os dois são o oposto um do outro, o que faz com que vivam discutindo e me estressando no processo. Os anos passaram e a sociedade começou a me chamar de a "Vigilante Scorpios", "Vigilante da Morte" ou simplesmente de "Demônio", dependia muito com quem falavam, pois sempre deixei os Simbiontes cuidarem do problema e "interações sociais". A fama não demorou muito pra crescer e a minha identidade começou a virar um dos assuntos mais discutidos do Japão, pois sempre utilizava um "traje" que o Venom fez para mim usar quando estou indo "brincar" de anti-herói.

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A Vigilante (Boku No Hero)
Fiksi PenggemarO que diferencia um herói de um vilão? Para Natsumi, a resposta para essa pergunta era tão superficial quanto a sociedade em que vivia, nada mais que uma bela mentira contada para fins manipuladores. A sociedade estava presa em um ciclo superficial...