Sleep Thru Ur Alarms - Lontalius (parte 2)

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-"Thoughts that go like bullets through you
The time you told me that you wished you were dead" (Lontalius -Sleep thru Ur Alarms)


Subi as escadas irritada, Lizzy e eu crescemos juntas, irmãs e melhores amigas. Sempre soube que nada de bom dura tanto tempo quanto uma estrela.

Não me incomodei de fechar a porta, Adora entraria no quarto logo então não tinha lá tanta importância. O barulho alto que tomou o quarto quando joguei o corpo sobre a cama me fez trincar os dentes. Porra não quebra as coisas não Catarina.

Assim que o susto passou esperei com os olhos fechados e os ouvidos atentos. Vivendo por tanto tempo sendo vigiada em casa e em hospitais aprendi a prestar atenção em barulhos próximos. Ri com o pensamento. Passei a adolescência fugindo de enfermeiras, parecia injusto essa ter sido uma de minhas principais fontes de diversão.

Correr de mulheres muito mais velhas do que eu que vestiam azul em um corredor frio e branco. Meu sensor de felicidade estava realmente quebrado.

Esperei.

Quanto tempo já havia se passado? Ela deve ter ido ao banheiro, concluí.

Minha mente então seguiu até o momento de minutos antes. Minha namorada não estava confortável e eu vou pedir desculpas por ter sido grossa com ela quando a ver subindo as escadas.

Por que está demorando tanto, loira?

Bufando por ainda estar com os sentimentos tão confusos quanto a constelação de canis major, levantei da cama.

-Vamos Adora, suba logo. - gritei na beira da escada ainda esfregando os olhos para as lágrimas irritadas que começavam a ameaçar derramar.

Quando não obtive resposta decidi abrir os olhos. Ela não estava na sala? Com uma expressão confusa em meu rosto chequei mais uma vez meus visores, esfregando os olhos para ver se a achava em algum cantinho ali.

Nada.

E então um soluço longo e abafado chegou até mim. Ainda confusa deixei o coração acelerar enquanto descia correndo até o primeiro andar.

Adora não estava em lugar nenhum que meus olhos alcançassem. Parei meus movimentos para ouvir.

Um choro baixinho vinha de dentro do banheiro.

-Mas o que... - me perguntei segundos antes de meus olhos pararem sobre a bancada da cozinha. Uma tampinha branca com a logo de uma marca de limpeza estava lá. - onde está a embalagem? - meu cenho franzido se ergueu em um momento de percepção.

Merda

Não não não.

Apressei o passo até o banheiro e tentei abrir a porta. Trancada. Suspirei.

Minha mão foi em forma de punho até a madeira com pressa. Meu coração estava a mil e minhas pernas tremiam.

- Adora abre essa merda.- as batidas continuavam - Adora por favor.

Sem resposta. Não parei, sentindo então as lágrimas cairem pelos meus olhos.

Sem nenhuma escolha pedi para a lua que ela não estivesse grudada na porta, isso iria doer se estivesse. Bati o meu pé direito contra a porta com toda a força, conseguindo quebrar e derrubar parte do móvel. O barulho alto não me incomodou tanto quanto deveria, não naquela situação , onde quase esqueci que estava na casa da minha irmã.

Com alguma dificuldade meus olhos focaram diretamente na loira. Sentada encolhida em um canto gelado de azulejo.

Pela primeira vez na vida tive medo da morte.

Hostage - CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora